11.3.08

Cruzeiros? nem na reforma.

Nunca me senti atraído por cruzeiros. Nada me atrai naqueles navios luxuosos com itinerários fantásticos no Mediterrâneo, entre ilhas gregas, com o tempo dividido entre dias passados no mar e episódicas estadias em terra. Nem na reforma me consigo imaginar numa dessas viagens ditas paradisíacas. Imagino-me, sem esforço, num barco mas daqueles pequenos, empurrado por um velho motor, levando-me até alto mar com os meus apetrechos de pesca, num momento de solidão que reclamarei para mim e que me fez esboçar um sorriso hoje, ainda longe desses dias vindouros sonhados num país dos trópicos, num reencontro com as minhas raízes. Mas nem me falem de cruzeiros. Partidas de ténis com carcaças enfiadas em polos brancos da Lacoste, pequenos-almoços tomados em salas emolduradas por sorrisos à lá carte de empregados aperaltados, banhos em piscinas à cunha partilhadas por muitos corpos gastos e alguns viçosos (comigo inquieto e a perguntar-me o que farão ali tais beldades), jantares com horário que mais se asemelham a desfiles de brigadas do reumático em traje de noite, eles trajando smokings e parecendo pinguins estafados depois de uma longa viagem e elas enfiadas em vestidos até aos pés caminhando como múmias renascidas saídas de um túmulo egípcio, as manhãs passadas ao sol em espreguiçadeiras brancas alinhadas onde a troca de olhares obscenos se sobrepõe aos livros que pendem de mãos rugosas... não, não me apanham num cruzeiro. Nem que tentem com imagens sedutoras de jovens disponíveis, vestidas com pequeníssimas saias vaporosas, com as ilhas gregas a servirem como horizonte. Cruzeiros? não contem comigo.

2 comentários:

Anónimo disse...

concordo

mas...

"Nem que tentem com imagens sedutoras de jovens disponíveis, vestidas com pequeníssimas saias vaporosas, com as ilhas gregas a servirem como horizonte."

um homem

é um marinheiro

Anónimo disse...

Bem sei... e para os marinheiros, há mais marés...

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