Logo à partida agradou-me saber a origem do nome em latim. Australis, que significa “do sul” e que as lendas mencionam como terra australis incognita. Terra Desconhecida do Sul também me agradou, principalmente pelo desconhecido, e por saber que foi desconsiderada pelos cartógrafos durante anos a fio. O facto de saber que foi uma colónia britânica é igualmente reconfortante. E há qualquer coisa que me atrai, e que não sei explicar, por saber que foi um terra colonizada por proscritos, pelos condenados que cumpriram o objectivo de esvaziar os presídios do Reino Unido, recordando-me uma dúvida que sempre pairou em mim sobre a crença, ou falta dela, de Dostoievski nos homens, tão bem retratada em Humilhados e Ofendidos. Santos não deviam ser, mas humilhados e ofendidos chegaram ao continente mais novo do mundo, transformando-o num dos países mais apetecidos, ou não seria cerca de 23% da sua população constituída por imigrantes. E contrariando a tendência do velho mundo, essa população, pelo que pude indagar, é maioritariamente jovem. Isto está a compor-se! Depois só ali há marsupiais, ornitorrincos e Monstros da Tasmânia, o que lhe confere um carácter único e misterioso. As cidades são modernas, num território onde a natureza se excede e se impõe. Uma terra que parece não ter fim e, quando o descobrimos, esse fim é o mar. Isso é bom. A economia é das mais avançadas, figurando no 17º lugar do ranking mundial. Caramba, tudo isto me parece perfeito. Tenho dificuldade em encontar-lhe defeitos. Alguém me dirá que o mar está infestado de tubarões. Bah! os animaizinhos precisam de viver, certo? Se calhar os australianos não gostam de frangos. Vou ter que pesquisar mas confesso, antecipadamente, os meus receios. É que era a virar frangos que contava especializar-me, com o propósito de enriquecer. Deve ser esse o defeito que vou encontrar. Está visto que ainda não é desta que vou emigrar... por enquanto.
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19 comentários:
Apetecível, de facto, pelo menos para uma visita de exploração. Não conheço a Terra do Sul, mas diz-me quem lá foi que é um continente de visita obrigatória. Com ou sem frangos.
Um bom dia para si, Mike.
Um bom dia também para si, Ana. :)
Se for, também quero ir :-)
Este seria um dos países para o qual eu emigraria.
E se não houver frangos, eu posso abrir um cabeleireiro e o Mike uma escola de natação :-)))
Se é que a Feira do Livro chegou a abrir e ainda não fechou, recomendo vivamente "Down Under", de Bill Bryson. Ainda não acabei, por isso não posso garantir que não aborda o tema dos frangos, mas tudo o resto é delicioso. Com vossa licença, especialmente do anfitrião mike, aqui vai uma pequena história transcrita de memória:
Uma amiga de uma amiga do autor (ele é americano, elas são australianas) muda de casa. Ao lado das novas instalações da família há um terreno vazio. Um belo dia chega um grupo de homens e começa a construir uma casa nesse terreno.
A amiga da amiga tem uma filhota de 3 anos, que se enche de curiosidade com aquele movimento e se vai acercando da obra. Os homens acham-lhe piada, adoptam-na como 'mascote' e, por brincadeira, começam a encarregá-la de pequenas tarefas.
A miúda delira com aquilo e os homens da obra também. Ao fim de uma semana, os homens dão um envelope à miúda com uma moeda reluzente, a título de salário. A miúda, toda contente e orgulhosa, mostra o seu salário à mãe. A mãe mostra-se muito surpreendida, elogia imenso a miúda e diz-lhe que têm de ir depositar aquele dinheiro.
No dia seguinte vão ao banco. O caixa também entra no espírito. Mostra-se muito admirado e pergunta à miúda onde é que arranjou tanto dinheiro. A miúda diz-lhe a verdade: "Esta semana estive a construir uma casa". "Sim senhora, muito bem. E para a semana também vais construir uma casa?", pergunta o caixa.
E é aqui que temos de mudar para o inglês, imaginando-o na boca de uma australiana de 3 anos: "I will if we ever get the fucking bricks".
