10.7.08

Partiste há vinte e oito anos mas estás sempre presente.

Bem sei que a maior solidão é a do ser que não ama, Vinícius. E que o maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se. E sei que sabes que a vida nem sempre quer assim. E sei que sabes, também, tu que escreveste e eu li, que a distância não existe. Partiste, há vinte e oito anos, do lado de lá do Oceano, um oceano que aos teus olhos, não aos meus, só é belo ao luar. Mas a Canção sim, Vinícius, só tem razão se se cantar, assim como a nuvem só acontece se chover. Assim como o poeta, como tu, poetinha, só é bem grande se sofrer. Existo sem ti. Será porque estás sempre presente?

Vinícius de Moares, o poetinha, afastou-se de nós no dia 9 de Julho de 1980.

16 comentários:

Cristina Ribeiro disse...

"Porque a vida só se dá pra quem se deu"...

ana v. disse...

Um texto enigmático e, sem qualquer dúvida... poético.
Para quem está sempre a dizer que não gosta de poesia...

Anónimo disse...

Cristina, também penso assim... se bem que... :)

Oh Ana, mas prosa poética não é, definitivamente, poesia, pois não? O resto são incongruências do Mike. Não gostar (e não gosto, de verdade) de poesia mas gostar de Vinícius, não ser fã de música brasileira no geral mas adorar Elis Rigina... :)

ana v. disse...

A fronteira é muito ténue entre as duas. Mas se isso o deixa mais descansado nas suas alergias... não, não é exactamente a mesma coisa. ;)
Mantém-se o enigma, que é comum a ambas.

Corine disse...

"E por falar em saudade
Onde anda você
Onde andam seus olhos
Que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou morto de tanto prazer
E por falar em beleza
Onde anda a canção
Que se ouvia na noite
Nos bares de então
Onde a gente ficava
Onde a gente se amava
Em total solidão"

Anónimo disse...

Fico mais descansado, Ana... (risos)

Corine, grato pela sua visita. :)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

A Ana tirou-me as palavras da boca.

..e diz o nosso amado Belzebu que não gosta de poesia!!!

A prosa poética é definitivamente poesia, sim senhor!

Anónimo disse...

C'os Diabos! Não é, Júlia!

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

não é o quê? Meteu isso na cabeça e pronto. Você é um poeta e dos grandes, vá-se matar, tá?

Anónimo disse...

Irra... quem se mata são os poetas. Eu quero-me bem vivinho... Vê como não sou poeta? (risos)

mrfd disse...

"eu faco samba e amor....ate mais tarde"....

Cantou o amor - cantou o sentimento sentido por ele e por outros...cantou-nos a todos quando amamos e a unica coisa que vemos eh uma mulher que um dia foi..

assim eh a a vida nao?...uns vivem-na outros morrem nela...lol....

grande vinicius, a cachaca eh uma coisa linda ;)

Anónimo disse...

José, querido amigo, bons olhos te leiam. :)
Um abraço.

O Réprobo disse...

Meu Caro Mike,
muito bom o postal marcado pela melancolia da perda.
Sobre a Poesia e o Seu degosto dela, julgo perceber a causa eficiente da falta de empatia: desgosta-O a artifcialidade que detecta na quebra em versos.
Permito-me uma sugestão, pense-a como os limites de uma pista de que um Fórmula 1 não pode sair, embora dentro dela lhe seja dada liberdade de condução. É um aprisionamento que liberta, como afinal a Música, essa Poesia abstracta...
Abraço

Anónimo disse...

Caro Réprobo, bem sei que, para além da simpatia clubística, também a poesia nos distancia. Abençoada a sua escrita para nos reaproximar. :)
Um abraço.

Lina Arroja (GJ) disse...

Sarabá, Mike

Anónimo disse...

Sarabá, Grande Jóia. :)

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