12.4.08
Porem areia nas minhas mãos para eu a atirar para os meus olhos???
Normalmente não escrevo sobre política, um assunto que é abordado na blogosfera por pessoas que escrevem muito bem sobre ele e, acima de tudo, estão ainda melhor informadas do que eu. Hoje é um caso raro e raro se manterá porque seguirei fiel a este princípio. O que me leva a falar sobre o tema não é nenhum governante e sim o líder da oposição, e por causa de uma notícia veiculada na rádio. Luís Filipe Menezes defendeu hoje em Trás-os-Montes que a regionalização deveria ter início em 2009 e algumas instituições deviam transitar para o interior do país. Escolheu-as através de um critério aparentemente natural e de senso comum, mencionando, e desculpem-me as incorrecções em que, estou certo, incorrerei ao nomeá-las, os Institutos de Protecção do Meio Ambiente e o do Património, acrescentando que fazia sentido desviar um deles para Trás-os-Montes. Mas claro, pensei eu, onde estás tu a discursar LFM? Sou um homem de marketing e comunicação, não da política, e é aflitivo constatar tamanho desconhecimento do, neste caso chamar-lhe-ei consumidor, a quem a mensagem era dirigida. Neste contexto, já que noutros e comprovadamente, a demagogia tem um nome: ineficácia. Esqueçamos o termo consumidores e voltemos à política que é o que me traz aqui. As pessoas, os portugueses e mais objectivamente os Transmontanos, têm outras prioridades e esperam vê-las espelhadas em quem governa ou em quem tenha uma mínima hipótese de um dia vir a governar. Com tantas coisas prioritárias na vida dos portugueses, o LFM foi escolher algo que até poderá fazer sentido mas que está deslocado no tempo. E mostrou-se mais uma vez desfocado do que é importante, com um discurso desfasado da pura realidade. Vou mais longe: que papel essa transição dos Institutos poderia vir a desempenhar antes de se proceder à mudança de atitudes? ou antes de se garantir a transparência e o conhecimento de processos? ou ainda, antes de se procederem às reformas que, prioritariamente, deverão ser feitas? Pouco ou nenhum. A Regionalização implica mudanças e não são apenas de Institutos, que, acredito eu, acarreteriam mais despesa. Mudanças, como já disse, de atitude, de comportamento; exigência de rigor legislativo e controle da lei; necessidade de planeamento e de estratégia a médio e longo prazo. Mas acima de tudo, a Regionalização vale nada se for pensada e implementada “longe” da realidade dos portugueses. Enquanto for um tema para se ganharem votos ou seduzir as populações, a Regionalização é uma artimanha, uma fraude, que ainda por cima custa muito dinheiro. Percebeste Luís Filipe Menezes? O país não é um Município. Regionalização deve ter a ver com vida, vida melhor, mesmo que tenhamos que fazer sacrifícios, mesmo que tenhamos que pagar ainda mais por isso. É mais honesto colocar as coisas assim. E mais transparente. Já não tirarei partido disso, mas é gratificante pensar que os meus filhos possam fazê-lo. Os conselhos se fossem bons não se davam, vendiam-se, por isso ao escrever o que vou escrever, sinto-me credor: muda de atitude, para começar, que talvez isso te ajude a mudar de discurso. É que já me habituei a atirarem-me areia para os olhos, mas porem areia nas minhas mãos para eu a atirar para os meus olhos?... não me tomes por imbecil.
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2 comentários:
Pois, é neste tipo de políticos- o único que temos- que desacredito...
yrempty teva sciences iaathdr indexes sufficient catastrophic placebo culpable annemieke periodic
semelokertes marchimundui
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