Inaugurámos a palavra “amigo”.
“Amigo” é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
“Amigo” (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
“Amigo” é o contrário de inimigo!
“Amigo” é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
“Amigo” é a solidão derrotada!
“Amigo” é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
“Amigo” vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O’Neill, in No Reino da Dinamarca
Deu-me uma vontade de voltar ao grande O’Neill, que estou a reler. Às vezes dá-me para isto, o que é que querem que vos diga? Mas não dispenso o Calvin e o seu amigo Hobbes na mesa de cabeceira.
10 comentários:
Coincidência, Mike: hoje também andei pelo Reino da Dinamarca, mais concretamente por Elsenor, e lá encontrei também a solidão; derrotemo-a com a Amizade, como sugere O'Neill!
Podia dar-lhe para pior, Mike. Às vezes, também acontece… ;-)
Mas gostei muito. Identifico no poema um louvor indirecto à solidez de uma amizade que resiste a todas as ironias. ;-D
Quanto ao Calvin & Hobbes, temos mais um companheiro inseparável? :-)
A amizade é (quase) tudo o que há de melhor na vida.
Mas aquela do “Amigo é o contrário de inimigo" lembrou-me a Lili Caneças, não sei porquê... ;-)
(Não se zangue comigo, Mike. Não é aqui que se desconversa?)
Sugestão aceite, Cristina. :-)
A Luísa consegue sempre ver coisas que eu não vejo. (risos)
E deixe-me que lhe diga que ultimamente está muito contestatária. (mais risos)
Temos sim senhora. Descobri já há algum tempo, que gosto de me rir antes de adormecer. Parece que o sono é melhor. :D
Nada de nos esquecermos do vil metal, Ana. ;-)
E porque haveria? Gosto que desconverse. :D
Ora, ora, não querem ver que o Mister até já posta poesia?
:-p
Mas faz bem e o tema é bom :-)
Como dizia Simone Weil, «a amizade não se procura, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se.»
Beijo respeitoso e amigo :-p
Se não me engano, o O'Neill deixou instruções para que na tumba fosse devidamente assinalado que tinha dormido pouco. Se calhar faltava-lhe um Calvin à cabeceira...
Ora, Fugidia, acho que não me renderei à poesia. Creio que é demasiado tarde, ou talvez ainda seja cedo. (risos)
Não te enganas, não, José. E se calhar tens razão.
Abraço.
acho lindo...como só podia.
Congratulo-me que a Tua incursão poética, Meu Caro Mike, tenha eleito O´Neill, de que tanto gosto.
Num conto de Jorge Luís Borges li que "acabamos sempre por nos assemelharmos aos nossos inimigos" Pois o conceito de Amigo é o contrário disso,realmente, o de comunhão na diferença.
Abraço
Obrigado, Corine. :-)
Desconhecia o que Acabaste de me contar, caro Paulo. E não há como discordarmos de Jose Luis Borges.
Abraço.
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