24.4.09

Ele há butiques e putiques.

Não me dei ao trabalho sequer de pesquisar sobre a Daslu. Escreverei apenas breves linhas fundamentadas no que li e me disseram sobre a Daslu, enquanto vivi nessa imensa metrópole que é São Paulo. Muito provavelmente, e tendo em consideração a velocidade a que tudo acontece, ou pelo menos acontecia na minha querida Sampa, algo pode ter mudado relativamente a essa mega butique de luxo onde as mais famosas grifes do mundo marcam presença. Armani, Calvin Klein, Gucci, Prada, Salvatore Ferragamo, Dior, Chanel, Balenciaga, Cartier, Manolo Blahnik. Pensem noutras marcas de luxo, sejam elas de roupa, acessórios, sapatos, jóias ou relógios e certamente as encontrariam na Daslu. A cadeia de restaurantes Buddha Bar abriu lá um restaurante e o empresário João Paulo Dinis não lhe quis ficar atrás com a Forneria San Paolo. Até helicópteros se podem alugar ou comprar. O fascínio do luxo na sua expoente máxima. Em 2005, já eu tinha regressado do Brasil, foi criada uma grife com o objectivo de gerar recursos para projectos da ONG Davida. Nasce a Daspu, um nome nada inocente e provocativo que não esconde, antes assume, sem vergonha, a profissão das suas empresárias: prostitutas do Rio de Janeiro. A Daspu é uma marca com notoriedade e o resultado das vendas desta já bem sucedida empreitada, reverte para projectos sociais e culturais da associação. Que os brasileiros são, genericamente e naturalmente, mais criativos que nós já eu sabia e tive a oportunidade de confirmar quando vivi em São Paulo. Que lá também existe a palavra preconceito, é uma verdade. Mas projectos deste teor fazem-me reflectir para além da genuína capacidade inventiva, conduzindo a minha reflexão, e admiração, à análise da capacidade empreendedora. Muito mais poderia ser escrito, aprofundando este case, analisando-o para além da criatividade e do empreendorismo e reflectindo sobre o fenómeno social, de mentalidades e dos tais preconceitos que há em todo o lado. A ponto de me ter lembrado de uma célebre frase do JFK que, adaptada às circunstâncias daria qualquer coisa do tipo "não perguntem o que o vosso país pode fazer por vocês, mas sim o que vocês podem fazer por vocês próprias". Fico-me por aqui, mas agrada-me saber que há países onde há boutiques de luxo e putiques.

6 comentários:

ana v. disse...

Já sabia da história, e tiro o chapéu a quem se teve essa ideia brilhante. Criatividade é isso mesmo, e os brasileiros são mestres!

Mike disse...

Eu também, Ana. Uma lição. :)

Lina Arroja (GJ) disse...

Olhem só a diferença. Em Portugal saiu o 1º número da Playboy muito a medo não vá chocar... Esta ideia só podia ser no Brasil que é mestre como diz a Ana. E é brilhante sim senhor:|

Mike disse...

Pois, GJ, este tipo de iniciativas diz muito sobre mentalidades, abertura de espírito, atitude social, etc. :)

Luísa A. disse...

…… (silêncio extremamente silencioso) ……

Mike disse...

(risos abafados... para não quebrar o silêncio extremamente silencioso) :)))

Arquivo do blog