9.4.08
Os imprescindíveis balanços que fazemos da vida.
Durante muito tempo na minha vida não fiz balanços, balanços da vida sérios, daqueles que doem e que nós, humanamente mas sem perdão nos recusamos a fazer, tolhidos pelo receio de nos confrontarmos com as nossas decisões menos acertadas, ou com a ausência inexplicável de decisões, ou ainda com a ausência cruel de respostas para tantas e dolorosas interrogações. É que é dura esta confrontação com a nossa consciência... Há já algum tempo que os faço e que me consomem um tempo cuja existência desconhecia. Mas quem melhor que nós para “fazermos” o nosso tempo? Eu diria ninguém. Hoje em dia faço-o duas vezes por ano em datas que escolhi assente num critério que no princípio não soube explicar nem a mim próprio, impelido apenas e só pela intuição, que aprendi a seguir ao longo da minha vida. Faço-os próximo do dia em que nasci e do dia em que deixei de ver o meu pai. E nesses momentos a certeza de que apenas deixei de o ver apodera-se de mim, porque ele me acompanha nos balanços que faço, muitos deles negativos, confrontando-me irremediavelmente com os insucessos, mas, e felizmente, a maior parte deles positivos. Principalmente quando olho para os meus filhos e para a família que construí, uma família fora dos ditos padrões sociais (será assim tão fora?), mas uma família, a minha. Alguém que quero muito disse-me um dia que nós cometemos quase sempre os mesmos erros na vida, temos é a capacidade de nos desculparmos com mais propriedade, não leviandade, de conhecermos melhor as razões dos erros e porque os repetimos. Chamar-se-à a isso maturidade? Vou acreditar que sim até porque o prato da balança, à medida que o tempo avança, entre o dever e o haver, tem pendido, invariavelmente, para o mesmo lado. O positivo. Ou será que estou a ver apenas o que quero ver? No próximo balanço procurarei encontrar resposta a esta pergunta. Curioso... não tencionava escrever mais depois do último ponto final mas lembrei-me da minha família uma vez mais e sorri...
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4 comentários:
Mike, a felicidade que já li , nas linhas e entrelinhas deste blogue, só podem mesmo traduzir um balanço muuuito positivo! E esse sorriso no fim do post está aí para o reiterar.
Cristina, :)
retenho do texto "a família que eu construí" .. qual jardineiro atencioso tratando cada planta, cada caule e flor de acordo com a sua própria individualidade, cortando aqui, aparando ali, sem nunca descansar ..
imagens Mr. Mike .. é excelente quando pela escrita as conseguimos transmitir aos outros, seja o que for que no balanço que faz isso queira dizer.
Sorriso e feliz fim-de-semana *
Once, eu meio sem jeito e embaraçado com as suas palavras... gostava de um dia escrever assim (risos)...
Retribuo o sorriso e os votos de feliz fim-de-semana.
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