16.4.09

2 + 2 + 1 = 1

A maior parte das pessoas vai-se desdobrando no dia-a-dia, uns mais, outros menos, numa actividade que o bom senso aconselha a relativizar. Não fujo à regra e, mesmo nos dias em que me sinto perdedor nesse desafio constante às vinte e quatro horas do movimento de rotação da Terra, relativizo, bastando-me para tal pensar que há sempre alguém que sai mais perdedor. Com o mal dos outros podemos nós bem? Por vezes aplico esse pensamento, cuidando que ele não se apodere de mim em definitivo. Num desses dias em que a reflexão se sobrepõe à acção, dei comigo a pensar nos meus filhos e na minha vida, que as pausas também servem para isso. E descobri uma responsabilidade acrescida, apesar dela me levar a uma conduta diária, sem que tivesse absoluta e profunda consciência disso. Abençoei essa descoberta, fruto de uma realidade que, felizmente, é pouco comum. A quem cabe garantir a coesão familiar quando existem crianças de dois casamentos, como é o meu caso? Ao pai. A mim. Há coisas em que um homem, ou uma mulher, estão por vezes sozinhos. Pequenas grandes coisas que passam despercebidas até as vermos como elas são. Esta casa, a nossa casa, com tudo o que ela representa para além, mas também, do espaço físico, é um dos pilares do nosso núcleo familiar. Dir-me-ão que são todas. É verdade, mas esta é mais do que outras. Porque de facto é, e porque tem que ser. Tal como essa responsabilidade acrescida de ser o pilar, para além do exercício do papel que cabe, ou devia caber a todos os pais, de duas famílias que a vida (desculpa-me passar-te as culpas, ó vida, que me dá jeito agora que escrevo), dizia eu, de duas famílias que a vida separou para se tornarem, no meu caso, uma só, e que a vida se encarrega todos os dias de unir. Está visto que a matemática e a vida nem sempre convergem. Se matematicamente o resultado da soma é igual a cinco, pelo menos na minha vida o resultado é um, ou melhor, uma família unida.

19 comentários:

Lucia Luz disse...

Que coisa linda!
Essa matemática de formar uma só família é linda!
Beijos matemáticos

Ana Guedes disse...

A vida é bela.
Espero de coração que seja sempre muito feliz.

Beijos

Lina Arroja (GJ) disse...

Mike, acredito que o esforço é maior para os homens pela razão que já aqui foi debatida. Somos nós mulheres que os trazemos ao mundo. Mas, se a vida separa o que dois uniram, o elo está naquele que tem a responsbilidade de ser mais competente. E aqui sim, estamos a falar de competência, para além de amor. Ser pai não tem nada a ver com ser marido. Dirão alguns ou a maioria que um bom pai tem de ser um bom marido e que um mau marido não pode ser um bom pai.E não estou a implicar que um divórcio se faz pelo estado do marido. Um divórcio faz-se pelos dois que andaram a dançar o tango.
Pode haver uma ponta de verdade, no que respeita à responsabilidade. E há homens que nunca deviam ser pais, tal como há mulheres que nunca deviam ser mães. A razão, na minha opinião, porque não conseguem que a matemática seja igual a 2+2+1=1.

Lina Arroja (GJ) disse...

Mike, eu tinha feito um comentário post que se perdeu por aí. A menos que não estejam a ser publicados sem a sua leitura prévia.;)

Lina Arroja (GJ) disse...

Já vi que é isso. Olhe eu agora a repetir-me o tempo todo...(risos)

Luísa A. disse...

Imagino, Mike, que não seja fácil manter a união de uma família onde há factores importantes de dispersão (nomeadamente por via materna). Tem, de facto, de se ser um pai muito animado, muito divertido, muito compreensivo, muito atraente, muito bom cozinheiro, muito imaginativo, muito empreendedor, muito mobilizador, muito, muito, muito… ;-D

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

:-)

beijinho, Mike, já disseram tudo!

Mike disse...

Obrigado, Lucia. :)

Ana, :)

GJ, gostei muito do seu comentário. Só essa de me chamar pé de chumbo para dançar o tango é que me deixou pensativo... (muitos risos)

Mike disse...

GJ, por razões que um comentário anónimo ao post das separações ajuda a explicar, resolvi activar a moderação dos comentários, coisa que nunca pensei fazer. Enfim...

Luísa, fui a correr fechar todas as janelas cá de casa, porque de repente o meu ego não cabia aqui. (risos) Os meus agradecimentos a tão gentil comentário. :D

Já foi tudo dito, Júlia? Mas faltava o seu sorriso. :)))

Leonor disse...

Que bonito, Mike :)

Mike disse...

Obrigado, Leonor. :)

sum disse...

Não digo que tem de ser super-homem, mas não deve estar longe.
Eu ás vezes sinto-me super-mulher e não consigo a proeza de ter essa soma. Parece a casa de uma grande familia Italiana e mafiosa. (risos)
Por isso muitos parabens!
e já agora bom fim de semana, sortudo :))))

Marie Tourvel disse...

Ei, querido, esta é sua Matemática? A mais bela que já vi. Matemática pode ser bela? A sua pode. Sempre pode.
Que texto lindo. :)

Um grande beijo da Marie

Patti disse...

Escrito desta sua forma tão bem disposta, até parece que é muito fácil. Mas não é.
E por isso mesmo os meus parabéns, por conseguir que seja.

Mike disse...

Obrigado, Sum. Já houve tempos em que quis ser super-homem, mas deixei-me disso há muito tempo. E já nem me considero, na verdade acho que nunca me considerei, il capo di tutti capi. ;D

Agradecido, Marie. Esta matemática é uma dádiva da vida para mim. Trabalhosa, mas gostosa. (risos)

Muito obrigado, Patti. :)
E adianta tomar estas tarefas em mãos sem ser de uma forma bem disposta? Lembro-me, com um sorriso, do seu último post. :D

cristina ribeiro disse...

E tem o Mike a lata de dizer que não é poeta? Para mim isto é a melhor das poesias: a vivida.

Mike disse...

Não é nada poesia, Cristina. Isto é matemática! (gargalhada)

ana v. disse...

Dá gosto ler-te, sobretudo nestes momentos. Parabéns, super-pai. :-)

Mike disse...

Ana, assim deixas-me sem jeito, miúda. :}

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