10.10.08
O mar e algumas mãos amigas.
O poder de atracção que o mar sempre teve em mim é inegável e conhecido. Quase um chamamento inexplicável e nada racional que faz com que o rumo seja, invariavelmente, aquele que me leva para a imensidão de água revolta e espuma branca no areal, e onde descanso os olhos numa linha imaginária que há muito tempo deixei de ver, deixando que o meu espírito navegue, inquieto e agitado, até que o imaginado para além dessa linha me preencha a alma. Inevitavelmente, mesmo que involuntariamente, deixo que as vozes marítimas soem aos ouvidos das minhas crias, cantadas por coros afinados de sereias magistralmente dirigidas por Neptuno, maestro e senhor dos mares e oceanos. Mas o chamamento que me enfeitiça e me leva para oeste, é o mesmo que me impede de ouvir outras vozes sussurradas que me transportariam para leste. Para o interior, para onde as raízes terrenas e ancestrais me devolveriam parte da História. Uma Mão Amiga deu origem a este post e teve o condão de me fazer reflectir sobre o que, sem que seja voluntariamente, poderei estar a sequestrar às crias. Afinal, e aqui cabe a confissão, poderá não ser somente o mar o “culpado”, mas também a alma desenraizada que coabita comigo e em mim. Atento ficarei às vozes que me chegam, em brisas desconhecidas por mim, sopradas por Minerva, senhora da sabedoria e do conhecimento, para que esta atracção e esta paixão cega, não sendo genética, hereditária não se torne. Descanso, repousado numa tranquilidade clandestina, egoísta e preguiçosa, por saber que as crias têm mães que as farão ouvir as vozes de Minerva. Mas numa promessa velada e tímida, respondo em silêncio à minha voz calada que me diz dever fazer um esforço para as escutar. Não por mim, que já pouco poderei fazer, tanta é a água salgada que me corre nas veias, a constante procura da brisa marítima que me molha o rosto e o confronto a que não resisto submeter-me com as vagas que se levantam no meu mar querido. Mas por elas, as crias.
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25 comentários:
Percebo-o, Mike.
Eu deixo-me levar pelos dois apelos mas nada me acalma, nada me preenche como o mar.
"Ele" é vida; para os psiquiatras representa a mãe, aliás...
:-)
a mim acalma, dá-me Paz, força!
daria a vida para ter escrito o poema de Sofia " quando eu morrer/voltarei para buscar os instantes /que não vivi junto do mar"
Ah, o mar, Fugidia... :D
Júlia, bem sei que poderei não fazer-me entender, mas poucas coisas para além do mar me fazem sentir tanto eu próprio. ;-)
Mike
corre um boato na net que o menino vai de fim de semana cm a Rosarinho. É verdade?
lol lol lol
lol lol lol
:-)))
Júlia, não confirmo nem desminto. Sou um cavalheiro, não ligo a boatos ou rumores e a Rosarinho é uma senhora que merece o respeito de todos. Apenas relembro que não me chamo Quitério, não sou servente e sou muito mais bonito, atraente, sedutor e sensual que o rapaz que dá por esse nome.
Ai, agora é que não consigo parar de rir!
«sou muito mais bonito, atraente, sedutor e sensual que o rapaz que dá por esse nome»?
lol lol lol
:-)))))
Fugidia, não vejo nenhuma razão para duvidar de quem mo disse. :-)
é que eu sou raposa velha, sabe, Mike. Estou desconfiada .Ela diz que está de abalada com o Quitério, mas não vai resistir ao seu slogan "bonito, atraente,sensual" , às tantas diz isso para nos distrair.
Não a leve por amor aos deuses para junto do mar, que eu fco com ciumes :-D
Mas Júlia, não é ao chamamento do mar que não consigo dizer que não? E há mais quem só consiga dizer que sim. :D
Ah, e não se trata de um slogan mas sim de um produto genuíno. (risos)
lol lol lol
(quem terá sido a alma caridosa que lhe disse semelhante coisa?!)
Ai, Mister, não posso aqui voltar; o riso é tanto que ainda fico demasiado desperta para dormir e amanhã há mais mobiliário para montar na nova casa.
