1.3.09

Entre a paixão e a razão, onde fica o casamento?

Eu diria no meio, que é onde está a virtude. Não disse que não tinha o talento, discernimento e lucidez para num só post divagar sobre mais que um tema, à semelhança de alguém que o fez com mestria? Sou benevolente comigo porque, para além do talento, se trata de uma senhora. Não se ergam, sobrolhos, e não se fechem, rostos, que é um dado adquirido as senhoras terem uma capacidade inata de abordar vários assuntos ao mesmo tempo, coisa que os cavalheiros quando fazem, os torna ininteligíveis. O casamento não deve justificar-se pela paixão, do mesmo modo que a paixão não justifica um casamento. Não vejo como rebater esta afirmação, nem procurarei fazê-lo porque quando confrontado com sabedoria apenas me limito a absorvê-la. Mas!... há sempre um mas, não há? Mas há uma palavra, imagine-se, uma só palavra, que me habituei a considerar como sendo a chave de um casamento duradouro e feliz. Competência. Mais sobrolhos erguidos e rostos fechados? Calma, que há outras palavras que não podem ser ignoradas. Pronto, vamos lá enumerá-las para evitar mal entendidos e interpretações erróneas. Amor, respeito, atenção, dádiva, convergência de projectos de vida, experiência, capacidade de nos moldarmos, haver uma boa cama, e outras que não cito por pudor, e para que os sobrolhos e os rostos se mantenham impávidos e serenos. Mas para mim, insisto, a palavra-chave é competência. Se um amigo me diz que quer casar apaixonado o “mundo não pula” nem recua. O casamento acaba por ser uma das nossas profissões. A principal. Não casar apaixonado remete-me sempre para a ideia que tenho dos engenheiros que se vêem obrigados a ser docentes (sem crítica implícita nos tempos que correm), ou dos enfermeiros que gostariam de ser médicos, isto apenas para citar exemplos de profissões que, a meu ver, requerem uma vocação especial. Ter como ponto de partida a paixão em relação a algo ou alguém, é, para além de um bom ponto de partida, uma mais valia. Mas depois é preciso aprendermos a gostar do que fazemos e não fazermos apenas o que gostamos, e não passarmos a vida a lamentarmo-nos sobre o que gostaríamos de fazer ou ter feito. Não acho que seja muito diferente com o casamento, em que, volto a insistir, a competência é basilar. E se a competência é a palavra-chave, eficácia é a palavra que o define. Resumindo, que se mais escrevo, mais me baralho e corro o risco de me tornar incompreensível (sou homem, não se esqueçam), o casamento fica onde está a virtude. Bem no meio, entre a paixão e a razão, e exactamente por essa ordem.

26 comentários:

fugidia disse...

Hum... acho que ainda volto a comentar (que ainda não estou em mim com as segundas-feiras :-( )mas não posso deixar de dizer que concordo com a competência (risos; e eu ainda acho que tenho defeito profissional na análise destas questões :-P), amor, respeito, dádiva, convergência de projectos de vida, capacidade de nos moldarmos, boa cama (essencial, a propósito, com grandes Os com período de duração superior a uns escassos segundos, não é, Ana? - risos abafados) e tudo e tudo que não cita por pudor (uma pena, aliás :-D) e paixão. Sim, paixão :-)

fugidia disse...

Lots... (de paixão) :-D

Mike disse...

Concorda com competência? Desta não estava à espera, Fugidia. (riso abafado).

fugidia disse...

Claro que sim.
Gosto de competência... (risos)
:-)

claras manhãs disse...

Eu não entendo que se comece uma vivência em comum, sem paixão, mas a Luisa dveria estar a falar SÓ de paixão.
Porque se esta vier de braço dado com o amor...
Os interesses, ao longo da vida, muitas vezes divergem, mas se houver competência (uma óptima definição), isso não é obstáculo para um bom casamento, durável.
Mas a competência, para mim, passa pelo aceitar do outro tal e qual ele é
Isso é que é difícil Mike, essa competência é que a maior parte das vezes falha, por querermos no outro o espelho do eu.

beijinho

Mike disse...

Percebo-a perfeitamente, Claras Manhãs. Quando o meu segundo casamento chegou ao fim e se deu início ao divórcio, que considero exemplar, numa palavra, senti incompetência.

ana v. disse...

Competência? COMPETÊNCIA??? Já me custa engolir a tua tese da "gestão de afectos", mas esta palavra associada ao amor é que não entra mesmo. Que mania da terminologia técnica, hein?

E não é por romantismo. Aliás, já o disse muitas vezes, foram os românticos que deram cabo do casamento como instituição sólida e duradoura, com a mania de tornar obrigatória a associação entre casamento e amor. Afinal, é o casamento que, quase sempre, acaba por matar o amor. (já para não dizer que mata a paixão, porque essa suicida-se sem ajuda mais cedo ou mais tarde, com ou sem casamento)

Mas "competência" no amor é que não! O amor é improviso, intuição, renovação, criatividade, dádiva, cumplicidade, renúncia, generosidade, sei lá... mas nunca "competência", que só me sugere um comportamento mecânico e robotizado. Protesto, portanto, com o teu excessivo pragmatismo.

