14.4.09
Já me devo ter separado para aí umas 5 vezes e ter casado outras tantas.
A afirmação não é minha, mas não me importava que fosse. Aliás, até gostaria que tivesse sido. A frase, não sendo exactamente esta, título de um artigo que não resisti ler há uns anos, é de um professor de psicologia que se especializou em terapia matrimonial e que, lastimavelmente, não me recordo do nome. Esta mesma frase vem a propósito de uma animada conversa sobre a vida dos casais e dos difíceis equilíbrios que se procuram e nem sempre se encontram. Ao longo da vida, essa que mesmo não sendo madrasta, vai espalhando armadilhas pelo percurso que o casal trilha, nem sempre é possível, ou quase sempre é impossível, que os projectos individuais sejam convergentes, ou que os interesses e afinidades sejam coincidentes. É nesse momento, mais do que em algum outro, que os equilíbrios, por vezes instáveis, são fundamentais. Podemos chamar-lhes défice de paixão, falta de amor ou compreensão, mas para mim as palavras-chave são equilíbrio e competência, com experiência à mistura, claro. O artigo do professor, minuciosamente retratado e com humor, esclareceu-me à medida que o ia lendo. Na verdade, ele e a mulher estavam casados há mais de trinta de anos e tinham um casamento feliz, com muitos mais altos que baixos. Ele e a mulher, de acordo com o seu ponto de vista, já se tinham separado e casado vários vezes, sem nunca nenhum dos dois ter saído de casa. Sem terem tido necessidade de abdicar das suas individualidades e das suas expectativas, à medida que os anos e a vida em casal prosseguia o seu percurso. A certa altura, nesse excelente texto, ele perguntava porque é que as mulheres quando se separavam iam ao cabeleireiro fazer um corte de cabelo diferente ou mais radical, escolhiam um verniz para as unhas mais sexy, passavam a usar roupa mais sedutora, vestiam saias dois dedos acima, maquilhavam-se com mais cuidado ou davam mais atenção aos seus corpos. Ou porque é que os homens tratavam de ir ao ginásio mais vezes, num firme propósito de perder a barriga e os pneus, ficavam mais elegantes, até no vestir, riam-se mais, passavam a ser mais atenciosos, compravam a mota com que sempre tinham sonhado e revelavam uma independência que outrora parecia não existir. E termina, o professor, com uma derradeira pergunta depois destas duas: porque será que o homem e a mulher só fazem isso depois de se separarem? porque não o fazem enquanto são casal? Ele e a mulher fizeram-no, por acreditarem que o casamento é o princípio e não o fim de alguma coisa. Eu direi que eles encontraram um invejável equilibrío e foram extraordinariamente competentes.
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32 comentários:
Não sei Mike, daqui fala uma solteira e boa rapariga...=P
Mas se ele já não podia com ela, nem ela com ele... nem com muito cabeleireiro nem com muito ginásio eles se entendiam...
beijinho
Infelizmente nos casamentos as pessoas habituam-se e ficam discuidadas com a sua aparência.
Mas isso é a maior parte, porque existe uma pequena parte que se cuida e dá valor ao aspecto como uma arte para manter cativo o seu parceiro(a).
Beijinhos grandes ;)
" Casados há 30 anos, com mais altos do que baixos - e fala o Mike na sorte de quem tem um caminho bonito para o trabalho :); estou a brincar: aqui não se trata de sorte. Sabedoria?
Hum... fala de facto a juventude, solteira e boa rapariga. (risos)
Vamos combinar uma coisa, Lady Bird, desde que prometa que afaste a palavra paternalista (palavra de que não gosto)... daqui por... deixe lá ver... por 15 aninhos encontramo-nos e voltamos ao tema, pode ser? (mais risos)
O problema não é só a aparência, Ana. É o que ela revela sobre o que vai dentro de nós. :)
A Cristina está exímia na arte de desconversar... (risos)
E sabia que eu acho que ter um caminho como o seu para o trabalho muitas vezes não é só sorte? Às vezes também é sabedoria. :)
Lá vem ele outra vez com a competência... se fosse assim tão simples, Mike (como todos sabemos a receita, em teoria), não haveria casamentos mal sucedidos.
O sucesso de um casamento não é uma questão de competência, mas de muito amor recíproco. Não daquele amor romântico, que exige a perfeição e por isso vive fora da realidade, mas do amor verdadeiro, que é generoso, sábio e paciente. Haverá muitas pessoas capaz de amar assim, não duvido, mas é raro encontrar um casal constituído por duas dessas pessoas... e quando é só um a aguentar o barco, acaba por cansar-se e desistir, ou viver muito infeliz.
