9.4.08

Vidas (V)

Estás uma mulher e devias começar a pensar em arranjar um homem, disse-lhe a mãe afectiva, enquanto lhe entrançava o cabelo com minúcia. Kuahamba, fumando o seu cachimbo, confirmou com a cabeça num gesto afirmativo, os dizeres da mulher. Soube que o Abel anda de olho em ti. Ele é um bom rapaz, trabalhador e bem bonito. Fica sabendo que há muitas raparigas que gostariam de se casar com ele. Ela concordou com a mãe mas refutou a opção e respondeu-lhe que em relação a esse assunto quem mandava era o coração dela e que de momento não tinha despertado para homem nenhum. Quando isso tiver que acontecer, acontecerá. O nosso coração é que manda na gente e antes prefiro estar sozinha do que com um homem só porque ele gosta de mim. E sorriu, mostrando os seus dentes brancos e saudáveis, emoldurados pelos lábios vermelhos e carnudos, enquanto o velho Kuahamba abanava a cabeça em sinal de desaprovação, dando uma última baforada no cachimbo esculpido à mão.

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