2.7.09

Quando o pudor é inimigo do negócio.

A revista Playboy é uma marca com notoriedade a nível mundial, de reputação em determinados círculos e com leitores fiéis. Uma marca que lança 12 produtos por ano, com uma periodicidade mensal, e esses 12 produtos têm 12 packagings diferentes mensalmente. As capas, que mais não são que os packagings a que me refiro, são, neste tipo de negócio e para as marcas que se inserem neste sector, tão importantes como os conteúdos. Os sentimentos de embaraço, constrangimento, vergonha, recato ou mesmo castidade, que normalmente resumimos como pudor, não fazem parte do ADN de marcas como a Playboy. No Brasil, onde vivi, a relação com a sexualidade e com o corpo é diferente da que estabelecemos por cá. Lá pude constatar, desengane-se quem pensa o contrário ou veja levianamente pecado somente para um lado, o do lado de lá do Atlântico, dizia eu que pude constatar que essa relação apenas é diferente e, em meu entender, mais saudável e menos cínica. Há dias, quando comprava o jornal, a capa da mais recente edição da Playboy portuguesa chamou-me a atenção. Por estar envolta num plástico, obviando a degustação visual que é um acto natural praticado por quase todos nós quando se trata de uma revista, e pela semi-nudez envergonhada e pálida da mulher da capa. Uma capa repleta de pudor, que podia muito bem ser a capa de outra revista de carácter geral ou mesmo feminina, cujo título poderia ser “proteja a pele sensível dos seus seios no Verão”, já para não falar na inexistência de nudez explícita no interior, em edições anteriores. Na Playboy brasileira, ou há dinheiro para aliciar personalidades públicas e actrizes conhecidas, como por exemplo as fascinantes Luma de Oliveira, Flávia Alessandra, Babi, Deborah Secco, Mel Lisboa ou Juliana Paes, ou se contratam desconhecidas que geram, como reacção imediata dos consumidores, frases do tipo “quero ver essa cachorra”. Não critico nem julgo os bons costumes, só que há negócios que não se compadecem com pudor. A Playboy faz parte de um desses negócios, mas parece que em Portugal quem a dirige ainda não assumiu o ADN da revista. O consumidor é implacável e as marcas que não assumem a sua essência e a sua razão de existência arriscam-se a serem mal sucedidas porque, neste caso, o pudor é inimigo do negócio. *

* Fui alvo de censura, claro que fui. E intimado, ameaçado e julgado em praça pública. Ah pois fui. Só não me algemaram! A Justiça falhou, bolas!

29 comentários:

fugidia disse...

Com licença, com licença, chegou a Brigada dos Bons Costumes, que há muito tempo tem estado ausente neste pedaço de desconversa!!!

Ora bem, o que temos aqui?!
Hum... um, dois, três, quatro... cinco... temos cinco... hum... hã.... revistas, de conteúdo inominável.

Cinco, ora bem... deixa cá ver... vezes... hum... a somar... pois...
Já está!

Veredicto: contra-ordenação com pena abstracta de multa que pode ir de cinco a dez semanas sem postar nada que diga respeito a... este tipo de assuntos.

Assim sendo, na minha infinita generosidade, e atendendo a que o arguido é primário, condeno-o na pena mínima; ou seja, na multa de não postar, durante cinco semanas, quaisquer assuntos desta natureza.

A sentença é irrecorrível.
Boa noite.
(sorriso de gioconda...)

Rita Roquette de Vasconcellos disse...

'Por outro lado, as mesmas mulheres que andavam com as saias até ao tornozelo, quando chegava a hora de ir trabalhar para a horta, não tinham nenhuma dúvida em recolher as saias, pois a situação assim o exigia'
in 'As Leis do Pudor'
http://amarcomocorpo.no.sapo.pt/leisdopudor.htm

( a propósito ... )
ah ah ah

bjs

ps
eu poderei ser o Fiscal
lol

Mike disse...

Aqui estou eu entregando-me, de livre e espontânea vontade às autoridades e à Justiça. Tem as algemas, Fugidia? (gargalhada abafada)

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Ó Rita, acho arquitectas não podem ser fiscais... (risos)

(a propósito)... (mais risos)

Ah, essa história tem tudo a ver com o pudor e o negócio (da horta). ah ah ah ah :)))

Lucia Luz disse...

Mike

Concordo 100% com você.
Vamos lá a mulher brasileira é sensual por natureza e talvez isso seja tão natural.
Somos as decendentes das índias que Pero Vaz tão bem descreveu. E já elas não tinham vergonha de mostrar o corpo.
Quando vi a Playboy n° 1 de Portugal achei que era brincadeira.
Primeiro por " nascer" só agora. Segundo porque a mulher estava tão vestida...tão vestida que não acreditava.
A Playboy brasileira tem artigos excelentes e bem sérios.

Lina Arroja (GJ) disse...

