12.4.08

Vidas (VI)

O sol já ia alto quando o Lima contornou o extremo da restinga da cidade do Lobito após ter feito escalas em S. Tomé e Luanda, trocando as águas batidas do oceano Atlântico por águas mais calmas. Não evitou um suspiro quando o navio entrou na baía e iniciou o percurso de três milhas que os levaria até ao porto. Já todos desejavam pousar os pés em terra firme, após semanas de viagem, e apesar das crónicas mais recentes e do entusiasmo relatado nas cartas do amigo do marido, manteve sempre um certo cepticismo, nunca declarado, em relação à cidade. No entanto, o que os seus olhos viam em terra, a par dos sorrisos do marido e do filho, ajudavam a combater os seus pensamentos menos optimistas. A cidade era mais moderna do que imaginara, com elegantes avenidas e chalets, que se erguiam entre palmeiras e jardins bem cuidados. Deixaram a azáfama do porto depois do sempre maçador desembarque e cumprimento das formalidades alfandegárias, para as quais tinha sido providencial a presença do amigo, e logo ficou impressionada com o ambiente cosmopolita, com a sensação de progresso e com a organização da cidade enquanto se dirigiam para aquela que seria a sua nova morada, um chalet recém construído na zona nobre, voltado para a baía do Lobito.

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