29.10.08
O segredo de Domingo.
“O Domingo é, para quase todos nós, mais do que um dia de semana, um estado de espírito; e um estado que é de espera e triste resignação, que se vai carregando à medida que as horas passam, a luz quebra e o tempo livre cede lugar ao tempo marcado, contado, destinado a perder-se, sem memória, no fluir da vida”. Ao manifestar o meu défice de afinidade em relação a este parágrafo que dá início a um belíssimo texto, fui questionado sobre qual seria o meu segredo para que os meus domingos fossem quase sempre uma animação e convidado a partilhá-lo. O segredos não se contam a ninguém, bem sei, mas este é um caso para se abrir uma excepção. É simples, muito simples! Tão simples como roubar um chupa-chupa a uma criança, desde que não seja o meu mais novo, claro. E aqui está a primeira parte do segredo. Ser pai tardio, daqueles que, aos quase 50 anos, ainda têm que ensinar os filhos a andar de bicicleta, ou mudar os lençóis a meio da noite porque o rapazito largou as fraldas nocturnas, mas ainda há noites em que se “distrai”. Ou brincar ao Lego às seis da tarde, ou muitas outras coisas mais. Adiante. Ser pai tardio e divorciado, o que faz com que as tarefas não conheçam as contas de dividir e subtrair, apenas as de multiplicar e somar. Mas sendo pai divorciado, há fins-de-semana em que as contas são outras. Pois há. Mas são as contas que ajustamos com as ondas do mar. Sejam quais forem os Domingos, eles são uma canseira que, ao fim ao cabo, se torna numa animação. Num estado de espírito oposto ao estado de espera e triste resignação, nunca se carregando à medida que as horas passam. É este o segredo. Em resumo: basta ser-se pai fora de tempo e divorciado, e gostar-se de mar e de bodyboard. Bem, não ser rico também ajuda.
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9 comentários:
:-)
tá mal. tá mal,Mister.
os meus domingos ^têm qu ser plumbeos, só porque não tenho filhos?
aiii
Cada um tem os seus segredos, Júlia. ;D
Estes são os meus para os domingos não serem plumbeos (?)... (risos)
aii
:-)
E deseja-se, ansiosamente, a segunda-feira?
E quando ela chega fica-se com uma (pequena ou grande, tem dias...) sensação de vazio?
Mas ao mesmo tempo satisfeito porque se fazem as outras coisas que não se fizeram no fim-de-semana?, uma delas trabalhar tanto que até se quer férias?!
(risos)
Fugidia, a menina está muito desconversadora... (risos)
Mas é mais ou menos isso, sim. :-)
Mike, já vi que a sua receita pode resumir-se nestas simples palavras: não ter tempo para nada, e muito menos para actividades ociosas como pensar ou olhar para o próprio umbigo. Eu sabia, meu caro amigo, que se preparava para me dar uma bofetada sem mão. ;-D
Como trabalhar tem tanto sentido, gostava de saber se a Fugi nunca ouviu o Mandamento que ordena que se guarde o Dia do Senhor. Ou a versão francesa e quase laica dele "nunca ao Domingo!".
Mo resto, Caro Mike, a receita Tua é "ser como eu". Tenho de reconhecer que, por vir de Quem vem, é das melhorzinhas.
Abraço
Com toda essa trabalheira, acho que prefiro a neura dominical, Mike... ;-)
Oh credo, Luísa, por quem sois. Longe de mim dar bofetadas, mesmo sem mão, a uma senhora e logo a si. Meu Deus, como fui interpretado... :D
Mas olhe, acredite que tenho os meus momentos de ócio (ou devo chamar-lhe cansaço?) e sabem-me bem.
p.s. - prefiro olhar para outros umbigos, se bem que agora terei que esperar que o calor volte. ;D
Isso é que é falar, caro Amigo.
Abraço.
Ai que mentirosa, Ana... (risos)
Logo a menina que tem bicho carpinteiro... (mais risos)
Por outro lado, ser mãe muito cedo e continuar com o parceiro do costume também tem que se lhe diga.O problema é quando nos dizem que vamos ser avós. É o espelho a dizer uma coisa e os cinquenta a dizerem outra. Chatice! Ainda me apetecia o domingo a sós com o meu velho e jovem tarzan.
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