1.8.09

As mulheres, o Diabo e o Anjo (VII)

Chegou a casa e atirou com a mala para o sofá esquecendo-se que não a tinha fechado, depois de ter tirado a chave de casa. Uma mala de senhora, nestas circunstâncias assemelha-se a uma granada e esta não foi excepção. Os impropérios não são descritíveis. O anjo, que estava na cozinha a fazer o jantar, estremeceu e lançou-se num vôo célere até à sala. O diabo resmungou depois do susto, ele que estava refastelado no sofá a ver televisão, bebendo cerveja e a comer amendoins. O anjo, pousado no ombro dela, desconsolada e furiosa, perguntou-lhe, num sussurro, o que se estava a passar. O diabo não se mexeu, olhando-os de soslaio enquanto se dedicava aos amendoins ruidosamente. Sem controlar a fúria respondendeu ao anjo, vociferando, que o Fabrice a tinha traído. Estava de tal forma exaltada que só um ágil bater de asas evitou que o anjo despencasse do ombro abaixo. O diabo não conseguiu evitar uma risadinha malévola. Sem ligar às palavras solidárias e carinhosas do pequeno anjinho, ela conduziu toda a raiva para o diabo. Estás a rir-te porquê? achas bem o que ele fez? (os impropérios continuavam e cada vez mais impróprios). Ora, ora, nada que tu não tenhas já feito, minha linda, respondeu-lhe o diabo, agora com um ar sério. O anjo caiu em defesa dela, exaltando todas as suas virtudes. Cala-te!, arremessou o diabo, o que sabes tu disso, anjo chato? O anjinho preparou a resposta mas foi interrompido com uma pergunta demolidora. Alto aí, tu por acaso já traíste? Cruzes, credo, nunca!, respondeu o anjo sem conseguir evitar o rubor da face. Ela voltou à carga, tirando os amendoins das mãos do diabo e gritando-lhe que não era verdade, que ela jamais fizera algo semelhente. Gerou-se uma confusão digna de um jogo da NBA e de uma disputa de bola debaixo do cesto, só que neste caso a bola era o saco dos frutos secos. Ela furiosa e o anjo divertido. O diabo pareceu desistir. Olhou-a nos olhos e arremessou, implacável: semelhante, semelhante, talvez não tenhas feito... é que o Fabrice é homem e não soube foi fazer as coisas, mas vocês mulheres sabem fazê-la, ó minha menina... tu atraiçoas sem sequer beijar e já o traíste com o Nicolas vezes sem conta, ou pensas que eu não sei? Como te atreves a acusar-me? atirou-lhe ela com a voz trémula. Desmente-me, vá, desmente-me, mas não te esqueças que tens o teu anjinho querido pousado no ombro, respondeu-lhe o diabo com um ar desafiante. Fez-se um silêncio sepulcral na sala e o desmentido...

O que é nacional é bom (XII)

Foi um dos grandes guitarristas portugueses, é um símbolo da cultura portuguesa e um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa. As influências familiares mantiveram-no, provavelmente, fiel a um estilo coimbrão. Carlos Paredes é conhecido como o mestre da guitarra portuguesa. É nacional e é bom.