30.3.10

Fifties.

Tive quase todas as pessoas que queria que estivessem comigo. Digo quase porque faltou a mais velha, que às oito da manhã se preparava para ir apanhar ondas no mar da longínqua Austrália. Tive direito a uma muamba autêntica, com pirão e tudo. O mais velho esmerou-se na cozinha e um esplêndido arroz picante foi servido ao jantar. A "pensão estrelinha" tem novos hóspedes esta noite. Aos filhos juntaram-se a sobrinha, uma amiga da mais nova e a minha mãe. Dormem todos cá em casa hoje. A ti, que és especial e única, tudo agradeço. O momento especial e a muamba também. Amanhã será um dia como outro qualquer, apenas o primeiro depois dos cinquenta.

28.3.10

Sobre o Dia do Pai.

O Dia do Pai já passou. Não sou muito ligado a dias destes, impostos. E hesitei em escrever e tornar público este texto. O que me levou a fazê-lo, confesso, foi o facto de ter sido surpreendido, eu que até nem gosto de surpresas, pela manifestação da minha mais nova de onze anos. Uma menina independente, de nariz demasiado empinado para meu gosto, de resposta também demasiado solta e pronta e que me prova, diariamente, que a minha paciência já não é a mesma. Enviou-me este e-mail (os tempos modernos não perdoam) quase sem erros, o que já não é nada mau. Após autorização prévia dela, passo a partilhar convosco.

Pai, um obrigada não chega. Alimentaste-me, ensinaste-me, educaste-me, e nos muitos momentos em que eu estava em baixo e prestes a chorar, tu estiveste e sempre estáras lá presente para me apoiar e para me fazer sorrir. Ninguém é como tu . A paciência que tens para mim e para os meus dramas, é mesmo GIGANTE. Não sei como não te cansas de mim. Acho que não conseguiria encontrar um melhor pai que tu. Ya, és bué chato e por vezes, um bocadinho cansativo, mas acho que mais nenhum pai conseguiria fazer o que fazes, ter a paciência que tu tens. Os nossos risos e loucuras, vão ficar para sempre comigo, até ao fim dos meus dias :)
Por vezes , quando vens com a cena dos beijinhos e do " gosto muito de ti" eu digo para me deixares e isso, mas é mesmo porque estás a ser chato. Porque apesar de dizer isso, não quero que vás embora. Se isso acontecesse, sinceramente, não aguentaria. Não passei o Dia do Pai contigo, mas sei que estás a sorrir agora. :-p
Beijinhos, :-)


Achei curiosa a utilização dos verbos alimentar, ensinar e educar no passado. Deve-se achar já muito crescida, é o que é. E respondi-lhe que a minha paciência não era gigante, antes infinita, safa! E que se ela não sabe como não me canso dela, é porque não está atenta.

O mais novo fez um um cartão na escola, que me entregou com um abraço. Reza assim o texto: Para o meu pai fiz esta prenda, que lhe mostra a minha mão, bom amigo e companheiro é dele o meu coração. Eu gosto do pai porque ele brinca comigo e às vezes faz-me as vontades. Vezes demais, acho eu, que há dias em que me sinto mais avô que pai.

27.3.10

Lido mal com crianças mimadas. Imaginem como me sinto com adultos mimados.

Verão Quente e, se bem me recordo quente, de 75. Depois de pouco mais de um par de meses acampados em casa da minha avó materna, rumámos à Nazaré para uma casa emprestada por primos da minha mãe. A Metrópole decepcionou-nos e eu acho que, verdadeiramente, nunca me cheguei a recompor, entregando-me a umas pazes demoradas e ainda não concluídas, com ela. Nem sei porque comecei por aqui, porque o que me fez voltar a escrever fomos nós, portugueses. Deve ser de estar cansado da crise e, pior ainda, dos portugueses de uma forma geral. Já sei porque comecei por 1975! Hoje lembrei-me duma carta de resposta da minha mãe a uma das primeiras do meu pai que entretanto tinha voltado para Angola, onde se manteve até 1986. Falava ele da tristeza e da pobreza em que tínhamos encontrado os portugueses da Metrópole e de uma melhor vida que precisavam e mereciam. Respondeu-lhe a minha mãe, polidamente, e sabendo-o defensor desse Portugal que encontrámos, que o que os portugueses precisavam não era de dinheiro, era de educação e cultura. E que a pobreza que mais a perturbava era a de espírito. Passados quase trinta e cinco anos, continuo a achar que somos um povo que de tanto ter sido protegido nas últimas décadas, se tornou num adulto mimado. Pior: um adulto que se habituou a que pensassem e agissem por ele. Incapaz de lidar com regras e disciplina, sem rigor, civismo e perigosamente irresponsável. Um adulto preguiçoso, que embirra à mínima contrariedade, com tudo e por tudo e por nada, mas que fica tolhido, sem reacção e sem capacidade de decisão face às questões que tem e deve dar resposta. Esperando sempre que “alguém” decida e resolva por ele. Há que arranjar uma solução para isto, as coisas têm que se resolver são das frazes preferidas desse adulto. Há que, tem que se, devia-se. Talvez por isso ninguém queira ser amigo dele ou poucos o respeitem. Ele próprio tem sérias dificuldades em respeitar-se. O meu conhecido optimismo nunca desceu a níveis tão baixos no que diz respeito à saída da crise em que vivemos. Porque esse adulto somos nós. E nós, está visto, somos o nosso pior inimigo. Lido mal com crianças mimadas. Agora sabem como me sinto com adultos mimados. Generalizei, eu sei, que é uma coisa que não gosto de fazer.

