29.1.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Olhares

27.1.10

Como?

Final de dia, já muito tarde no escritório, numa noite em que se adivinhava um serão prolongado e num momento de descontracção, a conversa entre alguns jovens versava o casamento, quando me aproximei. Questionado sobre o tema, respondi, mantendo um ar sério, que todas as mulheres têm direito a um anel de noivado, um pedido romântico, mas formal, de casamento, a uma cerimónia, seja ela qual for, e a uma lua de mel inesquecível. Uma das jovens, após um silêncio que, reconheço, me pareceu prolongado, fez um comentário entre dentes quase ininteligível, e digo quase porque percebi ser discordante. Mantendo a compostura retorqui que era fraco o fundamento do comentário que julguei ter percebido. Após uma breve pausa, recebi a seguinte resposta, inesperada, irónica e contundente, num tom entediado acompanhado de um gesto que procurava dar por encerrada a questão: casamento é para gays! Gargalhada geral e lá se foi o meu ar sério.

26.1.10

Com ou sem filtro?

Já há poucos que prefiram sem filtro. Eu não sou um deles, quando se trata de cigarros. Mas quando o tema é escrita, prefiro sem filtro, nem nada. Apesar da modernice, sim Margarida é uma crítica, dizia eu, apesar da modernice dos comentários via e-mail. Raramente conseguimos definir as coisas, mesmo que seja um blogue, em poucas palavras. Eu defino este, entre os muitos que gosto, de muito boa escrita, em duas palavras-chave: personalidade e ímpeto. Sinto mais afinidade com este do que com o anterior, à excepção dos malfadados comentários via e-mail, e pergunto-me, à medida que vou lendo os textos que nos trespassam como projécteis, se quem os escreve pensou alguma vez em escrever para cinema. Independentemente do tema, a personalidade de quem os aborda e os materializa em textos está patente, com um cunho muito pessoal onde a impetuosidade transborda, envolta em criatividade e com uma inspiração contagiante. Definitivamente, prefiro sem filtro, nem nada.

Abaixo-assinado.

Senhores da operadora, queria antecipadamente e formalmente avisar-vos que irei proceder à recolha de um abaixo-assinado com o objectivo de protestar veementemente contra as dificuldades de acesso à Internet por parte da administração do Nocturno. Queria deixar claro que me sinto lesado e tratarei de ir até às últimas consequências caso as dificuldades não forem prontamente sanadas. Querem lá ver isto? É que o caldo se entorna e se assim for, cuidem que não seja obrigado a mostrar-vos, também, os caninos. Entretanto prosseguirei, de imediato com o abaixo-assinado.

Nas nuvens, ou no inferno?

Já muito se escreveu e li sobre o “Nas Nuvens” que estreou há pouco tempo. Não fiquei nas nuvens com o filme apesar de ter gostado e de ter sido surpreendido, positivamente, com um conteúdo inesperado. Não é um filme pesado, longe disso, mas para mim foi desde o início, o que abona em favor de quem o criou e escreveu e, principalmente, de quem o interpreta. Pesado porque fui, sem apelo, confrontado com um papel de que fui já intérprete, mas na vida real. Dei sempre a cara, nunca deleguei em ninguém esse momento de encarar alguém a quem damos a notícia e a quem devemos ajudar a procurar o melhor delas para superar a situação. Talvez os americanos tenham razão, entre a aparente crueldade de contratar alguém para o fazer. É muito duro quando o fazemos com alguém com quem convivemos durante anos, a quem ouvimos falar dos filhos, do marido ou da mulher. Não me perguntem se tenho a consciência tranquila, que essa pergunta não tem resposta fácil. Ficava-me bem dizer que sim, que tenho, e encontrar inúmeras razões que apaziguem a minha consciência. Mas poderemos algum dia e verdadeiramente, ter a consciência totalmente tranquila? Quando fazemos o que tem que ser feito, vergados pelos números, conforta-nos a ideia de dispensar duas ou três pessoas para salvar trinta postos de trabalho. Será? Será que fizemos tudo? Voltei a ler o que escrevi e desagradou-me reler “dispensar pessoas” e “postos de trabalho”. Muitos dos que me lerão não terão a real noção do que falo. Quero acrescentar, felizmente e espero que assim seja. Se voltarei a fazê-lo? Não tenho dúvidas que sim. Como não tenho dúvidas que continuarei a ver em cada pessoa que comigo lida, uma família e não um funcionário. Torna as coisas mais difíceis? Também não tenho dúvidas que sim. E continuarei a dar a cara? Dificilmente não o farei, sendo minha a decisão final. Mas continuo com uma dúvida: será que o sistema que me chocou no “Nas Nuvens” não estará certo? Quem toma a decisão não vive aquele momento, não se confronta com o desespero da pessoa que tem à sua frente. Continua sempre nas nuvens enquanto outros têm, por vezes, mesmo que sejam poucas serão sempre muitas, de descer ao inferno. Alguém que, porventura me lerá, dirá que este assunto dava pano para mangas. E dava, mas eu fico-me por aqui e por esta versão crítica e visão muito pessoal de um filme de que gostei.