A vida a dois pode ser das experiências mais fascinantes (nem sempre, claro) mas é com certeza das mais difíceis! A piorar tudo, a raça humana não é naturalmente monógama... a monogamia é uma imposição cultural, que exige sacrifício e contenção. Tudo conspira para que um casamento não dure para sempre...
escrevi um comentário maior do que o seu post. Não me atrevo a publicá-lo. O resumo é o seguinte; entendo o desleixo de quem já tem e entendo o primor de quem procura cativar. A vida de todos os dias é cansativa e por vezes as prioridades não passam pelo espelho mas sim pelos almoços dos miúdos e os banhos e trinta por uma linha e quando ELE chega, só dá vontade de encostar, pijamito no corpo e cabelo emaranhado, e dizer "tou tãaaao cansada" que fazem a mulher esquecer-se de quem é. Terrivel, eu sei mas a teoria é tão mais fácil...
Acho que, felizmente, tenho um casamento de sucesso há 34 anos.
Arranjar ou não se arranjar, passa por se gostar e isso é fundamental.
Eu aprendio que é necessário ser-se 'egoísta', os dois.
Já estou a ver a cara arrepiada de todos
risos
Os dois, cada um por seu lado, não pode abdicar de si e só assim se consegue, pelo menos foi a fórmula secreta para nós dois. Evidentemente que haverá sempre cedências, mas nunca no fundamental de cada um.
Cada um de nós já tinha um casamento falhado, terá sido provavelmente por isso que conseguimos o nosso.
sorriso divertido
(Ah, nestas alturas quase me apetece escrever um post!)
Como começar este (espero que não demasiado) longo comentário?
Caro Mister Mike?
Mike?
Querido diabinho-armado-em-anjo-com-sotaque-italiano?
(risos)
Começo com as seguintes iniciais ;-)
Acho, meu querido H-A-M, que foi Stephen Kanitz quem escreveu isso. E a ideia-chave que ele queria transmitir era a da necessidade de renovação no casamento (de voltar a namorar, a cortejar, a seduzir e ser seduzido). Dizia ele que se queremos um casamento duradouro, não devemos querer a estabilidade mas sim saber mudar, evoluir juntos, descobrindo um novo homem e uma nova mulher, todos os dias, no companheiro/a.
Lembro-me de, há pouco tempo, ter lido uma história, uma lenda dos índios Sioux, em que um corajoso e valente Touro Bravo e uma belíssima Nuvem Azul, loucamente apaixonados, foram pedir ao velho feiticeiro da tribo conselho para se manterem sempre unidos, a vida toda.
O velho ordenou-lhes que escalassem, cada um deles, um monte, e apanhassem, com uma simples rede, um falcão e uma águia, e que os trouxessem vivos à sua presença.
Eles assim o fizeram e, ansiosos, perguntaram o que deveriam fazer:
«Matamo-las e bebemos do seu sangue?; comemos a sua carne?»
«Não! Amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro. Quando as tiverem amarradas soltem-nas, para que voem livres...»
Os jovens assim o fizeram e a águia e o falcão tentaram voar. Mas apenas conseguiam saltar pelo terreno e, irritadas pela incapacidade do voo, começaram a arremessar-se entre si, bicando-se sem parar.
E o velho disse:
«Vocês são como a águia e o falcão: se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro... Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, jamais amarrados».
Excelente conselho, digo eu.
Mas, claro, continuamos no maravilhoso campo da teoria, que todos conhecemos.
Tal como sabemos bem como é difícil aplicar a teoria à prática do stressante dia-a-dia, com as crianças, o trabalho, a restante família, os amigos, a net, o “nosso tempo”…
É uma aprendizagem que temos de ir fazendo, aliando à tal renovação a cumplicidade, a capacidade de cedência, o respeito, a amizade, o sexo (não necessariamente sempre por esta ordem) ;-)
esse tal deve ter casado com alguma marafona, Mike, da Serra da Estrela.
Olhe, se o mal fosse esse, eu nao teria descasado duas vezes, mas que tretas!!
sabe que mais? o problema é haver tanto psicopata e a gente não saber :-P
Caríssimas comentadoras, eu é que nem sei por onde começar e creio que, pela primeira vez como blogueiro, não responderei individualmente (as minhas desculpas), mas com uma vénia agradeço a riqueza dos vossos comentários. Mesmo assim, dedico umas breves palavras, desconversando, claro, a cada uma das senhoras.
A Ana, que não perde uma oportunidade de implicar comigo, é uma eterna romântica. (risos)
À Margarida apetece perguntar o que é feito do "nervo" que dá mostras ter. E dizer-lhe que, fique sabendo a menina que às vezes é ELE que chega e tem essa empreitada de que fala. :))
Claras Manhãs, a si resta-me dar-vos os parabéns, se bem com uma pontinha de inveja à mistura, mas sei que será entendida e desculpada. :D
À Fugidia agradecer-lhe ter-me lembrado o autor da frase e dizer-lhe "ó nuvem azul feita águia (aargh), não se esqueça de deixar o falcão voar". (riso abafado)
E Júlia, foi a menina que me fez dar uma valente gargalhada... marafona... (não páro de rir)... :)
Olhe Mike, este país não foi feito para trabalhar...e fala-me outra vez em competência.
