22.2.10

Como vi o jogo desta noite.

Contra um meio campo com a lição bem estudada e uma defesa de betão bem articulada, mandam as regras que não se bata de frente. Ou no fim restará o amargo de boca de se ter sido ineficaz e de se ter prestado um bom serviço ao adversário. Em vez de colocar a bola nos pés ou na cabeça dos avançados colocados de costas para a baliza e desprotegidos, em que a única solução é devolvê-la para trás, espera-se que o ataque seja subtil e pelos flancos e não através do jogo directo, em que os lances esbarram, invariavelmente, na linha defensiva do meio campo ou na tal defesa de betão e bem preparada, expondo a equipa a contra-ataques bem gizados e perigosos. Perante um adversário que, justiça seja feita, se farta de trabalhar todos os sectores do campo e faz gala de estudar os detalhes da táctica, há que usar outro tipo de artimanhas. Outros jogadores, extremos mais astutos que tenham o condão e a capacidade de baralhar uma defesa sólida e quase intransponível. Estou a pensar em extremos como o matreiro Buraco, de apelido Fechadura e o já entradote mas ainda respeitável Watergate. Mesmo a jogar em casa e contra um adversário aparentemente fragilizado, se não se estuda bem a lição e não se tem uma postura adequada, qualquer equipa se arrisca a perder. Controvérsias aparte, creio que o vencedor do jogo desta noite foi o clube anfitrião (Sociedade Independente de Comunicação), adivinhando-se casa cheia* enquanto o jogo teve lugar, apesar da sua equipa ter saído derrotada, vergando-se à equipa visitante. Mas não foi um jogo por aí além e, a espaços, dei por mim distraído à volta dos jornais do fim-de-semana que não tive tempo de ler por causa da terapia. Mas esse é outro assunto, sobre o qual me debruçarei mais tarde.

* Há que confirmar as audiências durante esse período.

Porque hoje é segunda-feira, os meus filmes.

Sou fã de Charles Chaplin e Tempos Modernos é, provavelmente, o meu filme favorito do cineasta britânico. Data de 1936 e é uma contundente, mas deliciosa, crítica ao mundo moderno e industrializado que foi, aos poucos, escravizando a sociedade. Ainda hoje basta-me ver um pequeno trecho do filme para me rir. A mensagem social de Chaplin, essa continua lá, usando o cinema de forma magistral e com a mestria que lhe é reconhecida.

19.2.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Olhares

16.2.10

O exemplo, os "heróis" e a ética.

Instalada que está a controvérsia em redor do caso Face Oculta, cujos contornos tomam, cada vez mais, um carácter diferente do da Face, tenho lido e ouvido o que considero alguns disparates tão sérios e graves como o ambiente e contexto político que nos rodeia. Sou um acérrimo defensor de onde deve vir o exemplo. E é, ao vir de cima que se constroem, também, lideranças sólidas e credíveis. Não têm vindo daí, é certo. E é grave. Mas de forma alguma subscrevo e aceito esse facto como fundamentação de opiniões que têm sido emitidas, no sentido de desculpabilizar erros e, principalmente, transgressões e desvios de atitude e comportamento que vamos constatando. Somos nós, cidadãos, o pilar da sociedade, e não os poderes legislativo, judicial e executivo. Nós não nos devemos desresponsabilizar e vivermos à margem da missão que temos para cumprir. Indo directo ao assunto, não creio que seria admissível esperar-se que, porque o exemplo não nos está a chegar de onde devia, os polícias deixassem de prender os ladrões, que os médicos deixassem de tratar as pessoas ou que os apanhadores do lixo deixassem de o apanhar. Ou que nós deixássemos de cumprir, por exemplo, a nossa missão como pais sob os valores sólidos que a tarefa implica. Os países sobrevivem a maus governantes, mas as sociedades dificilmente sobrevivem a maus cidadãos. Nestes tempos que vivemos e ouvindo o que tenho ouvido, não pude deixar de me lembrar do que li, há alguns anos, na Folha de São Paulo, quando um escritor apelidava de heróis os cidadãos anónimos brasileiros. Aqueles homens e mulheres que se levantavam todos os dias de madrugada para exercerem as suas funções e tarefas honestamente e com ética, fossem elas a condução de um autocarro ou o atendimento num posto de saúde. E faziam-no vivendo paredes-meias com traficantes, agiotas ou malfeitores “bem sucedidos na vida”. Não nos desculpemos, portanto, com os exemplos que deviam chegar de cima e não chegam, para não cumprirmos, com ética e responsabilidade, as inúmeras e importantes missões que nos estão destinadas.

15.2.10

Porque hoje é segunda-feira, os meus filmes.

