Nas grandes cidades é difícil viver os hotéis deixando-nos contagiar pelo clima que nos rodeia e envolve, e entregarmo-nos a eles de modo a sentirmo-nos impregnados pela atmosfera do nosso abrigo fugaz, de breves dias. Ao contrário do campo ou da praia, normalmente nas grandes cidades bastam-nos elas e o que nelas procuramos, sejam quais forem os interesses que nos impulsionaram a partir à sua descoberta. No campo ou na praia, especialmente no campo, a nossa relação com os hotéis é mais afectiva e exponencia o estreitar da relação com o local. Eu pelo menos sinto assim. Mas existem excepções que confirmam a minha, e apenas minha, regra. O Royal Hotel é uma delas. A Dinamarca é, muito provavelmente, o país mais latino entre os que constituem a Escandinávia, ou não fosse ele, também, o mais meridional. Mas isso não torna, aos meus olhos, Copenhaga uma cidade menos austera, apesar do seu encanto e da forma acolhedora como os seus habitantes nos recebem. Quando olhamos de fora para o Royal Hotel, é impossível não sermos imediatamente confrontados com uma modernidade impessoal. Mas no seu interior somos contagiados pela concepção e decoração magníficas do arquitecto dinamarquês Arne Jacobsen, ele que também é um talentoso desenhador de mobiliário e foi o criador das famosas Egg e Swan chairs, assim como da menos conhecida e rara Drop chair. Tive o privilégio de ficar hospedado na Suite 606 e de estar rodeado e sentir-me envolvido por uma atmosfera única proporcionada por um hotel que não esquecerei, mesmo tratando-se de uma visita profissional. Pela minha experiência, são poucas, mas o Royal Hotel constitui uma excepção à tal regra, um local onde, paradoxalmente, se agitam os sentidos e se apazigua o espírito, e que me fez olhar e viver Copenhaga com outros olhos e outro sentir.
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15 comentários:
Copenhaga foi uma agradável surpresa para mim. Gostei muito da cidade.
Beijinho
Não conheço Copenhaga, infelizmente. Esse interior pareceria frio, embora de bom gosto, se não fossem as cores, que adoro.
eu não conheço, tão pouco o Royal...mas com esta descrição tenho que conhecer...;
obrigada pela história mike
Foram só uns dias, Leonor. Mas, surpreendentemente, fiquei com vontade de lá voltar. :-)
Se o meu conselho valer para alguma coisa, quando pensar em aventurar-se para norte, a Ana que gosta da gente do sul, ;-) escolha Copenhaga. E o hotel é fantástico.
De nada Corine. :-)
Eu também não conheço o Royal, apenas o Royal Hotel... (risos)
E digo-lhe que vale a pena.
pronto, pronto...perdoe-me a falta de precisão.
continua a aguçar a curiosidade para os pormenores sabendo-se que nunca os contará...
muito bem, a melhor estratégia!
(sorriso de bisbilhotice)
E para além do design inovador, os assentos são, ao menos, confortáveis, Meu Caro Mike?
Ab.
Ah, essa curiosidade feminina, Corine... :-)
Eram sim senhor, caro Paulo. Como uma peça de design irrepreensível deve ser, acima de tudo. Eficaz. No caso dos assentos, uma das partes das cadeiras, devem ser confortáveis.
Abraço.
Sou muito sensível aos hotéis, Mike, porque, por onde quer que viaje, gosto de fazer vida de hotel. Mesmo visitando cidades que não conheço, gosto de as ver sem pressas e de fazer intervalos frequentes, designadamente no hotel. Tenho sempre, por isso, um ou dois hotéis associados aos locais por onde andei. Tomo nota do Royal Hotel para o caso de me deslocar a Copenhaga, de que só conheço o aeroporto, onde, por acaso, me diverti imenso. ;-D
Luísa, o seu último parágrafo deixa-nos curiosos (eu a falar no plural... risos)... divertiu-se imenso no aeroporto de Copenhaga... um dia devia escrever sobre isso. ;D
ai essa curiosidade masculina...
(muitos risos)
Touché! :-)
Também só estive uns dias mas ainda fui a Elsinor fugazmente e cuja história contei aqui e à Suécia. Apanhámos o início da Primavera e havia muita gente na rua. Gostei mesmo.
Beijinho
Imprevisto mas belo... como eu achei o Royal Hotel (e Copenhaga), Leonor. :-)
Muito giro... mas tenho mau gosto, prefiro ambientes com cristais e algum barroquismo, estilo Hotel de la Paiva (Paris). Mas não me importava nada se pudesse pernoitar neste local esverdeado. Nada, mesmo...
E eu não me importaria de pernoitar no De La Paiva, caro Nuno. :-)
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