26.5.08

Emigrar? Por enquanto não. Por enquanto...


O clima é temperado e ameno, próprio dos ares soprados nas regiões a sudoeste do Pacífico. E a região faz parte da Polinésia.

Boa, isto começa bem. Mas se é uma dessas ilhas paradisíacas onde o número de tursitas é inversamente proporcional às oportunidades de trabalho, já olho de esguelha. Também gosto, claro, mas estou a falar de emigração e há para aqui umas quantas bocas para alimentar.

Calma, que o país é a Nova Zelândia.

Continua, a conversa já me está a agradar.

A principal cidade é Aukland, uma cidade moderna que se espraia ao longo de avenidas largas, parecendo que vão todas dar ao porto Waitemata, a meca da Vela.

Seguindo, que estou a gostar do que oiço. O mar por perto é música para os meus ouvidos.

Não percebeste, o mar não está perto, o mar entra pela cidade. Ou será ela que entra pelo mar?

Isso não interessa. Adiante.

Aukland é uma próspera metrópole que conjuga com harmonia a elegância e o kitsch, e onde os edifícios sofisticados da City convivem com bairros, todos eles preservados, que nos seduzem com o charme das suas casas de madeira de estilo colonial do século XIX.

Será um sorriso o que tenho no rosto? E as pessoas?

As pessoas são educadas, civilizadas, optimistas e alegres. Uma diversidade de gente que se integrou culturalmente na perfeição. Cerca de 60% são de origem europeia e mais de metade dessas pessoas são emigrantes.

Muito bem, se tantas se fixaram por lá, devem ter boas razões para isso.

Mas há mais, e mais importante. Os neozelandeses são o povo no mundo que mais admira e ama o seu país. Eles acham que não há país melhor à face da Terra.

A sério? tens aí um mapa? só por curiosidade e para ver onde fica Aukland.

Nas nossas antípodas.

An quê?

Antíp...

Ah deixa lá, já entendi. Isso é muito longe daqui, certo?

É! É do outro lado do mundo.

Mas olha que é um lado que me parece bem agradável. Achas que arranjava emprego a fazer o que sei fazer?

E fazes o quê?

Sou publicitário.

Pode até ser, mas é uma área muito competitiva. Falas inglês?

Falo e escrevo.

Mesmo assim.

Já percebi que seria complicado. Mas olha, eu já virei muito frango na vida, achas que se fizesse um estágio de aperfeiçoamento ali na Valenciana em Campolide e depois fosse para Aukland e abrisse um negócio de frangos me safava?

Eh pá, não sei, acho que sim. Os frangos dessa Valenciana são bons?

Bons? são uma delícia, não há frangos iguais, nem em Aukland, aposto.

Então safavas-te e se tivesses juízo e sentido empreendedor, e arranjasses um sócio, até poderias enriquecer, quer dizer, lá não há bilionários, mas podias vir a ser um homem rico.

Conheço um gajo que era capaz de alinhar. Diacho... Não vou emigrar para a Nova Zelândia... por enquanto. Não querem ver que este “por enquanto”, assim de repente, soou-me diferente?

26 comentários:

Luísa A. disse...

Meu caro Mike, tudo me parecia extremamente sedutor neste retrato, até ler a referência aos frangos da Valenciana. Preciso de compreender que mecanismos produziram semelhante associação de ideias, Mike, ou a minha imagem da Nova Zelândia ficará um pouco manchada. :-D
P.S.: Apesar das reservas que adivinha, não resisto a perguntar-lhe o que têm esses frangos de tão especial?

Anónimo disse...

(muitos risos)... O que eu já me ri, Luísa. Eu tentando recompor-me (riso abafado)... Bom... hum... Antes de mais, gostaria que a sua imagem da Nova Zelândia se mantivesse inalterada. Vamos aos frangos (risos de novo)... raios, a Luísa merece outra compustura. A Nova Zelândia, e Aukland em particular, têm uma história entre dois publicitários que trabalharam juntos, e que tinham, e creio terem, a mesma imagem que, adivinho, será idêntica à da Luísa. (Despacha-te homem, que a senhora não tem todo o tempo do mundo). Esses dois amigos disseram um ao outro que se necessário fosse, para ir para Aukland, até um negócio de frangos montariam. Ora, a Valenciana tem os melhores frangos assados que existem. Emigrar, mas sem perder a compustura que, pelos vistos hoje não fui capaz de manter. :)
Provavelmente esse "sócio" aparecerá por aqui a desconversar.

ana v. disse...

Ah, o destino melhorou bastante. Pelo menos é para sul (não pode ser mais, aliás!). Tem mar, o cenário é deslumbrante e as pessoas, consta, muito civilizadas (não sei se não serão mesmo um bocadinho de mais, mas enfim...).
Mas o que não resisto a confirmar é a superioríssima qualidade dos frangos da Valenciana.
:) Não há melhores frangos assados no mundo inteiro! Já vivi lá ao lado e passava a vida a levá-los para casa. Uma delícia.

José, o Alfredo disse...

Para não dizerem que venho para aqui desconversar, só digo duas coisas:

1. os frangos da Valenciana compram-se em Campolide mas são, na realidade, de outro mundo;

2. recomendo vivamente a leitura de "Para Além de Capricórnio", de Peter Trickett (Ed. Caderno, Colecção Bloco de Notas, 2008, ISBN: 9789892300580), um livro que defende com muita verosimilhança e abundância de provas que os portugueses foram os primeiros europeus a chegar à Austrália e à Nova Zelândia e a cartografá-las muito antes dos holandeses e dos ingleses.

