24.9.08
Vou chorar, vou rir, vou chorar, vou rir, vou chorar. Ri-me. Por momentos.
A notícia na rádio esta manhã dava conta de um desacato entre gangs rivais na outra margem, ali para os lados da Baixa da Banheira. Percebi o alcance da pergunta do jornalista, já que o assunto está na ordem do dia, quando colocou a questão se seria um acto isolado ou algo diferente. Mas o comandante da Corporação (não sei ao certo qual, mas sendo certo que não era dos Bombeiros) deu mostras de não a ter entendido. Mal a pergunta foi feita pensei para com os meus botões não respondas, dá uma resposta evasiva ou que não te comprometa a ti e à investigação. Só que a tentação era muita e a fama estava ali à mão de semear, mesmo tratando-se de dois ou três minutos. A resposta surgiu de imediato e com firmeza, esbatendo-se e tornando-se titubeante de seguida. Foi concerteza um acto isolado, responde o comandante. Isto foi um ajuste de contas, um assunto mal esclarecido, ou por esclarecer, entre gangs. Quer dizer, ainda não conhecemos o móbil, mas houve de certeza um móbil qualquer que motivou o desacato. Um móbil qualquer? Em regra geral há um móbil. Acho eu. A não ser que se trate de um demente ou alguém com perturbações mentais, e mesmo assim julgo que se poderá dizer que o móbil continua a existir. Nós somos pródigos em julgar, dizer mal, falar do que não sabemos em concreto, culpabilizar sistemas ou, neste caso revoltarmo-nos com a Justiça. E no saco da Justiça cabem juízes, advogados, leis, ministros, secretários de estado, etc. Se um comandante de uma Corporação, que não é de Bombeiros, afirma publicamente o que eu ouvi, estou para imaginar como um caso ou processo como este chegará às mãos de um juiz. Imagino o chefe das forças policiais dizer que nós cá fizemos o nosso trabalho e até prendemos uns quantos malandros, agora é com os tribunais e com os juízes. E a seguir também consigo imaginar a população revoltada porque aos salafrários foi dada ordem de soltura. E de quem é a culpa? Da justiça, ora. De quem mais poderia ser. Ou do juiz que foi tolerante e amigo dos malfeitores. Hoje, e porque estava bem disposto, resolvi rir-me da incompetência. Por momentos, que logo a seguir lembrei-me do caso Maddy. Talvez uma coisa não tenha a ver com outra. Talvez. Mas parei de rir.
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10 comentários:
valha-nos Deus...
Pois é, Júlia...
:-(
(mas... talvez ele tenha razão, Mister...: de certeza que houve um móbil... qualquer... só pode, não é?) :-p
Deve ter havido, Fugidia. ;-)
Essa gente não deixa de me fazer alguma pena, Mike. Hoje, não tem apenas de prestar contas a um superior hierárquico, mas a dez milhões de portugueses, representados por vinte ou trinta microfones impertinentes e dispostos a explorar, senão a adulterar o sentido de tudo o que é dito e não dito. Já é difícil para qualquer um de nós lidar com dois chefes. Imagino o que não será lidar com milhões. Essa gente deve sentir-se em precaríssimo equilíbrio na corda, sem preparação e sem rede. :-)
Acho que a Luísa tem razão: entre a incultura, a falta de preparação, a insegurança e uma estranhíssima ânsia de estrelato televisivo que assolou este país, não há como sair destas bocas outra coisa que não seja asneira da grossa... :)
Luísa, não sou insensível ao que diz .-)
Mas estas coisas mexem comigo, mais do que possa imaginar...
Ana, acho que um dia destes ainda acabo por postar um texto "descasca pessegueiro". Ando cá com uma vontadinha de desconversar... (risos)
Os chefes das corporações não fazem mais (nem menos, infelizmente) exemplos do que reproduzir os exemplos que lhes chegam vindos de cima. Lembras-te da conversa do ministro das corporações (o Pereira da Administração Interna) em pleno episódio do assalto ao BES de Campolide? A meio da tarde, ainda não havia frangos a assar na Valenciana, e já o homem estava aos microfones a elogiar as corporações e a dizer que tudo tinha corrido bem. Por acaso até podia ter acabado pior, mas era um excelente momento para ficar caladito. Fiquei com a sensação de que o que o animava especialmente, àquela hora, ainda com os dois meliantes e os reféns lá dentro, era o facto de as corporações terem chegado muito rapidamente ao local. Claro que os meliantes não são necessariamente todos estúpidos e por vezes preferem prevaricar um pouco mais longe do centro de Lisboa, na Baixa da Banheira ou em Alhos Vedros, por exemplo.
José, ainda vou chegar à conclusão que a culpa é dos holofotes. Caramba, e não há ninguém que os desligue quando é preciso. Brincavam ao quarto escuro para ver se aprendiam alguma coisa.
Yuuuuupi! A Luísa chegou a Anti-Democrata! Já ganhei o dia. Agora é que o sistema vai abanar.
É melhor rirmos, para não chorarmos, Caro Mike. Salvo na tragédia, como bem diz. E essa pode estar ao (nosso) virar da esquina, para além de, mesmo alheia, angustiar qualquer Espírito Sensível.
Abraço
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