13.4.08
Ainda chego à conclusão que o meu mais velho tem razão...
Lisboa também é uma senhora com quem tenho, à semelhança de alguns milhões, entre os que com ela coabitam e os que lhe batem à porta pela manhã e a abandonam quando a noite se avizinha, uma relação estável, o que não quer dizer pacífica. Ao contrário da Invicta, Lisboa teve uma infância feliz e uma juventude despreocupada, e talvez por isso seja mais sorridente, de gargalhada fácil e por vezes obscena. Ao pedir a opinião do meu mais velho sobre este tema, ele definiu, para minha surpresa, a cidade que o viu nascer como uma galdéria. Galdéria como? galdéria pai, uma oferecida, uma sem vergonha. Eu aqui a escolher as palavras cuidadosamente e ele sai-me com esta, assim sem mais nem menos. Raios, isso deverá querer significar que vivo num bordel... Calma Mike, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, não te precipites. Lisboa é uma mulher muito bela, terrivelmente sedutora e desejável. Uma companhia agradável e bem disposta, daquelas mulheres que nos conquistam ao primeiro olhar, ao primeiro gesto, uma mulher que nos derrete com um sorriso... e já nem falo do desassossego que nos invade quando ela inclina a cabeça para trás, com os cabelos soltos, e traça as pernas cobertas (ou descobertas?) por uma saia Prada que acaba um palmo acima dos joelhos. Hum... no outro dia reparei que a saia que a Invicta vestia é Armani e queda-se três dedos antes dos joelhos fazerem a sua aparição. Lisboa sabe que tem um peito bonito, por isso, (e quem a poderá levar a mal?) as blusas são pronunciadamente decotadas. Os homens ficam seduzidos em menos tempo que um fósforo leva a arder e as mulheres ardem de inveja ainda o fósforo vai a meio. É assim Lisboa. Quero-te longe dessa mulher, diz-me a minha consciência, uma senhora com quem vivo, mas não consigo resistir à tentação, para bem dos meus pecados e para mal dela, a minha consciência. Não, não me peças isso, querida consciência, que não consigo viver longe dela. Porque não fazes como os outros, desde que eu não saiba, e visita-la de vez em quando? Porque não, bolas. Ela é bonita e envolvente, tem muito humor e tem aquela característica fundamental que é fazer descontrair os homens. É mas é superficial, diz-me a consciência que não se entrega nem está pelos ajustes, com tanto galanteio. Lisboa é uma mulher romântica, mas o romantismo esfuma-se em tanta leviandade. Com Lisboa tem-se um affair que desejamos perpétuo, mas é uma mulher que cansa, que não nos desafia depois de passado algum tempo, uma mulher fútil em que a descoberta leva pouco mais tempo que os primeiros momentos de um prazer intenso mas fugaz. Caramba, ainda há dias escrevia sobre a Invicta e fazia referência a uma senhora e a lealdade e agora escrevi mais vezes a palavra mulher e adivinha-se traição. Aqui falo de beleza e sedução, lá também, mas lembro-me de ter acrescentado admiração e personalidade. Agora escrevo frivolidade, antes escrevi carácter. Ah, entendo... por isso uma é tripeira e outra não passa de uma alfacinha. Eh pá, querem ver que o meu mais velho tem razão?
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2 comentários:
Mas que forma cativante de falar das "suas" cidades, Mike!
Obrigado Cristina.
Estou num período de avaliar e definir, pessoalmente, a personalidade e os traços físicos de algumas cidades e regiões que conheço bem ou com as quais existe pelo menos afinidade. Que pessoas seriam aos meus olhos...
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