Fiquei a saber que não tenho a sofisticação de um frequentador de casino, que nem aprecio, e que sou um predador. Que não sou alto já sabia. Um homem com 1,72 metros não é um homem alto. O perfil musculado é normal, por ser genético, pelos muitos anos a praticar desporto e porque o bodyboard ajuda. No cabelo, como é rebelde, passo gel, mas dizer-se mergulhado em gel acho um exagero. O no care estudado ao nível do vestuário que permite um sucesso invejável, nesta fase da vida a caminho do meio século é outro exagero. Depois há as vítimas. Mulheres na casa dos quarenta, contra quem disparo a minha arma. Sempre pronta é outro exagero, mas um gambler não desdenha tal elogio. Vítimas com quarenta anos? Pronto, está bem, consideremo-las vítimas e não se fala mais do assunto.
O primeiro round tem a ver comigo, de facto, apesar do meu irmão ter razão e moer-me o juízo porque tenho faltado aos treinos. Senhoras, tenham cuidado e não façam rigorosamente nada, que eu não desapareço, continuarei a escrever como e quando me apetecer. Mas atenção que eu manipulo, conquisto, engano e consigo a ilusão de um futuro que não tenho a mínima intenção de partilhar. E digo quero-te e amo-te quando quero e quando amo... mas enquanto quero e enquanto amo. Quando deixo de querer ou de amar, aí é mesmo simples. O telemóvel emudece, os e-mails não têm resposta e as campainhas das portas avariam. Sou aceite nas famílias e nos respectivos círculos de amigos porque a vida é assim mesmo. “Desculpem lá mas não me aceitem porque nunca se sabe o futuro que esta relação pode ter e não quero que se sintam, um dia, enganados” é realmente algo que nunca me passou pela cabeça dizer. E creio que jamais passará.
Podes dizer que sou um lince ou achar que vivo uma vida-faz-de-conta, na qual chego a acreditar tão cegamente que a realidade deixa de fazer qualquer sentido, mas "treinado por uma educação que não tive" não é uma coisa bonita de se dizer. Assim metes no mesmo saco também o meu pai, e a minha mãe que conheceste pessoalmente. Ainda se fosse contrariando a educação que tive, poderia aceitar. Esta parte incomodou-me, era escusada e não fica bem. Vou passar por cima das estórias e das incongruências, já que são muito pequenas, e também por cima da aparência que, felizmente não vai durar para sempre. Pois não. Se estou aqui a assumir quase tudo o que escreveste, a aparência dura até aqui. Resta-me o não ser lembrado. Depois de ter passado mais de um ano, parece que quem tem um problema não sou eu, até porque, como diz a label, foi short mas insistes em torná-la numa novel.
Restam as borlas. A técnica 3 dá um trabalhão, mas quem sou eu para dizer o que quer que seja se se trata de diversão? Acrescento apenas mais uma coisa a esta técnica: senhoras, cuidem que esse livro tenha muitas páginas e andem sempre com mais que uma caneta.
Ajudei ao the end, Once? Não tenho a certeza, mas pelo menos daqui para a frente podes mencionar o Mike e entreteres-te a mandar recados para outras pessoas, que eu sei que é mais forte que tu. Foi melhor assim, não achas? Assim as pessoas que nos lêem ficam a saber que tivemos um caso, quem é o gambler, e quem é o patife que te maltratou e te arrastou para um imenso lodaçal. O resto as pessoas já sabem, que te encarregaste de carpir as mágoas, espalhando muitas vezes o fel com uma ironia cítrica que te é própria. Bem sei que se perde um bocado a piada e aquele lado de misterioso cochicho, mas o teu talento inquestionável de escriba resolverá essa questão. E acho que não te custa admitir que, depois de ler tanta coisa a meu respeito, bem escrita é verdade, sou, pelo menos, um homem muito paciente. Não me orgulho particularmente de ter escrito isto, mas é desaforo a mais, mesmo para um homem paciente, e esta minha vida-faz-de-conta consome-me um tempo que nem imaginas. The end? Espero que sim. Para mim foi, há mais de um ano atrás.
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