Estou com a Fugidia, que isto aqui é um blogue familiar para ter esta pouca vergonha. Ora essa! Anda uma pessoa a esconder as revistas aqui por casa e agora vem este amigo da onça fazer estragos.
Se a Rita é o Fiscal, eu sou o Engenheiro desta linda Obra e não me responsabilizo. Toca a fazer uma queixa com direito a multa e embargamento dos trabalhos.
Se amanhã tiver um cartaz de desculpas pode ser que mude de opinião, caso contrário esqueça o alvará. (risos)

Lina Arroja (GJ) disse...

E a menina Luz, não precisa de vir ajudar à festa com essa história de descendentes de índias...como se as mulheres portuguesas não o soubessem...e os homens nem com os olhos tapados se calam... ;)

fugidia disse...

Na presença da "Justiça" nunca ninguém está algemado, Mister
(que o Portugal de que se fala no post abaixo não é o EUA... - já agora, comento aqui que sem prejuízo de concordar que temos de nos olhar ao espelho e responsabilizarmo-nos, também é bom ter cuidado com as generalizações e com esta nossa mania de dizer que o que é nacional não é bom...) :-)

E se, porventura, o seu comentário contém algum pensamento malsão (aiiiii, que eu não posso crer!) devo dizer-lhe que terei de agravar de imediato a pena de multa por comportamento reincidente...
Humpfrt!

Mike disse...

Obrigado, Luz. Eu sabia que me iria entender. :)
E não ligue muito aos ciúmes que certas pessoas têm das descendentes das índias que Pero Vaz descreve. (risos)

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GJ, gostaria de lhe pedir um prazo mais alargado para fazer o pedido de desculpas e o respectivo cartaz. Pode ser? Agradeço, antecipadamente, a sua especial compreensão. (riso contido)

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Na presença da Justiça ninguém está algemado, Fugidia? Oh que pena... mas assim perde a piada, não acha? (gargalhada abafada)
(Lá vou eu ter a pena agravada... se calhar é desta que há algemas... muitos risos)

LADY-BIRD, ANTITABÁGIKA, FÃ DO JOMI LOL E JÁ AGORA DOS NOSSOS AMIGOS ANTI-TECNOLOGIAS: MARCHANTE (se não existissem tinham que ser inventados) disse...

Melga Mike, cale-se lá com as algemas que aqui as autoridades já toparam à distância o que pretende e dessas algemas com pelo só quando for preso, é que o seu companheiro de carcer é que lhe vai oferecer umas para brincarem aos polícias e ladrões...lol
Oh Mike, a jovem fernanda, 2º a contar da direita, é a tal que faz anos no mesmo dia que eu...lol

beijinho porte-se bem!

Luísa A. disse...

Mike, permita-me que discorde deste seu «post». Não me pronuncio sobre o conteúdo da revista, nem sobre a capa. Pronuncio-me, sim, sobre a sua exposição pública. A verdade é que os escaparates dos estabelecimentos ou quiosques onde se vendem jornais e revistas estão à vista de todo o mundo, desde o consumidor liberal da «Playboy», até à consumidora casta e recatada da «Fada do Lar». E por isso, entendo que os artigos em exposição pública devem ter o cuidado de não ferir os gostos e a sensibilidade de ninguém, preocupação que transcende, em muito, meras considerações de pudor. Pessoalmente, detestaria ver exibidas fotografias sobre tortura, sobre guerra ou sobre pornografia. O Mike provavelmente também, como, se calhar, o incomodaria ligeiramente – e incomodaria muitíssimo a geração dos nossos pais - ver expostas capas de uma «Playgirl» demasiado explícita (ou seja, incluindo nus masculinos integrais em poses provocatórias)… E, a propósito, há «Playgirls»? ;-D

Rita Roquette de Vasconcellos disse...

... o fiscal informa que vai fechar os olhos e aguarda em 'obra' a respectiva rectificação , afim de que para além da coima ou multa não lhe levem o alvará conforme GJ acima referiu ... e bem!

lol

Mike disse...

Lady Bird, acha que eu ia cair na esparrela de apanhar o sabonete no duche? (risos)

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A Luísa arranja sempre maneira de dar volta ao texto, não é? (risos)
Eu a falar da revista e a Luísa responde-me com escaparates, com os nossos pais, guerra, tortura e pornografia. A isso chama-se manipulação da opinião pública. (mais risos)
E ainda termina com Playgirls com homens nus... vou fazer de conta que nem li, Luísa... (silêncio circunspecto) ;)

Mike disse...

O suspeito, ou arguido, ou réu, ou algemado, ou lá o que as autoridades e a Justiça declararem, agradece, Rita. Este seu acto de generosidade não será esquecido. :)

L. Rodrigues disse...

POis é Mike,
Segundo sei, as FHM's GQ's e Maxmen da vida, apareceram porque nos EUA quando os supermercados começaram a vender revistas, as mães de familias não gostavam de levar com as PLayboy Hustler e Penthouses quando iam comprar batatas.

Daí ao Wallmart e congéneres banirem as ditas revistas foi um ápice a abriu-se um mercado para aquelas versões soft.

Não sei qual é a estratégia cá... nem como o retalho pode condicionar a coisa.

Ah, e pelo que tenho visto... também não era mau os nossos fotógrafos irem fazer um estágio.