25.1.10

21.1.10

Manias.

Manias? Mas eu não tenho manias, Bacouca. E logo cinco? Vamos, lá, concentra-te Mike. São só cinco, não há-de ser difícil. Uma mania: tomo banho de água fria todos os dias. Posso começar com ela morna, mas ver-me livre do gel e do shampoo tem que ser com água fria, mesmo fria, senão o banho não me sabe a banho. Como lavar os dentes e a cara. Tenho a mania de fumar em jejum. Levanto-me e enquanto me ponho a levantar os estores de todas as janelas da casa, outra mania, acendo um cigarro e vou fumá-lo para a janela da cozinha. E tenho a mania de me descalçar, que é das primeiras coisas que faço quando chego a casa. Em quantas manias já vou? hum... quatro. Falta uma. Ah, já sei, tenho a mania de deixar a roupa que vou vestir no dia seguinte, pronta de véspera. Até os botões de punho ponho nas camisas. E claro que tenho mais uma mão cheia de manias, mas não sou maniento.

18.1.10

Porque hoje é segunda-feira, os meus filmes.

Era uma vez na América.

16.1.10

O que é nacional é bom. (XXIV)

De José Maria Eça de Queiroz apenas direi que é o meu escritor português preferido e que, apesar de já não ser vivo, é nacional e é muito, mas mesmo muito bom.

15.1.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Outros Olhares

13.1.10

Água mole em pedra dura...

O Haiti tem das populações mais analfabetas e mais pobres do mundo. E têm sido abandonados, durante décadas, ao jugo de ditadores ferozes e sanguinários. Eles são dos mais necessitados e dos que mais precisavam da providencial mão da Providência Divina. Onde estaria Ele, pergunto-me? É nestes momentos que a minha fé, já intermitente, sofre abalos profundos e desce a índices proibitivos. Bem sei... se fosse sólida como uma pedra e não intermitente, não estaria tão permeável a abalos em alturas como esta. Mas sabem? é que água mole em pedra dura...

12.1.10

Há algo de errado aqui...




Ela tem vinte e cinco anos. Eu trabalho há mais de trinta. Ela está a fazer o mestrado em comunicação nas antípodas. Eu continuo a trabalhar como um mouro na terrinha. Ela tem coragem, estuda e trabalha a servir às mesas. A mim talvez tivesse faltado a coragem em alguns momentos, mas também já fiz de tudo um pouco. Ela telefonou-me hoje e disse-me que a casa nova dela tinha piscina. Eu perguntei-lhe se estava a chover muito por lá e se tinha tido uma inundação. Ela respondeu-me que não, que tinha mesmo uma piscina. Eu retorqui, perguntando-lhe se estava metida em algum negócio ilícito e obscuro. Ela riu-se muito e garantiu-me que não. Não desisti e, desconfiado, perguntei-lhe se se tinha mudado com as amigas para um condomínio com piscina. Ela voltou a rir-se e respondeu-me que viviam numa casa. E acrescentou que era a 10 minutos a pé da praia e o do trabalho e a 15 minutos da universidade. Perante o meu silêncio incrédulo, acrescentou que estavam a pagar menos de 100 euros por semana de renda. Pareceu-me feliz mas, ainda assim, perguntei-lhe se estava. Disse-me que sim, que estava com saudades, mas estava feliz. Conversámos, rimo-nos e despedimo-nos. Fiquei a pensar que só podia haver algo de errado aqui. Aqui, onde vivemos, neste belo e pitoresco país, repleto de história, beleza natural, genuinidade, de gentes amáveis e de clima temperado. Temperado? Voltou a ideia dos frangos que, se não for bem sucedida, posso sempre agarrar-me ao volante de um carro de praça. Continuo a achar que há algo de errado aqui. Vocês não acham?

11.1.10

O início da presidentA, o nosso final # 2.