Clube dos Poetas Mortos

12.2.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Olhares

10.2.10

O que é nacional é bom. (XXV)

Descendente dos velhos perdigueiros peninsulares, existe seguramente em Portugal pelo menos desde o século XIV, tendo sido, de início, criado nos canis reais e da nobreza e utilizado na caça de altanaria. É um óptimo cão de parar, muito afectivo e inteligente que busca a caça de forma metódica, alegre e apaixonada, em galope moderado ou trote ligeiro, adaptando-se com facilidade a todo o tipo de terreno e clima. Cobra muito bem, com habilidade e persistência, em terra ou na água, entregando a peça com prazer e sem a danificar. Dotado de grande resistência, o Perdigueiro Português é um cão submisso, meigo, leal e com espírito sofredor, e mantém uma constante ligação ao caçador. É nacional e é muito bom.

Fonte: O Portal do Caçador.

7.2.10

Pelo sim, pelo não...

Disse-lhe ele, num desabafo em tom de ameaça: "vou telefonar ao teu irmão, que te conhece bem e há-de dizer-me como lidar contigo, que és rabugenta". Respondeu-lhe ela: "ele há-de dizer-te larga-a". Ele não telefonou.

Alguém me explica?

Nas terapias não é suposto instalarmo-nos confortavelmente? Então por que raio alguém se lembra em transformá-las em longas, agradáveis, mas esgotantes caminhadas?

Foi cometido um delito. Mas de opinião.

Este texto, que considerei envolvente, arrebatador e extraordinariamente bem escrito pela Leonor Barros, aguçou o meu apetite e vontade de ver Invictus, estreado há poucos dias. A minha opinião sobre Nelson Mandela registei-a há cerca de três anos, quando escrevi “… principiei a leitura de Longo Caminho para a Liberdade, a autobiografia da personalidade pública que mais admiro e quase venero. Nesse Longo Caminho, um elevado e sublime exemplo de vida sobrepõe-se à exemplar referência política, retratada num texto admirável com um perfume poético, onde um homem simples coloca a si próprio uma missão por muitos considerada impossível, mas que tornou possível o milagre da reconciliação de uma nação: libertar ao mesmo tempo o oprimido e o opressor”. Do râguebi sou um incondicional apaixonado e ex-praticante, e revejo-me na célebre frase que o retrata como um jogo de arruaceiros praticado por cavalheiros, contrariamente ao futebol, um jogo de cavalheiros praticado por arruaceiros. Reviver uma parte, por mais pequena que fosse, da vida desse grande homem que foi, e é, Nelson Mandela, e reviver o mítico Campeonato do Mundo de Râguebi de 1995, numa história levada para a tela pelo Clint Eastwood, produtor e realizador de Invictus, o cineasta de filmes marcantes como Mystic River, Million Dollar Baby, Letters From Ivo Jima, Changeling e Gran Torino, já seriam motivos suficientes para me levar a ver Invictus. O texto da Leonor perfumou o caminho que me levou até ao cinema. Para, em meu entender, ver um dos piores filmes do realizador que tanto admiro. As expectativas, quiçá demasiado elevadas, não explicam o desapontamento. Salvaram-se as interpretações, sem grande louvor, de Morgan Freeman e Matt Damon, num filme surpreendentemente fraco e pobre, com Clint Eastwood a milhas, muitas milhas do que nos habituou recentemente, no seu melhor papel que é atrás da câmara. Retenho na memória, pelas piores razões, a cena da visita dos jogadores da Selecção Sul-Africana à cela de Mandela. Um momento em que o realizador desperdiçou mais uma oportunidade, entre tantas, de nos transmitir a grandiosidade do momento, quedando-se pelo banal. Inexplicável. Foi inevitável ter-me lembrado do texto perfumado da Leonor. E sorri perante o impulso de me conceder a liberdade de executar uma dupla condenação, ao texto e à autora. Afinal foi cometido apenas um delito de opinião. E delitos como o da Leonor têm mais desculpa e são mais gratificantes que a realização de Clint Eastwood em Invictus.

Nota:
A primeira vez que li o texto da Leonor Barros foi no Delito de Opinião (daí a referência ao título) mas não consegui fazer o link para o blogue correspondente, apenas conseguindo fazê-lo para A Curva na Estrada. Concerteza por manifesta inaptidão da minha parte.

5.2.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Olhares

1.2.10

Porque hoje é segunda-feira, os meus filmes.



Pulp Fiction

(Hoje deixo duas cenas apesar de, para mim, a cena do breakfast ser uma das que melhor define Pulp Fiction. Em respeito de quem tem manifestado relutância à violência, o lado mais light e fun do filme, na memorável e inesquecível dance scene).

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