Mike disse...

L, não conhecia esse enquadramento dos EUA. Foi em que século? (gargalhada)
Quanto aos estágios dos fotógrafos, não podia estar mais de acordo contigo. Abraço.

Lina Arroja (GJ) disse...

Século passado. No Canadá, as revistas continuam envelopadas no tal plástico, na prateleira mais alta para que os adolescentes não as possam comprar tal como o tabaco que deixou de estar à vista. Nos EUA colocaram uma persiana no armário do tabaco. Está lá, mas não se vê. Nada como os americanos para resolver situações. É forte e feio e já está. :)))
No Canadá o alcool é comprado nos "Liquor Stores" e pedem ID.
Mas nem sempre foi assim, tal como as revistas que serviam de passatempo a quem ia comprar muita coisa. Batatas nunca vi, mas se o L. o diz é porque sabe.

Mike, nunca tinha pensado, e estou a ver que a obesidade nos EUA se deve ao número de vezes que os cavalheiros se prontificavam a substituir as donas de casa na compra de batata....(sorrisinho)

Lina Arroja (GJ) disse...

O prazo alargado, tal como o fiscal disse, não pode ter mais de 48 horas. Quando muito diz ao encarregado para colocar um cartaz antigo, caso o fiscal apareça antes de tempo.;)

Mike disse...

(gargalhada)
GJ, o que eu me ri com a sua teoria sobre a obesidade nos EUA. :)))

Eu, como moço cumpridor, faço questão de cumprir com o prazo estabelecido pelo fiscal. ;)

Rita Roquette de Vasconcellos disse...

... o Fiscal lembra que está de olho vivo ... e ... atento!

:-)

fugidia disse...

Ora muito bem, Mister!

A justiça não falhou; a justiça cumpriu o seu papel, sopesando a censura com a necessidade de se ser pedagógico, por um lado, e demostrar preocupações com a reintegração do deliquente, por outro, tendo o cuidado de não exagerar na pena e sobretudo, não privar o incumpridor da liberdade, quando verifica que a adomestação ou, mesmo, o "ir ao bolso" surtem o efeito desejado!!!
(isto foi num só fôlego: ainda bem que só tenho dois cotovelos...)
:-D

fugidia disse...

P. S.
Psst, tome lá uma batatinha (ou prefere o bolo de chocolate? ;-) )

Mike disse...

Não se vê, Rita?... humprffttt!!!
Não há direito! ;)

...................................

Tanto fôlego que até parece que levei 2 cotoveladas, Fugidia. (muitos risos)
Para além de diabinho, agora chama-me delinquente?... humprffttt!!!
Bolo de chocolate! (risada)

L. Rodrigues disse...

Mike...

http://www.amazon.com/Playboy-Women-Wal-Mart-Suzan-Battaglia/dp/B0001906OK

:P

Mike disse...

eh eh eh eh... L. :P

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

tadinho, nao batam mais no arguido.

eu absolvo, eu absolvo!

o que é bom é para se ver, reclamam no Douro as moçoilas com a falta da Play girl

LOL

Mike disse...

Obrigado, obrigado, Júlia. Faltava cá uma moçoila do Douro para me absolver. ;D

ana v. disse...

Pois eu concordo absolutamente contigo (por muito que me custe...): esta interpretação pífia que fazem por cá do conceito da Playboy é coisa que eu não entendo. Se acham que não há mercado para a revista, não a façam cá. Mas se há mercado, não adulterem o conceito e o produto, porque para revista de conteúdos lidos - de texto - há-as muito melhores e a Playboy não acrescenta nada nesse capítulo. Se é nu é nu, ora essa! Só a compra e só a abre quem quer, e imagino que seja uma frustração para os habituais consumidores da revista não verem lá dentro nada do que esperavam.
Embora - e aí dou razão à Luísa - se deva proteger estes conteúdos das crianças, e por isso acho bem que estejam em sacos de plástico nas bancas.

E já agora... dona Fugi, quer esclarecer-nos melhor como "integrou" o delinquente? É que eu não percebi bem qual foi o castigo, ele parece ter gostado... ;-)

Patti disse...

Mike, isso é coisa de tuga europeu mas sempre provinciano, que gosta de folhear à socapa no quiosque da esquina, mas que não tem coragem de comprar, porque é homem respeitável e de família, assim como assim, faz pela calada e mantém a pose, toda apertadinha no nó da gravata.
Assim, dá cabo do negócio, amachuca os cantos das folhas com o nervosismo de voyeur, lambuza as páginas com a transpiração que lhe escorre do pecado e não compra a revista.

O brasuca não; é pé descalço, shortão e camiseta e está climaticamente acostumado à nudez que o rodeia. É menos pudico, mais abusado talvez, mas também mais verdadeiro. Compra a revista e descontraidamente, folheia-a no botequim enquanto se refresca com um chope gelado.

mike disse...

Estava a ver que não, Ana. Isso é que é falar e há muito tempo que não estávamos de acordo. :)

...................................

E não é que até com a Patti há acordo? Deve estar para acontecer alguma coisa... (risos)

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