20.4.08

Vidas (IX)

Havia malas para desfazer, coisas para arrumar, as primeiras instruções a dar, enfim, havia que começar a assentar arraiais. Podia, agora, tirar partido do seu rigor e organização depois da longa viagem que tinham feito e dividiu a abertura das malas pelos dois criados: roupa para um lado, peças de decoração e louças para outro. Nessa manhã achou a lavadeira ainda mais bonita e cuidada, emanando uma sensualidade própria de uma jovem e bela mulher que rondava os vinte anos. A regra mandava que ela fizesse as perguntas e que a lavadeira desse as respostas, e só foi quebrada, a espaços, quando a jovem lavadeira colocou, com toda a propriedade, algumas dúvidas que se relacionavam com a roupa dos patrões. Esse segundo encontro, mais longo e mais íntimo, contribuiu para que reforçasse a sua intuição do dia anterior. A jovem lavadeira, sendo humilde, revelava ser uma mulher bem formada, trabalhadora, cuidadosa e atenta. O tempo encarregar-se-ia de pôr à prova o senso de responsabilidade, dedicação e honestidade, outras qualidades que ela privilegiava.

2 comentários:

cristina ribeiro disse...

Então, para já, nada houve que a fizesse rever as primeiras impressões. É bom quando assim acontece...

Anónimo disse...

Há que dar tempo ao tempo, Cristina :).

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