(E sim, querida Fugi, os Os longos - e múltiplos, de preferência - recomendam-se. Aí, sim, podemos falar de competência... ;-)

Lucia Luz disse...

Concordo. Acrescento a flexibilidade e a tolerância.
Fiquei curiosa com os não citados!!!rsrsrs
Beijo

fugidia disse...

Ana, vês como a competência é importante?, e ajuda? e... pois! (risos abafados)

Anónimo disse...

Ana, dizes "competência no amor é que não" (excepção feita à competência em o amor... risos). Mas eu me refiro-me a competência no casamento. Saíste-me cá uma romântica (pegando na tua tese)... (muitos risos)

Anónimo disse...

Luz, essas também, se bem que continuo a achar que resumindo numa só palavra, ela será competência. E os não citados... (risos)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

tirem-me deste filmeeeee.

não quero discutir este tema.

LADY-BIRD, ANTITABÁGIKA, FÃ DO JOMI LOL E JÁ AGORA DOS NOSSOS AMIGOS ANTI-TECNOLOGIAS: MARCHANTE (se não existissem tinham que ser inventados) disse...

Mike, o casamento deveria ser a união da razão, da paixão e do amor, se assim não for, não me caso e ponto...assim como assim vou para o Convento fazer doces conventuais...e comer tudinho!lol

beijinho

Mike disse...

Pronto, Júlia... não discuta o tema, então. Considere-se fora deste filmeeeee. ;)

Mike disse...

Ó menina Lady Bird, case-se e vá ao Convento fazer e comer os doces conventuais (que eu detesto... risos) :)

Luísa A. disse...

Por respeito pela nossa Júlia – que está quase a fazer dois aninhos! – vou abster-me de comentar o assunto, Mike. Apenas esclareço que:
1. Como refere a Claras Manhãs, não confundo paixão com amor, duas realidades para mim muito distintas, porque identifico paixão numa série de outros sentimentos, como o rancor, que a paixão transforma em ódio, a auto-confiança, que a paixão transforma em soberba, a vaidade, que a paixão transforma em narcisismo, etc., etc., etc.
2. A noção de competência tem para mim um alcance demasiado «técnico», mas nem por isso menos interessante. «Competência» é, na prática, o que toda a mulher espera de um homem em qualquer relação afectiva. Se à «competência», o homem ainda juntar afecto, temos oiro sobre azul… ;-D

ana v. disse...

É que a "competência" no amor cheira-me a esforço, a falta de espontaneidade, a auto-controle. E eu prefiro o improviso e a criatividade! Se isso faz de mim uma romântica... então sou. :-)

Lina Arroja (GJ) disse...

Mike, no geral concordo com o que diz, mas ... o que é isso da competência para si? Sei o que é competência, eficácia e eficiência, sei que o projecto não tem interesse se as variáveis não funcionarem. Sei que temos de rever ou deitar fora. O casamento contrato é isto e os intangíveis tudo aquilo que a Ana já exemplificou. É assim que vê o casamento? Tangíveis e intangíveis e tudo o resto é treta?
Mas Mike, os intangíveis são dificeis de quantificar em todos os projectos e logo neste que tem variavéis que não podemos antecipar.
Para ser assim, a competência remetia-nos para um contrato a prazo anual, por exemplo. Renovado ou não conforme o caso.

Mike disse...

Luísa, a sua interpretação sobre competência está correctíssima. Penso exactamente da mesma maneira, inclusive, tal como a Luísa, também não confundo paixão com amor. E pelas mesmas razões que menciona. :)

Mike disse...

És uma romântica incorrigível, Ana. (risos)
Até porque a interpretação que fazes de competência não é a que eu gostaria que fizessem. Improviso e criatividade são duas palavras que poderiam, e deveriam constar do post juntamente com as outras, mas a existência de competência saúda-se. :)

Mike disse...

GJ, este caso remete-nos para um contrato sem termo cuja avaliação das partes envolvidas é diária. :)
Sem competência, para além de tudo o que já foi dito, e considerando o que diz, e muito bem, sobre os intangíveis, criam-se condições para despedimento por "justa causa" e o contrato perde validade. :)

Lina Arroja (GJ) disse...

Este tema dava "pano para mangas"...:)

Mike disse...

Então pegue no pano e tente fazer umas mangas que fiquem uma jóia, uma grande jóia, GJ :D

Lina Arroja (GJ) disse...

Posso recorrer à Dona Rosa para os alinhavos?

Mike disse...

(gargalhada)
Acho que sim, GJ. :)

Alma disse...

Rubem Alves diz que há dois tipos de casamentos, o casamento-frescobol e o casamento-
tênis. Enquanto no frescobol o ideal é não deixar o bolinha cair e sempre tentar corrigir os erros do outro, no tênis o objetivo é fazer o outro errar... É por aí.
Excelente blog, parabéns.

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