Depois desta deliciosa história do José, o Alfredo, vou amanhã à embaixada... (risos)
Meu Cro Mike,
ma Austrália sempre me fascinou a sementeira de cidades na orla costeira, enquanto todo o coração interior do continente ainda está muito por desbravar.
Quanto aos tubarões, também os há por cá, basta visitar a nossa Colega do «Cinco Sentidos» e o relatório que ela nos dá, a respeito. E olhe que não é em sentido figurado. Se não chegar como prova, tenho mais munição.
Abraço
Austrália, Mike? Ainda bem que "ainda não é desta :)
Fugidia, vamos lá ver, escolas de natação na Austrália devem haver às resmas; cabeleireiros... hum, não sei. Acho que a menina tem que aprender a temperar frangos se não tiver jeito para os virar. (risada)
José, meu amigo, acho que vou retirar o "por enquanto" deste post... que história fantástica. Ainda te ajeitas a virar frangos? :)
Meu Caro Réprobo, irei seguir a sua sugestão e darei uma espreitadela aos "Cinco Sentidos". Fiquei curioso com a história dos tubarões.
Abraço.
Ora, Cristina, porque não? :)
Então depois desta história do José, o Alfredo, estou a pensar seriamente em abolir o "por enquanto". :)
Porque não, Mike? Porque, depois de ler o livro de Bruce Chatwin «O Canto Nómada», não fiquei com uma imagem muito deslumbrante; a fazê-lo, faça-o com estilo :)
Mister,
com essa de temperar frangos estou farta de me rir! Até me dói a barriga!
:-)
Meu caro Mike, aí temos, de novo, os famosos frangos a sustentar aspirações emigratórias. Mas a Austrália não me seduz. Do meu contacto com australianos – e com uma amiga que por lá casou e lá vive – retenho uma imagem de fundamentalismo ambientalista, que me desagrada. Na altura em que usava - com a minha filha!... - fraldas descartáveis, os comentários que não ouvi do muito que estava a lesar o meio ambiente e as recomendações de que retrocedesse às inócuas fraldinhas de pano (e aos trabalhos associados, claro!) Parece que toda a gente o fez, por essas remotas bandas. E eu não consigo admirar uma terra em que até o vulgar cidadão faz campanha pelo uso de fraldas de pano. Li em tempos, não sei já onde, que esta atitude perfeccionista e intransigente seria a consequência de um complexo com a tal ancestralidade problemática de que fala. Talvez… :-)
Luísa: há que fazer o pino para ver as coisas como eles, a respeito de fraldas ou de outro assunto qualquer. Eu, infelizmente, não me sinto em condições de semelhante exercício, mas tente e verá.
Com as devidas desculpas ao mike e com uma pequena bolinha no canto, aqui vai uma anedota (prometo que não conto mais):
Um australiano diz a alguém não-australiano o que pensa da cerveja americana: "It´s like making love in a canoe".
O outrem mostra-se confundido, perdido, pouco esclarecido. O australiano explica melhor: "It's fucking near the water".
Como é que se pode embirrar com gente desta só por causa de umas fraldas?
Meu caro José, só falei em fraldas para desviar a atenção dos frangos. ;-D
o que me agrada mais na Austrália é que as mulheres são super-protegidas lá. Os homens nem piam :-)Se falam alto para uma mulher, sã de cana :-))
isto segundo o relato de uma amiga que fez um estágio por lá com o marido. Também dizem que as mulheres são todas , semexcepção muito agradáveis á vista.
Cristina, concordo consigo sobre fazê-lo com estilo. Seja então. Chicken style... :)
Luísa, acredite que terei em consideração o seu conselho. Contudo fraldas já não devo ter que mudar a não ser a netos. Mas fiquei a pensar nesse fundamentalismo àcerca dos cigarros. É que o vício ainda cá anda. :)
José, com o devido respeito pela Luísa, estou contigo. E lembrei-me de outra em que um cidadão norte-americano, ao viajar para a Austrália, perguntou e ouviu como resposta: Will I able to see kangaroos in the street? It depends how much you've been drinking".
Júlia, o seu comentário é de amiga. :)
Lá as mulheres são todas, sem excepção, agradáveis à vista e os homens nem piam. Caramba, elas lindas e não nos obrigam a falar. (risos)
;-) foi o que me contaram, ipisis verbis
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