19.3.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Olhares (Nuno de Sousa)

Père-poule?

Nada bem o rapaz. O controlo e equilíbrio da respiração? Isso faz parte do passado e um passado longínquo. Nada cada vez melhor e as braçadas do estilo costas já são dadas com desenvoltura. Como o salto do bloco. Mais importante que tudo isso: sente-se que o faz com gosto, prazer, alegria. Desconcentra-se momentâneamente porque o pai está presente, mas isso não o impede de se aplicar com afinco, não escondendo o orgulho pela presença do pai. Do único pai presente. O mimo veio a seguir quando pediu que o pai o acompanhasse ao balneário e o vestisse. Porque falo de um filho quando hoje é o Dia do Pai? Porque o reservei (o dia foi apenas uma coincidência) para o ver nadar, como lhe tinha prometido há algumas semanas. O mar está bom, o corpo pede uma sova, os pés têm saudades da areia fria e húmida da praia deserta, já faz tempo que a prancha não vai à água e o Dia do Pai é reservado ao filho. Deve ter a ver com a idade. Ou melhor, tenho a certeza que tem a ver com a idade. Ainda bem que só há mães-galinhas, não fosse alguém confundir-se e criar a designação père-poule.

16.3.10

Passagem de nível para sono interrompido.










Pára. De dormir. Escuta. Escuta o que parece ser uma locomotiva a vapor que se aproxima com um andamento cadenciado. Olha. Olha melhor, apesar de estremunhado, e não vê locomotiva alguma. Mas continua a escutar. Não é uma locomotiva. Um beijo e um afago substituem um apeadeiro. A locomotiva pára. Deixou de a escutar.

15.3.10

Porque hoje é segunda-feira...

... abro uma excepção aos meus filmes favoritos e dedico este filme a uma pessoa que muito estimo e admiro, e que manifestou a sua preferência por filmes de guerra mas com submarinos. K-19 The Widowmaker é um bom filme, foi realizado pela a actual detentora do Óscar de Melhor Realizador (Kathrin Bigelow) e do elenco constam actores com reputação como são o caso de Harrison Ford e Liam Neeson. A bem da convergência cinéfila.

12.3.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Olhares

10.3.10

Evidências e conclusões.

É evidente e facilmente constatável, que a minha ligação à blogosfera e vontade de desconversar já conheceu melhores dias e tem diminuído semana após semana, já há algum tempo. Aos textos de segunda-feira seguem-se os de sexta. Textos? só se forem os títulos. O trabalho, os compromissos familiares e o tempo que reservo para mim não explicam tudo. Mas entendo que as evidências devem ser monitorizadas para evitar que se tirem conclusões precipitadas. Por isso, e para que conste, não tenho a mínima intenção de ir comprar cigarros ou pôr-me, desalmadamente e por tempo indeterminado, a comer Kit Kat. Digamos que continuarei a monitorizar o estado de espírito que me tem conduzido a uma espécie de letargia em relação à blogosfera, por onde, se bem que cada vez mais selectivamente, gosto de navegar. Diria que isto há-de passar-me, mas creio que estaria a tirar uma conclusão precipitada.

6.3.10

Bom fim-de-semana.

Foto: Olhares

1.3.10

Porque hoje é segunda-feira, os meus filmes.

“My mum always said life’s like a box of chocolates. You never know what you’re gonna get”. Diz-lhe ele, inocente, quando estão os dois sentados junto ao lago, com a câmara de Robert Zemeckis apontada às costas de ambos. Forrest Gump foi um dos melhores filmes que vi e um dos que mais me tocou.

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