13.7.08
Tempo para acabar um livro.
Dois amigos encontraram-se. Amigos que a publicidade apresentara um ao outro e que a vida, nos seus encontros e desencontros uniu. Dois amigos com difrerenças de idades consideráveis, um deles com uma carreira construída, ainda e sempre em construção, o outro com uma carreira construída, apenas, e pronto para desfrutar da decisão tomada há pouco tempo, com um sorriso sereno que fazia adivinhar estar a deliciar-se com a perspectiva de poder usufruir do maior luxo dos tempos que correm, literalmente. Tempo. Ao abraço genuíno e apertado, seguiu-se uma conversa descontraída, sempre com o sorriso presente, entre gargalhadas bem dispostas. Para mim chega, dizia-me ele, nem acredito que vou reformar-me e, apesar de não me sentir velho, recebo esta reforma como uma dádiva suprema. Tempo, tenho o tempo todo para mim e posso fazer dele o que bem entender. Ainda bem que sou novo, continuou ele, um homem a abeirar-se dos sessenta anos, novo e com saúde para me poder dedicar às coisas de que gosto, à patroa, aos filhos e ao neto. Estava feliz. E gostei de o ver feliz. Pensei, por momentos, em como a reforma nem sempre chega assim, como a dele, um homem bom, pai de família, de uma família apenas, uma raridade nos dias de hoje, e com vontade e energia para gozar os anos que lhe sobram, vivendo-os na companhia de quem ama. Antes de nos despedirmos, e com o humor que sempre o caracterizou, disse-me que agora sim, que teria tempo para acabar o seu livro. Mas eu não sabia que estavas a escrever um livro! Não estou, seu tolo, agora tenho é tempo para acabar de o ler. Não evitei uma gargalhada sonora e deixei que o riso se prolongasse durante uns bons minutos. Ele estava feliz. E eu fiquei mais feliz.
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5 comentários:
e eu sorri aqui, Mike.
ainda há gente bonita :-)
:) Mike, quando olho para a estante, e me digo que não tenho tempo de ler aqueles livros, consolo-me com o pensamento de que estou a precaver a minha reforma :)
Ah, mas o Seu Amigo tem muita razão, Meu Caro Mike, um bom livro para ser convenientemente lido, é trabalho para uma vida e não suporta concorrência.
Abraço
Beijinho :-)
Júlia, :)
Cristina, eu, com um filho de 3 anos nem consigo imaginar quando chegará a reforma... (risos)
Meu Caro Réprobo, é bem verdade o que diz, sem dúvida alguma.
Abraço.
Fugidia, :)
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