10.9.08

Grandes empresários, um belo governo e um país excêntrico.

A história passa-se em ambiente familiar, num tom descontraído que se vai tornando denso e sério à medida que o tempo passa. O pai, trabalhador assalariado de classe média, comenta que no próximo fim-de-semana vai jogar um dinheiro considerável no Euromilhões. Imaginam-se projectos e discutem-se sonhos que não passam apenas disso. Um fazia isto, outro fazia aquilo, um gastava ali, outro aculá. A voz da mãe soa na sala, seguindo-se um silêncio sepulcral. Primeiro dirigindo-se ao pai, dizendo-lhe que não concorda nada com o disparate de se gastar o dinheiro que não têm, depois mandando os filhos levantarem a mesa que a vida deles não era vida de ricos. Palavra puxa palavra, entre marido e mulher, que os filhos não tugiram nem mugiram e trataram de pôr em prática a palavra obediência. A poeira assenta, a telenovela começa e os filhos abeiram-se do pai, retomando a conversa. Vais mesmo jogar pai? Claro que vou, sou lá homem para perder uma oportunidade destas. E vamos ficar ricos? Se nos sair o Euromilhões. Ah, podemos mesmo ficar ricos. Claro. A conversa continua e o ânimo não esmorece, antes pelo contrário, com o número das excentricidades a tomar conta daquelas cabecinhas criativas. Os ses já nem constam do dicionário quando se vão deitar. Nessa semana foi um ver se te avias. Ele foi roupa nova, sapatos novos, telemóveis novos. Foi sem mãos a medir, é o que foi. Chega o fim-de-semana e nem restou a esperança de mais um jackpot, que o prémio saira a uns franceses. Mas em casa dos Silvas não se passou a viver à grande e à francesa, foi um descalabro. Por contarem com o ovo... aí mesmo. Instalou-se o drama. Esta história podia ter outros protagonistas sem que a essência do seu conteúdo fosse alterada. Também podia ser contada com o governo e o apoio que agora se prevê aos concelhos da Região do Oeste, porque o novo aeroporto já não vai ser construído na Ota. Só que com um fim diferente porque haverá muitos milhões para apoiar e subsidiar, porque há muitos milhões de eleitores. Um fim diferente mas conhecido por todos, porque nós é que vamos pagar. Afinal somos ricos e não sabíamos, só não entendo porque continua a faltar dinheiro para outras (muitas) coisas mais importantes. Qualquer dia não fechar uma escola é que será considerada uma excentricidade.

A notícia do apoio previsto foi ouvida por mim na rádio à meia-noite. Se entendi mal, esta história fica sem efeito e peço desculpa pelo mal entendido.

9 comentários:

fugidia disse...

Hum...
bora fazermos uma vaquinha com a Luísa e a Ana e jogarmos para que o próximo seja nosso?
;-)

(entretanto, vou ali à Guerra Junqueira e à Baixa ver se aproveito os saldos...)
:-D

Anónimo disse...

Hum... façam vocês as senhoras... eu, se não me levarem a mal, fico sossegado no meu canto... (risos)

Luísa A. disse...

Embora nunca tenha jogado – nem no totobola!!! – alinho numa «vaquinha». Já estou farta desta minha mediania financeira. ;-)
Sobre o conteúdo do «post», não consigo pronunciar-me, Mike, porque as mãos me tremem e a cabeça lateja de pura e exaltada revolta. Também os odeio… mas como podemos nós pôr um travão a esse festim perdulário de obras e gastos? :-(
Finalizo com a questão crucial: ainda há saldos em Lisboa? ;-D

fugidia disse...

Sim, querida Luísa, ainda há...(gargalhada abafada)
:-))))

Paulo Cunha Porto disse...

E na bola? Nem há esperança de retorno, por mero prazer que seja.
Caro Mike, fiquei preocupado com o que me disse da tradição das Sextas do «Corta-Fitas». Logo, decidi dar uma mãozinha.
Ora espreite lá, sff.
Abraço

Anónimo disse...

Pois, Luísa...
Olhe, concentre-se na questão social e se for caso disso avance com a vaquinha com a Ana e a Fugidia. ;-)

Caro Paulo, que prazer tê-lo de volta. Agradeço a mãozinha e irei lá espreitar.
Abraço.

cristina ribeiro disse...

"Todos ao molho e fé em Deus" :)

ana v. disse...

Por mim, alinho na vaquinha. Acabei de chegar do Porto e não resisti a alguns saldos... preciso de pagar o investimento com o prémio do Euromilhões, ou então tenho de ir pedir apoio ao governo por causa desta minha... antecipação de fortuna.
(que será nossa, tenho a certeza!)
;)

Anónimo disse...

Cristina, nós nem para andarmos todos ao molho somos competentes... safa. :-)

Ana, ai, ai, ai, a menina... ;-)

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