José, o Alfredo disse...

No outro dia, a propósito da foto do fim-de-semana, desconversei SEM QUERER. O que eu queria dizer mesmo, e agora vem muito a propósito disto da Nova Zelândia, era assim:

Portugal é lindo
Portugal das flores
Com o sol sorrindo
Portugal nossos amores

Portugal é lindo
Com as suas vinhas
Com o sol sorrindo
Portugal das andorinhas

Portugal é lindo
Da montanha ao vale
Com o sol sorrindo
Viva o nosso Portugal

CPrice disse...

eu não estou muito certa que o Zelandeses gostem de frango Mr. Mike (risos)

Anónimo disse...

Ana, :)
Com que então mais uma apreciadora dos famosos frangos...

"Sócio", agradeço a tua intervenção ;).
É que tinha ficado com sérias dúvidas sobre a clareza da minha resposta à Luísa.

Oh Miss Once, não me diga uma coisa dessas... :) Assim fico preocupado... é que era no virar frangos que estava a minha esperança. (risos)

José, o Alfredo disse...

Não gostar de frangos é uma improbabilidade. Se os frangos em questão forem os da Valenciana, estaremos a falar de uma impossibilidade. Os tipos são neo-zelandeses, é certo, mas são humanos como as pessoas. Até perdem com a França, como nós...

fugidia disse...

Confesso que depois do poema do José, o Alfredo, nada me fará sair de Portugal.
Nem o preço dos combustíveis.
Um grande bem-haja para si, caro José, o Alfrddo!

(risos abafados mas... lol, lá se escapou um... lol... bolas, outro... shiu!!!)
:-p

ana v. disse...

LOL. Grande poeta é o povo, José!
Por mim, só emigraria para um país onde houvesse um franchise dos frangos da Valenciana, isso é certo! Ele há lá caviar ou lagosta que lhe cheguem aos calcanhares, perdão, às esporas!...
;)

ana v. disse...

Falando sério, José, obrigada pela recomendação de leitura. Hei-de procurar na feira do Livro.

Anónimo disse...

Ó José, não queres ver que temos que repartir a sociedade com uma senhora?

E se bem pergunto, Ana, a menina já virou frangos na vida? (risota)
Ah, e os da Valenciana são bons, mas ele há alturas em que não trocava essas "porcarias" que menciona por frangos, mesmo os mais deliciosos... :)

CPrice disse...

ora Caro José também era "improvável" e praticamente "impossível" que alguém não soubesse o que eram conquilhas! (risos)

Perdoe Mr. Mike mas.. é aqui a desconversa certo? ;)
E continuem a assar que hoje esqueci de descongelar algo para o jantar (eheheh)

José, o Alfredo disse...

Acho que perdi aqui um episódio. Quem é que não sabe o que são conquilhas?

CPrice disse...

ai a memória .. ;) os alfacinhas Caro José, pelo menos foi este o seu comentário numa posta minha há algum tempo atrás .. chamam-lhes coisas esquisitas como cadelinhas ;)

Anónimo disse...

Cadelinhas com alface em conquilhas... ai que a Miss Once me baralha todo... risos. E ainda me fala de postas... postas de quê? São frangos, senhora, frangos! (muitos risos)

"Sócio", diz à Miss Once que já te lembraste e pára de ver a fotonovela... Com tanta desconversa não vamos a lado nenhum...

CPrice disse...

ora Mr. Mike se que quiser são fragos às postas pronto! (risos)

José, o Alfredo disse...

Devo andar a comer queijo a mais e frango e conquilhas a menos, que é o que é...

ana v. disse...

Ora essa, meu caro, virar frangos é o que tenho feito toda a minha vida!
(gargalhada)

O Réprobo disse...

Ahahaha, Caro Mike!
Mas vou dar cabo da Sua apetência migratória: aquele País tem graves problemas, com uma atmosfera alterada pelos gases dos imensos carneiros, que formam um capacete intramsponível a certos raios luminosos, com o inerente carácter nocivo para a saíde.
Negócio bom para ficar bilionário, lá, seria inventar uma beberragem que contivesse o à-vontade da bicharada...
Abraço

Anónimo disse...

Caro Réprobo, mas essa atmosfera alterada pelos gases dos ovinos não estará pior que a nossa, alterada por outros gases, quiçá mais nocivos. Mantendo esta minha decisão de não emigrar, por enquanto, cumpre-me agradecer a sua inestimável dica.
Um abraço.

Cristina Ribeiro disse...

Se lhe apetece tanto emigrar, Mike, olhe, emigre para cá; os frangos são óptimos, saem baratos porque se alimentam da muita erva que por aqui há - tinha o negócio garantido, e, last but not least, não teria de ir de avião lá para essas tais de Antípodas...

Anónimo disse...

(risos), Cristina. :)

L. Rodrigues disse...

Da nova zelandia, antes do Peter Jackson fazer bilhetes postais conhecia:

Os All Black

A sua participação no ANZAC

Um filme chamado "Once were warriors"
(um contraponto interessante aos dois pontos anteriores).

Uma imagem que me ficou de um pastor a castrar carneiros com os dentes. Acho que vi na Newlook há uns anos.

Anónimo disse...

Já percebi, l.... eu virava os frangos e tu dedicavas-te a inventar a tal beberragem que contivesse o àvontade da bicharada... ;)
Ah, e não acredites em tudo o que vês. Nem mesmo na Newlook. :)

Anónimo disse...
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