Florent Pagny
30.9.09
Brandos costumes, brando futuro.*
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Somos uma população envelhecida porque nascemos velhos. Veneramos os anciãos e esquecemo-nos de dar a mão aos mais novos. Pior, parece que os obrigamos a pensar e a agir como as gerações passadas. Ainda pior, temos dificuldade em acolher os que pensam e agem de maneira diferente da nossa, a mesma dos nossos avós. Não questionamos e temos relutância em conviver com quem o faz. Não somos inquietos, rejeitamos a inquietação e refugiamo-nos na placidez e quietude dos actos e do pensamento. Temos terror em errarmos e falta-nos coragem para enfrentarmos e lidarmos com o que é novo. O pavor de falhar tolhe-nos os movimentos e as decisões, deixando-nos, invariavelmente, no mesmo lugar. E normalmente não conseguimos esconder um sorriso mordaz quando alguém erra, entre um murmurar "eu bem te avisei", vibrando com uma vitória assente na falha de alguém. A vitória dos derrotados que não conseguem escapar ao sentimento de inveja de quem falha, recomeça e sucede. O queixume invade-nos e entranha-se na alma, inquinando quase tudo o que vem lá de dentro. O verbo que norteia as nossas vidas é o verbo aceitar. Damos os mesmos passos de quem segue à nossa frente por não nos atrevermos a ultrapassá-lo. O início preferido das nossas frases é "no meu tempo", ou "sou do tempo". Pensamos hoje como pensávamos no passado, agiremos amanhã como agimos hoje. Baixamos sempre a fasquia e vangloriamo-nos quando a passamos, esquecendo-nos que a passámos mas continuamos na mediocridade. Tinha curiosidade em ouvir a explicação de um antropólogo sobre desde quando e as razões de sermos assim. Porque Afonso pensava por ele e tinha convicções inabaláveis, cometendo a heresia de questionar e desafiar gerações anteriores. Era inquieto e idealista mas abraçou uma causa, não se ficando pela conversa numa qualquer ameia do castelo. Aqui neste país de brandos costumes, brando pensamento e branda coragem, os jovens só são bons depois de chegarem a velhos e alguns velhos só são bons depois de mortos. Fazemos das amarras grilhetas e parece que só sabemos lançar as âncoras, nunca recolhê-las. Reclamamos mudança mas jamais abdicamos de fazer as coisas da maneira como sempre as fizemos. E teremos o futuro que merecemos. Um futuro como nós. Brando, como gostamos e achamos bem. Brando.
Talvez também por isto, a minha mais velha decidiu partir. No caso dela “isto” não vai lá com a luz única e especial de Lisboa, com a beleza do casario da capital ou com oitocentos anos de História. Diz-se cansada, não só de Portugal, mas do Velho Continente. Decidiu partir e rumar para bem longe, para as antípodas. A Austrália, essa mesmo onde ponderei acabar os meus dias a assar frangos, espera por ela. Caramba, isto para um pai, digo pai, pai mesmo, com quem ela vive desde os dezasseis anos, não é fácil, não acham? Que raio, bem que podia ir para Londres, ou Madrid, sei lá, qualquer outra cidade onde duas ou três horas de vôo abrissem perspectivas de nos vermos de vez em quando. Mas não, logo a Austrália. Mas sabes o que te digo, filha? Sabes porque já to disse. Vai, não hesites, nem olhes para trás. Vai.
Talvez também por isto, a minha mais velha decidiu partir. No caso dela “isto” não vai lá com a luz única e especial de Lisboa, com a beleza do casario da capital ou com oitocentos anos de História. Diz-se cansada, não só de Portugal, mas do Velho Continente. Decidiu partir e rumar para bem longe, para as antípodas. A Austrália, essa mesmo onde ponderei acabar os meus dias a assar frangos, espera por ela. Caramba, isto para um pai, digo pai, pai mesmo, com quem ela vive desde os dezasseis anos, não é fácil, não acham? Que raio, bem que podia ir para Londres, ou Madrid, sei lá, qualquer outra cidade onde duas ou três horas de vôo abrissem perspectivas de nos vermos de vez em quando. Mas não, logo a Austrália. Mas sabes o que te digo, filha? Sabes porque já to disse. Vai, não hesites, nem olhes para trás. Vai.
