8.10.08

Quando se começa um negócio deve-se fechá-lo. E bem.

Numa Porta que é do Vento, aborda-se o tema, bem escrito, de forma inteligente e curiosa, mas não menos controversa. O que é verdadeiramente importante quando se fala de cama é a intimidade criada pelo casal, uma conquista lenta, valiosa e insuperável, para usar as palavras que o Vento fez passar pela Porta, e o equilíbio que se adquire entre os que nela se deitam, para além do exacerbar dos cinco sentidos e da tal química, sem a qual a boa cama parece incompleta. E não se poderá falar de experiência mas sim de padrões que só ao casal cabe estabelecer. Pára aí! Quando o assunto é cama, não conseguimos resistir à tentação de evocar palavras e conceitos que contribuem para dourar a narrativa, tornando-a quase enternecedora e muitas vezes evitando a palavra sexo. Sem recorrer a estudos sobre o tema, que são como os que são feitos para aferir a inteligência, na maior parte deles falaciosos (não sei bem porquê, mas soa-me bem esta palavra neste contexto), nenhuma teoria me demove da ideia de que, para se ter boa cama, em primeiro lugar é preciso gostar-se de cama. Como um bom nadador precisa gostar de água e de nadar, ou um bom pianista precisa gostar de música e de tocar piano. Mas andemos para trás que este assunto, a meu ver, tem semelhanças com a dualidade de se abordar um negócio e fechá-lo. Duas etapas importantes em que a eficácia do negócio depende de ambas. Encaremos a abordagem ao negócio como os preliminares. Uma boa cama à noite começa com preliminares de manhã, que se prolongam durante o dia. Mas um negócio deve fechar-se. Working on it é interessante mas não desvalorizemos o do it. E fechar-se o negócio tem a ver com sexo. Cama é química e é legítimo enaltecê-la, mas também é sexo, por isso não me parece honesto contornar a física. E size matters, claro. O inverso foi criado pelas mulheres, aliando à genuinidade da afirmação um conteúdo carinhoso e enternecedor que tranquiliza os homens. Não se trincha um peru com uma faca de sobemesa ou de barrar manteiga, pois não?

12 comentários:

Luísa A. disse...

Antes de mais, Mike, agradecia que me esclarecesse quem é o peru e quem é a faca nesta história toda. ;-D
Depois, estou de acordo com a generalidade dos seus pontos de vista, com duas pequenas excepções:
a) arrancar com a preparação de um negócio nocturno logo pela manhã é arrasador… e pode ser também um pouco frustrante, à medida que o tempo vai passando e nada de muito concreto vai acontecendo;
b) «size doesn’t really matter». Não, seguramente, para quem é trinchado (ugh!). Associo, aliás, maior virtuosismo ao que lida com um sabre do que ao que maneja um espadão afonsino. :-)

Anónimo disse...

Luísa, devo dizer-lhe, e é com um sorriso que o faço aqui porque do lado de cá não evitei uma gargalhada, que o seu comentário é digno de um cirurgião reputado e bem humorado que manuseia, não um sabre, mas um bisturi com virtuosismo e mestria. :D

fugidia disse...

lol lol lol
(para o comentário da Luísa)
:-D


Mister, tal como a Luísa, concordo na generalidade com o que diz, designadamente com a preparação (ah, Luísa, nada de concreto vai acontecendo?! :-p), mas como dizia alguém, mais importante do que o "size" do instrumento, é a forma como o "músico" o toca...
:-)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

ah, ele é pelo "working on" ,"pois"...

José, o Alfredo disse...

À luz dessa comparação/metáfora, o presente estado das coisas em Wall Street e por aí fora pode ser a consequência do ultra-onanismo. Digo eu.

ana v. disse...

"...um conteúdo carinhoso e enternecedor que tranquiliza os homens"?

Mike, porque será que os homens pensam sempre que dizemos isto por caridade? Ora essa, size doesn’t really matter at all, se o dono do espadão afonsino (grande metáfora, Luísa!) não souber o que fazer com ele...
Há facas de sobremesa que trincham com uma precisão admirável (se forem bem manejadas), e o peru sai em fatias perfeitas...

Fora isto, concordo consigo: continuando na mesma onda, não se pode ser um bom cozinheiro se não se for um bom garfo.

Anónimo disse...

Concordo consigo Fugidia, mas repare que, no seu comentário, a Luísa associa maior virtuosismo a quem lida com um sabre, não um canivete... ;-)

Júlia, ele é pelo... hum... "pois"!... ;D

Podia muito bem ser, José. Dizes tu e dizes muito bem.

Ana, veja bem que na grande metáfora da Luísa, se menciona o espadão afonsino e um sabre, não um corta-unhas... ;-)
E mais, size doesn't matter mas adjectivou a metáfora como... (muitos risos)

Paulo Cunha Porto disse...

Agora é que fiquei a perceber a razão da dualidade de sentidos de "affaire". Os Franceses, sempre à frente nas Ciências Humanas...

Anónimo disse...

(gargalhada)
Caro Paulo, o comentário do meu Amigo faria Armand Jean Du Plessis roer-se de inveja.
Um abraço.

ana v. disse...

Que fixação no "size", Mike... não vê que todas as suas comentadoras lhe dizem o mesmo: SIZE DOESN'T MATTER?
Confie nos perus, ora... ;)

Anónimo disse...

(risos)
Ana, realmente não tenho motivo nenhum para não confiar ou não dar razão às minhas ilustres e respeitáveis comentadoras. E na realidade quem está para aqui a desconversar sou eu...
Mas agora com essa de "confie nos perus" deixou-me intrigado. Em momento algum associei o peru a uma das partes envolvidas no negócio. Era apenas uma figura de estilo para ilustrar o size. que afinal doesn't matter. :-)

ana v. disse...

Essa agora... o peru não é, com certeza, o dono da faca... lol

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