13.4.09
Manoel de Oliveira e eu.
Tem aquilo que se costuma dizer uma bonita idade, o senhor. Não vejo como cem anos possam ser uma bonita idade, mas adiante. Julgo tratar-se de um realizador de que os portugueses se orgulham e muitos até veneram. Pois bem, quem serei eu para me opor com conhecimento de causa a tais sentimentos ou apreciação, quando está em causa um realizador com tal reputação? Respondo eu próprio a esta pergunta. Não serei ninguém. É que eu nunca vi nenhum filme do Manoel de Oliveira. E não conto ver, a não ser, cruzes, credo, canhoto, que algum carrasco seja incumbido de me torturar, preparando-se para me arrancar as unhas, partir-me os dedos ou enveredar por outras sevícias mais dolorosas. A outra possibilidade seria pagarem-me uma boa maquia de dinheiro para assistir a um filme do Manoel de Oliveira. Aí sim, ponderaria, bastando para tal o montante ser atractivo. Não vendo a alma ao Diabo, mas caramba, alugar não é vender e deixa-nos sempre em aberto a hipótese de a reaver. Mas essas possibilidades são remotas, ou praticamente impossíveis, por isso a possibilidade de algum dia ver um filme do famoso realizador português é igualmente remota. Será como que uma espécie de troféu, que reconheço de pouca ou nenhuma utilidade, que se transformará em cinzas como eu e comigo.
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22 comentários:
Hum... então depende da proposta?, da maquia de dinheiro?
Hum... e se o pagamento for em espécie, também pondera a possibilidade, Mister?
(sorriso cândido)
:-)
Mike,
Nunca também vi um filme dele.
O que eu acho admirável é que aos cem anos , ele ainda esteja na ativa e produzindo!
A arte , o amor com certeza são pílulas mágicas.
Beijinhos
que seca ter de concordar consigo...
Por outro lado, eu comecei a ver o Aniki-Bobó ainda no berço... E sempre que a "telvisão" o apresentava ali estava eu sentada na primeira fila. O meu pai era fã do Oliveira e sendo um homem do Porto e 15 anos mais novo que o realizador, claro que as filmagens da Ribeira eram contadas com o sabor de quem conhecia a história por dentro e por fora.
Assim, o filme tinha a voz de fundo do meu pai, antecipando a história da boneca partida, etc.
Para além disso, os personagens eram gente do povo.
Vi outros filmes do Oliveira, mas é necessário entender primeiro o homem para ter a coragem de ver os seus filmes. É exactamente como a Agustina Bessa-Luís, mas também são estas pessoas que tornaram o Porto antigo naquilo que ele é hoje e também contribuíram para formar tripeiros e a não deixar entrar os forasteiros.
Para o bem e para o mal, esta é uma característica da terra e da cidade.
Volto só para dizer que Manoel Oliveira é um homem com grande sentido de humor e que joga com perfeccionismos de outro tempo. De tal maneira elaborada que muitas vezes só ele consegue ver...e achar piada...:)
Apenas ele teria passado quase 5 minutos a filmar a roda da carruagem, só pelo prazer de a ver rodar e pelo fascínio da sua lentidão sem paragem no tempo.
Nunca vi nenhum filme completo do Manuel de Oliveira, embora tenha entrevisto, aqui e ali, algumas cenas. Não aderi ao ritmo, nem ao pesado formalismo de certas representações e, talvez por isso, nunca me tenha abalançado ao todo. Mas acho interessantíssimos os comentários da Grande Jóia. Há coisas que, para além da nossa primeira apreciação, só se compreendem conhecendo as circunstâncias do autor e da obra. Quanto ao próprio Manuel de Oliveira, já acompanhei algumas entrevistas com ele e gostei de o ouvir, pelas suas posições, pela sua aparente candura e pela sua graça. Finalmente, há que reconhecer que o trabalho dele tem obtido consagração internacional. O que será que eles lá fora vêem que nós não vemos? ;-)
Mike do Manuel de Oliveira não vê... mas do ManOel de Oliveira, já vê? lol
Já me aconteceu...=P
Tenho tempo se Deus quiser para ver a obra completa e depois falamos!
Não seja tão radical, e dê o braço a torcer a um Senhor que aos 100 anos de idade ainda trabalha, e vê o trabalho ser reconhecido mundialmente.
beijinho
Nunca vi nada dele também.
