19.11.08

Comunicar e o antes de comunicar.

Num dia em que estava do contra, questionando tudo, mesmo o que aparentemente se afigurava inquestionável (não sei bem porquê mas sinto-me bem nesses dias), e ao ler um texto que me agradou e que nos dava a conhecer um conhecido conto árabe em que a importância da arte de comunicar era, afinal de contas, a moral da história, manifestei a minha discordância justificando o meu comentário com o facto de haver um passo que antecede um dos grandes desafios da Humanidade, que é a arte de comunicar. Importante mesmo é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas. É verdade, é importante e faz realmente a diferença até porque a maior parte das vezes tom é conteúdo, quer se queira, quer não. Mas há um passo que considero fundamental e já agora, porque não, constitui a meu ver outro grande desafio para a Humanidade. Um passo que antecede um acto que requer arte como é o de comunicar. Essa etapa anterior tem a ver com o conhecimento. Sem ele e por mais que haja mestria e arte ao comunicar, a mensagem corre sérios riscos de se perder, deturpar, ser mal interpretada ou quedar-se ineficaz. Comunicar pressupõe a existência de um receptor da mensagem. Conhecer a quem nos dirigimos é a pedra basilar que contribui para que a comunicação seja eficaz. Nesse conto que li, ainda mais importante que a arte de comunicar, é o facto do segundo adivinho conhecer o sultão melhor que o primeiro. Saber o que ele gostaria de ouvir. Tal como em Roma acontecia com os senadores e conselheiros que diziam, com mais ou menos arte, o que César queria ouvir. Porque mesmo com toda a arte, se o que fosse dito não agradasse a César, o mestre da comunicação tinha um triste fim. Poderão contrapor que a arte de comunicar, mais do que feita de palavras, é também a arte de conhecer. Aceito. Mas convém não misturar as coisas e assim evitar que os passos não sejam dados de forma cirúrgica.

12 comentários:

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

A minha mãe dizia "que tudo pode ser dito, depende só de como é dito"...

:-)

Mike disse...

E a sua mãe era uma senhora sábia, Júlia. :-)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

sim...muito...

só que as filhas não aprenderam grande coisa, na prática :-))

Mike disse...

Pelo menos uma delas aprendeu, só que às vezes se esquece... deve ser isso... (muitos risos)

ana v. disse...

A arte de comunicar consiste em saber adaptar a mensagem ao receptor, e para isso é essencial conhecê-lo. Não para dizer-lhe o que ele quer ouvir, mas para dizer-lhe o que se quer que ele saiba, garantindo que ele vá ouvir.

É mais ou menos isto, não é, senhor publicitário? (comuniquei bem?) :-)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Ana. ele não disse nada de novo, isso vem nos books, é ncessário ser publicitário para saber isso?

:-P

fugidia disse...

Ah, Mister, estou com a Ana e com a Júlia...
:-)))

Mike disse...

Ana, é isso sim senhora escritora. Comunicou bem. :-)

Júlia, essa é outro desafio que se coloca à Humanidade. Saber que vem nos books é uma coisa, ter a noção exacta de quando usar e practicar é outra. Vir nos books não chega. ;-)

Muito me admirava que não estivesse, menina Fugidia. Hum... três mulheres juntas não é o princípio de uma reunião, antes de uma conspiração. (risos)

Paulo Cunha Porto disse...

No fundo, Meu Caro Mike, tudo é prever. Onde se pedia uma antevisão de futuro mais global, o 2º adivinho jogou com a antecipação de um elemento singular, a reacção do Senhor. Mas ambos palmeavam o território do Incerto.
Como, de resto, fazemos todos com o Passado, de que só conhecemos uma quota-parte manifestada.
Abraço

Mike disse...

Hum... Meu caro Paulo, acho que o 2º adivinho não palmeava um território assim tão incerto...
Abraço.

Luísa A. disse...

Não sei, Mike. A arte de comunicar pode e deve assentar no conhecimento concreto do interlocutor, mas vai assentando, sobretudo, no conhecimento da natureza humana. E porque há coisas que ninguém gosta de ouvir, a comunicação está a ganhar artes de uma extrema subtileza, que a tornam formalmente irrepreensível, mas frequentemente vácua e mais frequentemente ardilosa. Não estou a gostar muito dos caminhos que está a tomar a «arte de comunicar».

Mike disse...

Entendo o que diz, Luísa. Vamos continuar optimistas e considerar que a arte de comunicar não deve ser confundida com a arte de enganar. :-)

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