28.9.09
Preparada, GJ?
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p.s. – Aconselho a levar palas para o Senhor Jóia, que lá até frentista* é gostosa.
* moças que trabalham nas bombas de gasolina.
27.9.09
O povo é quem mais ordena.
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25.9.09
24.9.09
Meus companheiros inseparáveis (XVI)
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Meshell Ndegeocello
23.9.09
O que é nacional é bom (XIV)
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22.9.09
Onde é que andas, Walter?
Até a competência pode ser uma faca de dois gumes?
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21.9.09
Take Woodstock. Amor.
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Aquele assunto da tua mãe...
Deixa lá pai, esquece isso...
Hum...
Só uma coisa, pai... como é que tu a aturas há quarenta anos?
Oh c’mon... because I love her.
18.9.09
17.9.09
Mui Nobre, sempre Leal e Invicta Cidade.
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(Postado faz tempo. Repostado porque amanhã me encontrarei com a mui bela, leal, nobre e invicta cidade. E porque me apeteceu).
Foto: Outros Olhares
15.9.09
Gosto desta história, igual a muitas outras de África.
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Foto: Bimbe (Lobito ao amanhecer)
O que é nacional é bom (XIII)
14.9.09
Regras. Foram criadas para se seguirem, quebrarem ou serem ignoradas?
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Pai, hoje aprendemos regras.
A sério? e que regras foram essas?
Já não me lembro.
Como não te lembras? então não aprenderam regras?
Sim. (Ar mais interessado no gelado).
Então diz-me lá algumas das regras.
Já te disse. Não me lembro.
Agrada-me saber que ele não se lembrava, mas a professora São encarregar-se-à de lhas recordar sempre que for oportuno e necessário. Este curto diálogo com o mais novo pôs-me a pensar em regras, principalmente o que fazemos com elas. Fui ensinado a seguir muitas delas e motivado a quebrar algumas, fazendo questão de não me esquecer que há sempre consequências, quer sejam as regras cumpridas ou quebradas. Jesus Cristo, por exemplo, quebrou uma mão cheia delas. Confesso que, por vezes, me esqueço de algumas. Ou será que as ignoro delibradamente? Resumindo, Um piratinha safado, este meu diabinho mais novo de 4 anos. Ou será um anjinho esquecido?
12.9.09
Meus companheiros inseparáveis (XV)
Esta senhora e este senhor marcaram irremediavelmente o meu gosto pela música. São, há muito tempo, meus companheiros inseparáveis. Num momento que creio ser raro, juntaram-se e cantaram ao vivo. Dois animais de palco, como já não há muitos. Dois músicos capazes de incendiar uma multidão enquanto o Diabo esfrega um olho. Tina Turner e David Bowie a cantarem o eterno Let’s Dance. Quem não sentir o pézinho a mexer acautele-se, porque não deve estar bem. Quem sentir uma súbita vontade de dançar, está bem de saúde e recomenda-se.
11.9.09
Cartões vermelhos (e logo 10)
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A quem, depois de já ter sido mostrado um cartão amarelo por uma falta praticada, comete outra grave passível de ser admoestado com o segundo cartão amarelo.
A quem, mesmo sem ter sido mostrado um cartão amarelo, impede o adversário (já isolado e apenas com o guarda-redes pela frente).
A quem, declaradamente, ponha em risco a integridade física de um adversário, mesmo sendo na disputa de uma jogada.
A quem se dirige ao juíz de campo (árbitro do jogo) com uma linguagem imprópria.
A quem use a ironia, por gestos ou expressão facial, após uma decisão do árbitro.
A quem se dirige aos juízes auxiliares (bandeirinhas) com uma linguagem imprópria.
A quem não respeite, através de gestos ou palavras, o público que assiste ao espectáculo.
A quem, insolentemente, demore a abandonar o campo depois de tomar conhecimento da sua substituição.
A quem pratique a agressão a um adversário.
A quem pratique a agressão a um colega de equipa.
Nota: Em matéria de futebol e “arbitragem”, eu alteraria algumas regras de forma a permitir que os árbitros mostrassem mais cartões vermelhos. E não estou certo, mas creio que na vida, principalmente a pública, também.
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