Vai daí, antes de vos dizer o que resolveram, deixem-me que vos diga que esta história está muito mal contada. Tem um conteúdo delicioso e está escrita com a habitual mestria da presidentA, mas cá me parece que este inesperado rigor com a dieta alimentar está a servir de camuflagem a algo que só mais tarde poderá ser revelado. Adiante, que não tenho nada a ver com isso e ainda sou acusado de levantar suspeitas ditas infundadas. Reza o final do início que sem o inestimável préstimo de amigos, jamais os dois amantes se voltariam a refeiçar. Vai daí, resolveram ser mais cuidadosos e não inquietarem as famílias Sericchaio e Bifeleto, e esperarem por uma oportunidade especial para se refeiçarem. É verdade que contaram com o inestimável préstimo de Patate Fritti, um amigo de ambos que, por ser tão redondo e caseiro, lhe chamavam “Frei Patate”, e do inebriante e bem disposto Vino Rosso que aconselhou o jovem Bifeleto a fazer regime e exercício físico, para se ver livre de adiposidades indesejáveis, abrindo-lhe, com esse propósito, as portas do ginásio À La Planche. Patate Fritti, durante um passeio campestre com a bela Sericchaia, sugeriu-lhe dar menos ouvidos às ameixas doces que a rodeavam, afiançando-lhe que deveria estar mais atenta e dar-se mais com as ameixas de gosto mais misterioso e atrevido. E como sofreram os dois amantes com a separação e a ansiosa espera do reencontro. Bifeleto deixou parte da gordura na grelha e Sericchaia não conseguiu evitar o rubor nas faces e o sangue em ebulição ao ouvir as conversas das ameixas mais atrevidas, conversas que o pudor me impede de transcrever. Passado algum tempo, Bifeleto, esbelto e irresistível, chega à pitoresca e romântica vila Ares Della Mia Grazia montado no seu imponente Uovo, o garanhão que o patriarca dos Bifeletos lhe tinha oferecido. Por aqui poderão ver que a história não está muito bem contada. É que nenhum de nós consegue imaginar, como diz a presidentA, o Uovo a cavalo do garboso Bifeleto. Seguindo, senão perco-me. Os Amici, que anteriormente o tinham rejeitado, deram, entretanto, permissão que os jovens passeassem de mãos dadas, à vista de todos pela Tavolo, praça principal da romântica vila, e que jantassem juntos e a sós essa noite, em que Bifeleto iria pedir a mão de Sericchaia. E foi nessa mesma noite que, entre olhares trocados, sorrisos cúmplices, segredos íntimos e pensamentos libidinosos, Bifeleto e a bela Sericchaia, sucumbindo ao desejo e à paixão, se refeiçaram.

Porque hoje é segunda-feira, os meus filmes.

Robert e Francesca tinham chegado a um ponto das suas vidas em que as expectativas faziam parte do passado. Contudo... contudo a vida, como quase sempre, tem contornos inesperados. Para Robert e Francesca foi tarde, apesar de glorioso. Mas para nós As Pontes de Madison County é um filme extraordinário, que chega sempre a tempo de ser visto ou revisitado.

8.1.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Outros Olhares

7.1.10

Quando as peças encaixam...

... as pessoas são felizes. As peças encaixam porque as pessoas são felizes ou são felizes porque as peças encaixam? Sei lá. O que importa, ou deveria importar, é que as pessoas sejam felizes, encaixem as peças ou não.

Imprescindíveis?

Queremos muitas vezes acreditar que somos, mas nas nossas vidas são poucas as situações, mesmo considerando as mais dramáticas, em que realmente o somos. Profissionalmente desejamos acreditar porque nos transmite segurança, mas nós vamos, como os anéis, e as empresas ou instituições ficam, como os dedos. Nos casamentos, ou nas relações, há momentos em que achamos que sim, mas elas acabam e a vida continua, mostrando-nos que não éramos ou nunca o fomos. Até nas amizades assim acontece. Quando racionalizamos, quando a lucidez não nos é tolhida pela emoção, temos a perfeita noção que quase nunca somos imprescindíveis. Vivido quase meio século, não tenho mais essa ilusão. Como não tenho a ilusão dos poucos (únicos?) momentos em que me sinto imprescindível. Um deles é na tarefa que a vida me agraciou, no papel de pai. O outro, mais recente e que tenho vindo a descobrir com o tempo, é também uma dádiva da vida. O papel de filho. Se a tarefa de ser pai a vivo há vinte cinco anos, a de filho sinto que só comecei a vivê-la há cerca de quatro. Descoberta recente, como disse, despertada pelo que a minha mãe me contou, relembrando as palavras sábias da minha avó preta, quando já no final da sua vida lhe dizia minha filha, minha mãe. Imprescindíveis? só somos como pais ou mães e como filhos ou filhas.

4.1.10

Porquer hoje é segunda-feira, os meus filmes.

Um filme que afectou o próprio Steven Spielberg, que colocou na tela a história de Oskar Schindler, um checo que salvou a vida de mais de um milhar de judeus. A prática cruel que os nazis consideraram como “a solução final” aconteceu apenas há pouco mais de sessenta anos atrás. A Lista de Schindler para mim é um filme eterno. Por tudo.

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