7.1.10
Imprescindíveis?
Queremos muitas vezes acreditar que somos, mas nas nossas vidas são poucas as situações, mesmo considerando as mais dramáticas, em que realmente o somos. Profissionalmente desejamos acreditar porque nos transmite segurança, mas nós vamos, como os anéis, e as empresas ou instituições ficam, como os dedos. Nos casamentos, ou nas relações, há momentos em que achamos que sim, mas elas acabam e a vida continua, mostrando-nos que não éramos ou nunca o fomos. Até nas amizades assim acontece. Quando racionalizamos, quando a lucidez não nos é tolhida pela emoção, temos a perfeita noção que quase nunca somos imprescindíveis. Vivido quase meio século, não tenho mais essa ilusão. Como não tenho a ilusão dos poucos (únicos?) momentos em que me sinto imprescindível. Um deles é na tarefa que a vida me agraciou, no papel de pai. O outro, mais recente e que tenho vindo a descobrir com o tempo, é também uma dádiva da vida. O papel de filho. Se a tarefa de ser pai a vivo há vinte cinco anos, a de filho sinto que só comecei a vivê-la há cerca de quatro. Descoberta recente, como disse, despertada pelo que a minha mãe me contou, relembrando as palavras sábias da minha avó preta, quando já no final da sua vida lhe dizia minha filha, minha mãe. Imprescindíveis? só somos como pais ou mães e como filhos ou filhas.
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20 comentários:
Está mas é a ficar cota, Mike ;)
Nós só entendemos as mães quando chegamos à idade que elas tinham quando nós atingimos os 25 anos. Mais coisa menos coisa é assim. E se somos do "género" feminino ainda é pior (ou melhor, não sei)porque ficamos tal e qual. Nos gestos, nos ditos, nos gostos e ai Jesus que não quero ficar assim ou ser igual. E porquê? Pela razão mais simples, estamos a envelhecer e isso aborrece-nos "pra caramba".
Com mais uns anitos, concluimos que não é mau de todo estar igual à mãe, porque significa que o legado será passado aos nossos filhos. Voltamos a sentir que afinal a vida é justa apesar de sentirmos uma imensa falta dos que partiram.
E sim, Mike, só somos verdadeiramente imprescindíveis nas situações que menciona.:-)
A GJ começa por chamar-me cota mas acaba por me dar razão. Devo confessar que não esperava uma reacção diferente da sua parte, ó Colega. :)))
p.s. - vocês é que ficam como as mães... não se ponha a misturar os homens nisso. (muitos risos)
Vinha lendo este texto por aqui abaixo, já pronta a discordar. Mas eis que leio os pais e filhos, e era neles que eu pensava. Mesmo eles faltando, a vida na realidade continua, segue o seu curso, mas já não é a mesma coisa. Vão fazer sempre falta e serão para sempre insubstituíveis. E ainda bem.
Bonita reflexão, Mike.
Mike:
Na verdade só somos imprescindíveis como pais ou como filhos. Tudo o resto é efémero. Os pais marcam-nos para toda a nossa vida e os filhos são a nossa razão de vida. Sempre pensei: um dia gostaria deixar aos meus filhos a imagem que tenho dos meus Pais. Descobri, muito cedo, o papel fundamental, que eles tiveram em mim. Ambos tinham a sua maneira de ser que, se eu conseguisse "misturar", enfrentaria a vida da melhor maneira. Julgo que conseguiu!
Um xi
Ah, pensei que vinhas outra vez com a história da competência...
Então afinal sempre somos insubstituíveis às vezes, não? Como diz a Patti, entre pais e filhos não há substituições possiveis, por muito que se goste de enteados e sogros e eles de nós.
Quanto a amores e carreiras, tens razão: ninguém é insubstituível. Nas amizades já não tenho tanta certeza, acho que é conforme os casos. Há amigos que perdemos e são mesmo insubstituíveis.
Gostei de ler-te.
É o tal amor incondicional de que falava há tempos, Mike...