Ficar a olhar para o filme e levar 5 minutos a olhar para uma parede branca, porque o Sr. Manoel de Oliveira acha que é arte, para mim, não o é. Gostos não se discutem, não é assim?
Mas como é o único que temos..., assim tem que se aguentar mais uns anitos.
lol
jokas
Fugidia, se o pagamento for em espécie, depende da espécie para ver se vale a pena alugar a alma ao Diabo. (risos)
Não duvido que sejam, Lucia, mas mesmo assim não me convencem. ;)
Vá, Margarida, não seja assim... logo, logo, discordamos, vai ver. (risos)
GJ, a menina é tripeira, está visto (muitos risos). Quase me convencia com o seu comentário... e pagava o bilhete. Quase... ;D
Não sei, Luísa, não sei o que vêem lá fora. Mas é curioso ter tocado num assunto em qe concordo consigo, quando leio entrevistas dele. O homem cativa, o cinema dele não. :)
Já corrigi, Lady Bird... não bata mais no ceguinho. Corrigi mal vi o segundo comentário da GJ (que agradeço). Veja a obra toda e depois não me conte, está bem? (gargalhada). E dou o braço a torcer por outras coisas, por esta não, menina. ;)
Compre o bilhete e as pipocas que eu faço os comentários...(risos)
Luísa, é muito engraçado ver as imagens segundo a perspectiva de quem viveu a cidade naquela época.
O meu pai passou essa dimensão ao resto da família. Talvez por ele ser um tripeiro que se encantou com Lisboa em 1953, e também com a minha mãe... e aí ficou.
Mike, apesar de não parecer eu sou alfacinha.:)
Errata muito descomplexada: onde se lê, no meu comentário, «Manuel», leia-se «Manoel», (embora, cá para mim, o O seja um bocadinho a «armar»)… ;-D
Hum, nesse caso negociaremos... em privado (gargalhada abafada).
Creio que em breve fará um post de homenagem ao ManOel de Oliveira (risos soltos)
:-)))
Ups... eu gosto de comer pipocas no cinema (sorriso envergonhado).
A GJ não é alfacinha, já foi alfacinha. ;D
(muitos risos)
Deve ser para armar mesmo, Luísa. :D
Hum... negociações desse teor são sempre em privado, Fugidia. Negociemos então... (gargalhada)
eu vi dois filmes, mike. Um deles ainda em Vila Real, na companhia dos meus pais ainda vivos, o mais do que premiado "Trás-os-Montes" - adormeci eu e o meu pobre pai :-))uma seca de duas intermináveis horas para ver o que eu via numa perpectiva bem mais feliz e criativa, ao vivo e a cores!!
O Segundo, foi "A CARTA", num daqueles dias em que cismei ir ao cinema com uma amiga e todos os filmes que eu queria ver estavam lotados. decidimos ambas ver o dito para que pudessemos comentar mais tarde.
Passei o filme todo a rir, achei uma parvoice de tal tamanho que acabei rindo talvez de mim por me encontrar ali, com tamanho barrete!!
Na minha adolescencia passei alguns fins de semana em casa de um irmão dele, na companhia dos sobrinhos, (um deles foi o Simão no "Amor de Perdiçao") e ele estava por lá, usufruindo os ares da serra. velhinho simpático e lindo, que ainda nos financiou , uma "curta" numa tentativa que abortou para brincarmos aos cinemas :-))
Uff... acho que nem um verei, Júlia. :) Gostei muito de ler o seu comentário. :D
Ainda não é desta que discordamos, bolas! Mas eu, ao contrário de ti e de (quase) todas as tuas comentadoras, posso falar com propriedade: vi (por obrigação) quase todos os filmes dele até ao Vale Abraão, e mais... acompanhei de perto as filmagens de alguns deles. Por isso posso dizer, com toda a propriedade, que os acho... uma valente seca! Embora bonitos, concedo. São sucessões de bonitos quadros, mas não deixam de ser uma seca, de tão lentos.
Ao contrário dele próprio, que conheci pessoalmente e achei vivo, simpático e inteligente.
(Luísa, aqui para nós que ninguém nos ouve, o ManOel é a armar, sim... ou seria apelido!) ;-)
Caramba, Ana... ainda me obrigas a fazer um post só para discordar de ti... mas desconfio que não será o próximo. ;)
Não vamos voltar ao Kit Kat?
;)
Oh, não, Ana. Os meus abdominais estão bem, ou não? ;)
Aqules que mostrou não acredito serem os seus.
lol
jokas
Ora... e porque não? :)
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