A malta curte o casa / descasa e a ida ao cabeleireiro e a retirada dos pneus porque tem de ir muitas vezes à Loja do Cidadão.;)
(gargalhada sonora)
Acho que tem razão, GJ. :D
tem razão, nada!!
eu sempre trabalhei e muito e nunca deixei de cuidar de mim.Assim fui habituada e nunca fui "senhoreca" daquelas que andam pela casa de robe o dia inteiro ou de fato de treino!!
Confesso que entrava em cataclismo porque o tempo era pouco, mas conseguia.
olhe, Mister, mude de assunto, se faz favoir e apresente-nos um bom actor, porque sem o Esconderijo as vistas andam muito más :-(
Raça de mulher, esta... ainda faz com que abra mais uma excepção, lhe faça a vontade, e volte a apresentar um morção, carago! (muitos risos)
Mike, pela primeira vez vou lhe confessar que com 3 pirralhos, tenho essa gana sim. Educo-me para não me desleixar.
(mas vejo as outras)
(e entendo-as)
Ora, ora, só agora me dei conta: não querem ver que o moço preferia ter lido na história um Leão bravo em vez de um touro?! (risos)
(a águia, deixa sempre o falcão voar: a diferença entre ambos é que ela gosta de planar - para gastar menos energia, porque tem mil e um afazeres e gosta de se arranjar antes dele chegar; ele prefere o voo em velocidade - porque quer regressar depressa ao ninho) :-D
Ah, estava a ver que não, Margarida. ;)
Mas olhe que eu tenho alguma dificuldade em entender pessoas que não gostam delas próprias.
Bom, Fugidia, sendo assim, já cá não está quem falou... (sorriso)
Não me convence. Acho que o respeito, com tudo o que ele implica, é absolutamente fundamental. Sem ele não há nada. Mas é difícil, o casamento é das coisas mais difíceis que conheço. Requer paciência, perseverança, alguma abnegação, generosidade, tudo características muito pouco humanas ;-)
Quando se juntam todos esses predicados, encontra-se uma só palavra, Leonor. Competência. :)
Bah... competência é coisa de robot!
Olhó robot... lol
Romântica, é o que tu és! :)
Mike
Sou fruto de um casamento de 64 anos de amor. Meu pai faleceu beijando na boca de minha mãe aos 94 anos.
Ela é vaidosissima. Não sai do quarto sem um batom. Isso mesmo após a morte de meu pai.
Ela sempre se arrumou pra ELA.
E sempre foram companheiros.
Mas acredito que se separaram algumas vezes, sim, e sem sair da mesma casa.
Talvez ai esteja a fórmula da competência ( como vc chama) para saber esperar as " ondas" da relação. Sabiam esperar , porque VALIA a pena.
Quanto aos casais que só então voltam a se arrumar... Creio que estão é em busca de elevar a estima.
Beijo
Quanto aos
Meu caro Mike, o casamento é sempre, quer queiramos, quer não, uma retirada do mercado afectivo, que é muito mais concorrencial e brutal do que o económico-financeiro, agora em crise. Ninguém se casa para ter de continuar a ir ao cabeleireiro diariamente, mas precisamente porque encontrou alguém que a aceita nos desalinhos da intimidade. O próprio Mike escreveu, há tempos (não me esqueço) que o que quer é descontracção. Voilà! Uma separação (sobretudo depois da entrada nos «enta») é um quase sempre muito aborrecido retorno ao mercado. E lá voltam os sacrifícios do cabeleireiro, da ginástica, das prospecções nocturnas… ;-)
Mas mike, acredite que aparência ao fim de muitos anos de casdo, é o que pesa mais.
Beijinhos
Casamento de 64 anos, Lucia? Ah, não, não pode ser... alguém se enganou nas contas. ;)
Dê um beijinho à sua mãe e diga-lhe que um portuga lhe dá os parabéns. :)
Hum... a Luísa é muito perigosa (risos) e tem memória de elefante (mais risos). Mas olhe que as minhas prospecções foram, na esmagadora maioria, diurnas. ;D
Acredito, Ana, ah pois acredito. (risos)
As prospecções têm sido outras.
Utilizando a net como bar de engate, não é mesmo machão?
Repugnante.
Tenha juízo, anónimo. E tenha mais respeito pelas senhoras que aqui comentam. Repugnante é a falta de coragem de se esconder sob a capa de anónimo.
sim...lol... então até daqui 15 anos!
beijinho
Até daqui a 15 anos, Lady Bird. :)))
Agora mike é que vi.
Essa anonima, deve ser daquelas pessoas que anda na net atrás de homem ou mulher, por isso mesmo é que é anonima, ou seja, sem vida nem personalidade, porque pessoa que se preza não se esconde atrás do nada.
Quem não deve não teme.
Um grande beijinho para o mike.
Anónima ou anónimo? Isso não interessa. Obrigado pelo seu comentário, Ana. :)
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