Obrigado, Patti. :)
A Patti ainda é muito jovem e talvez por isso não tenha uma real (mesmo real) perspectiva de ser mãe e... filha. ;)
(Porventura falo do que não sei. Peço desculpa se for o caso)
...................................
Bacouca, :)))
(E não seja muito exigente consigo)
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Obrigado, Ana :)
(E hei-decá voltar com a competência... risos)
...................................
Bingo!, Cristina. :D
É isso mesmo. :)
Muito boa reflexão, Mike! E é verdade, somos quase imprescindíveis como pais e imprescindíveis a 100% como filhos.
Ena Catarina...
Com essa fiquei sem palavras. Vinda de quem vem, essa frase não merece ser contestada. "Quase" imprescindíveis como pais, imprescindíveis como filhos... e não é que, ao lê-la segunda vez, concordo consigo? :)
Bom, e se eu disser que sim, que somos imprescindíveis, mesmo quando não somos filhos nem somos pais?
E que casos há em que, sendo filhos ou pais, não somos imprescindíveis?
É talvez uma avaliação que só poderemos fazer no fim da vida, não é, cota?
:-)
Fugidia,
Se disser isso, hoje que estou benevolente, ou... hum... hã?... sem fichas, dir-lhe-ei que... pronto, respeito. (riso abafado)
Quanto à avaliação, digamos que numa ordem natural da vida, estou sempre mais perto do fim que a menina. Por isso posso começar a fazê-la mais cedo. ;D
Se imprescindível é a outra face do ser-se muito útil, concordo, Mike. A imprescindibilidade parece-me sempre algo que pretende justificar a «eternidade», e eternos é o que não somos. Nem controlamos, tão pouco, a duração da nossa passagem. É bom, portanto, que saibamos ter preparada, a todo o tempo, a transitoriedade. Mas há pessoas para que podemos ser realmente muito úteis e que sentiriam, realmente, a nossa falta, em termos não apenas afectivos, mas materiais (físicos e/ou económicos). São, prosaicamente falando, aqueles que dependem ou criaram dependência de nós: os nossos filhos na sua infância; os nossos pais na sua velhice; às vezes, o grande amor das nossas vidas (com quem partilhamos o nosso próprio envelhecimento); às vezes, os melhores amigos (com quem partilhamos o mesmo).
Mentira, Mike!:))) Há homens que são mentalmente autênticas mulheres num corpo masculino, nos ditos e nos cochichos por exemplo. E saio rapidamente antes que me apanhe(gargalhada)
Sim, Luísa, posto dessa forma, até quase me levaria a concordar consigo. É que a Luísa nos manipula com a sua lucidez e exposições. (risos)
Mas desta vez não! Nada de zonas cinzentas! (mais risos)
Só somos imprescindíveis nos dois papéis de pais e filhos. ;D
GJ!!!... caraças, já não a apanhei... raios! (risota)
Sou imprescindível sim em muitas situações e momentos. Não tenho duvidas nenhumas. Todos nós o somos. Cada momento por nós vivido, a dois, como pai e como filho, como trabalhador ou não, aqui e ali, não o seria se não fizéssemos parte dele. E cada amigo nosso, cada colega, e cada filho ou pai nosso, leva com ele um bocadinho de nós, e não seriam como são, nem teriam o que têm, não levariam o que levam se não tivessem a nossa contribuição indispensável.
Até eu sinto que o Mike foi indispensavel no meu blog ao longo deste ano :P (risos)
Não somos, não somos, não somos, Sum!!! (risos)
Há momentos em que nos sentimos ou achamos que alguém o é para nós, mas na verdade, se virmos bem, até nem somos. A não ser, a meu ver, como pais e filhos. :)
Ahhh! Trocámos de lugar? Que descrença... (risos)
Extremamente feliz a imagem de imprescibilidade. Na mouche mesmo!
Sum,
A menina pare de desconversar, ok? (risada)
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Kika, :)
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