Não quer vir dar uma ajudinha?
;-)
Esqueceu-se que vou de fim-de-semana, Fugidia? Não tenho mobiliário para montar, menina... (riso abafado)
Fugi, ele ainda afoga o coelho no mar...
A coelha, Júlia, a coelha...
Mikezinho sedutor e sensual, também gosto muito de olhar o mar, ao qual reconheço- como não?- todos os benefícios apontados, mas, acredite em mim,conhecer o nosso país todo- desde as aldeias de sonho, às terras altas cheias de urze até ao Douro vinhateiro, Deus meu!...
Sabe Cristina, eu até sou dos que me considero um razoável conhecedor de Portugal. Acima da média concerteza. Mas a tendência, a contrariar, tem sido desviar-me do interior. Obrigado pela mão amiga. :-)
Eu percebo perfeitamete o apelo, Caro Mike. Curioso, para os Marinheiros, o mar é visto como feminino, para a maioria das Mulheres que conheço é eminentemente másculo. O tal magnetismo universal,enfim.
Quando quero escapar-me a ele, penso sempre que é uma água que nos obriga a lavarmo-nos noutra...
Abraço
É verdade o que diz em relação ao mar, caro Paulo. Contudo para mim, e sem que alguma explicação razoável encontre, o mar é macho. Neste caso particular o magnetismo universal não se aplica.
Abraço.
Depende dos mares, Mike. O mar mediterrânico parece-me muito «terno» para ser masculino. E o atlântico muito «exaltado» para ser feminino. :-)
Mas, voltando à questão do Quitério, aqui repesco a velha ideia de que não podemos avaliar o seu poder de sedução e a sua sensualidade se não se mostrar, Mike. O que começa a ganhar foros de imperativo! Como pode permitir que a nossa Fugidia introduza uma pequena dúvida que seja nos nossos espíritos?! ;-D
A visão do mar liberta-me, Mike. Mas sempre que passeio pelo interior tenho uma sensação estranha de reencontro ou regresso, um pouco na linha da ideia de que foi da terra que nasci e a ela que hei-de voltar. Gosto de os alternar, mar e terra, na minha modesta experiência de viajante. :-)
Sempre metódica nos comentários, Luísa. Nem me atrevo a desviar-me um milímetro que seja nas respostas ao seu comentário. (risos)
O Mediterrânico, para mim, só é mar na geografia, Luísa. ;-) Quanto à questão do Quitério e aos adjectivos mencionados, devo dizer-lhe que já me mostrei, num almoço, a duas senhoras que habitualmente nos comentam. E não me recordo se o convite à Luísa foi feito ou por si declinado. Se foi este o caso... teremos que esperar pelo tal almoço italiano. ;D
Last but not least, o mar. A primeira diferença: o que a liberta a si é a visão dele, enquanto que para mim é a vivência como ele. Acho que a Luísa me entende... E normalmente gosto de o alternar, mar e mar, na minha modesta experiência de "homem do mar". ;-))))
O mar, para mim, é uma verdadeira necessidade física. Não estou a exagerar, se estiver muito tempo longe dele começo a sofrer de uma nostalgia e de uma saudade que nem consigo explicar. Seria infelicíssima se tivesse de viver num país sem mar. Um rio ou um lago podem ser lindíssimos - claro que também gosto de vê-los - mas falta o cheiro revigorante da maresia, a energia, a vida, a cor. Não se compara. :-)
Considere-se uma "mulher do mar", Ana. :-)
(Ainda a vejo, um dia, em cima duma prancha, numa tarde de Outono) :D
No Outono não garanto (a não ser que a água não esteja gelada), mas já fiz muitas vezes bodyboard no Verão. E se estiver muito frio, um barco ainda é melhor.
Alto e pára o mar! De barco só se for para ir de um lugar para outro. Água fria no Outono? Não com um fato 4-3. ;-)
Aí concordo consigo, Mike: detesto estar em barcos parados... mas gosto muito de navegar, e quanto mais depressa melhor!
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