7.5.09
Crise (I). Compromisso.
Ontem, a convite de uma grande empresa, fiz parte de um encontro de um grupo restrito de entidades consideradas parceiras por essa companhia, e tive o privilégio de ouvir o que algumas pessoas participantes pensam sobre a crise e qual a sua visão para lhe fazer face e lidar com ela, com o objectivo de a superar. Agradou-me a palavra parceiro, não porque tenha quaisquer pruridos em relação à palavra fornecedor. Acima de tudo considero que o profissionalismo e a competência devem imperar no que diz respeito a ambas. Só que fornecedores há muitos e parceiros há poucos. Porque há mais duas palavras que estabelecem a fronteira entre as primeiras duas: compromisso e confiança. Como o tema abordado era a crise, voltei para casa a pensar nas infindáveis previsões falhadas por gurus de reputação mundial, e nas inócuas teorias de gestão preconizadas por quem escreve artigos e ganha fortunas escrevendo livros, sem que nunca tivesse praticado o acto de gerir. Enquanto conduzia, pensava também nas soluções brilhantes de consultores descomprometidos com o negócio de quem lhes paga honorários avultados, ou em alguma comunicação social apenas comprometida com os objectivos de vender jornais, ignorando o papel simples mas honrado de informar. As crises superam-se com gestão e a gestão pratica-se no terreno. Os exemplos que foram dados ontem não deixam margem para dúvidas. E com poucas dúvidas fiquei ao ouvir que uma das soluções preconizadas assenta na inevitabilidade da união de parceiros e no fomentar de parcerias. Os portugueses são individualistas e desconhecem o conceito de trabalhar em equipa. Talvez esta crise, por ser global e inviabilizar a habitual mãozinha vinda de um exterior também em crise, nos obrigue a uma mudança drástica de atitude e a uma saudável alteração comportamental. Não sou um guru, sou um trabalhador. Aprecio a simplicidade e acredito nas soluções terrenas. Talvez por isso, ontem, e falando-se de crise e de como a ultrapassar, retive duas palavras. Compromisso e confiança. Mas que raio, não é assim também na vida que se ultrapassam as crises?
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11 comentários:
A sua aposta no compromisso e na confiança apenas revela que o seu «romantismo» irreprimível até as paredes do local de trabalho já venceu, Mike. Gerir com «romantismo» é uma experiência interessante e poderá ser muito eficaz em tempos de crise global. Mas em tempos normais, competição é competição ou guerra é guerra. E as parcerias só valem enquanto não aparecem parcerias melhores. Afinal, «amigos, amigos, negócios à parte». ;-)
Luísa, "romantismo" ou pragmatismo? "Amigos, amigos, negócios à parte" é certo, mas neste caso é mais "parcerias, parcerias, negócios bem sucedidos, crise superada". :)
(Gostei muito do seu comentário)
Tem piada que hoje também estive numa reunião de parceiros. Eu acredito que essa é a via para sair de muitas crises, para crescer, para internacionalizar, para deixar de ser pacóvio, para aprender, para sobreviver, para continuar no terreno, para reduzir custos, para melhorar o negócio, para alimentar novos projectos, para ser mais feliz, para...
É sim, Mike igual às relações, por isso é que antigamente havia casamentos em que só um mandava e agora há relações em que os parceiros têm peso igual. Mas também há mais divórcios e também há mais fusões e aquisições ou takeovers. E as parcerias também se fazem e desfazem com rapidez. E estou de acordo, sim, que é uma questão de abrir mentalidades. Até, quando, Mike? Sempre que necessário respondo já e certos de que vai correr bem da próxima vez. É por isso que há quem case convicto, mais que uma vez, não é?:)
Depois de ver o comentário publicado achei que tinha ficado com falta de fôlego...(risos)
Espere, GJ... estou a ganhar fôlego para... só um bocadinho... responder. (muitos risos)
(Também gostei de ler o seu comentário)
Retive esse detalhe de a palavra "fornecedor" ter sido substituída no discurso por "parceiro". Se há coisa com que embirro é com este arredondamento de palavras, com este léxico politicamente correcto a pedir tradutor simultâneo. Não há paciência!
Faz toda a diferença, Teresa. Toda a diferença. :)
tenho que ler isto amanhã, hoje já não tenho folego. mas eu voto na confiança, nos negócios e em todos os sectores da vida!
O associativismo não é connosco, portugueses. Infelizmente para nós que, enquanto nos preocupamos com o insucesso do vizinho e não com o nosso sucesso, devíamos perceber que juntos teríamos mais hipóteses. Enfim, as coisas vão mudando lentamente, e anos e anos de presença das multinacionais obrigam-nos a reflectir e a mudar mentalidades. Mas leva tempo, caramba!
Também gosto da confiança, seja no que for. E recuso-me a "desconfiar" por princípio de quem não conheço, pelo menos até prova em contrário.
E vota muito bem, Júlia. :)
Ana, desta vez não consigo encontrar ponta por onde pegar para discordar contigo. Estamos 100% de acordo, já viste isto? (risos)
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