1.4.08

Estrada abaixo, estrada acima...

Escrevo porque sim. Porque gosto e porque encontrei na escrita uma terapia para o infindável dia-a-dia contínuo em que por vezes, como muitos outros milhares, sou consumido pelos horários, pelas regras, pela competitividade e porque, acima de tudo, quando escrevo me liberto das decisões. Um dia hei-de arranjar um decisómetro, uma espécie de decision counter, mas uma coisa sofisticada que permita aferir não só em quantidade, como também sobre a qualidade das decisões tomadas. Mas já estou a divagar... escrevo porque me apetece e tenho notado que, ultimamente, a inspiração – palavra pomposa no meu caso, já que devia ser aplicada apenas a partir do grau aprendiz para cima, grau a que, manifestamente não pertenço – tenho notado, dizia, que a vontade de escrever tem chegado amíude através da visualização de uma foto e das sensações e pensamentos que ela provoca. (Será que isso tem a ver com facto de ser publicitário?) Como foi este caso, ao olhar para esta depois de uma divertida conversa filosófica com a mais nova sobre a vida. Estrada acima, estrada abaixo, como a vida é, com altos e baixos, traços contínuos, avisadores aos mais incautos que o quebrar de uma regra poderá ter consequências trágicas, caminhos feitos de estradas com linhas a tracejado, indicadoras de que os mais inconformados poderão seguir o seu caminho a outra velocidade mas em que a impaciência poderá ser penalizada, estradas abertas em que a vista nos transmite segurança, lombas em que o perigo espreita do lado de lá. Ela, a mais nova, achou piada ao paralelismo e perguntou-me se ao mano, que está a tirar a carta de condução, lhe ensinavam as coisas assim. Não sei filha, já tirei a carta há muito tempo, mas a vida é assim, como esta estrada. Ela riu-se e seguiu rumo ao seu mp3, que tinha uma música para ouvir, ela que tem uma vida inteira para viver.

5 comentários:

cristina ribeiro disse...

Ao ler este seu texto, Mike, lembrei-me de uma amiga que tive no liceu, cujo pai lhe disse uma vez que, naquela altura ela era como um livro fininho, com poucas páginas ainda,mas que se iria avolumando com o decorrer do tempo; decerto que algumas dessa páginas foram escritas assim: umas com altos outras com baixos. Hoje, que a perdi de vista, só espero que os altos a tenham feito esquecer os baixos, que uma mão lave a outra...

CPrice disse...

..era bom que na vida houvesse tanta sinalização como nas estradas que percorremos Mr. Mike .. assim não haveria desculpas.

:)

José, o Alfredo disse...

O diabo é quando um homem dá por si numa estrada que manifestamente não leva a lado nenhum, sem fazer ideia onde é a próxima saída, sempre a olhar para o ponteiro da gasolina... Faz falta um gps!

Anónimo disse...

Once, por vezes os sinais estão lá mas não estão bem visíveis... e ainda bem, senão a vida seria um tédio ;)...

Anónimo disse...

josé, quando é assim como dizes, realmente é o diabo... vou ver se trato de um gps... ;)

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