3.8.08
Um mísero orgasmo, ou a importância de um orgasmo fingido.
Ainda sobre o orgasmo, que o tema é, indiscutivelmente, prazeiroso. Mas agora sobre o fingir, um assunto, ou capacidade, que se acredita ser apenas do sexo feminino. Fingir prazer e fingir o orgasmo num acto sexual, coisa que, diz-se, apenas as mulheres conseguem, é, à partida, não muito bem aceite. Dei-me conta que é ainda menos bem aceite e mais perplexidade causa, o facto de um homem não se importar com isso. Sejamos sérios! Eu vou ser! A capacidade de uma mulher fingir um orgasmo é um facto. Trata-se apenas de mais uma lei da natureza que nunca poderá ser contrariada. Se ela o faz com o intuito de enganar o homem, não é abonatório para si. Porque em primeiro lugar está a enganar-se a ela própria. E nunca o homem, que jamais saberá que foi enganado. Mas ela poderá fazê-lo sem, contudo, ter esse intuito. O que a motiva a fingir, sem ninguém querer enganar, é que importa avaliar. Quantas mulheres não fingiram alegria na dor profunda? ou convicção na dúvida? ou coragem no temor? ou atitude no desespero? ou força na fraqueza? Porque o fizeram? Se a resposta for por amor, por um projecto de vida a dois, por um casamento feliz, mesmo que o momento fosse difícil, quem poderá atirar a primeira pedra? Lendo esta última frase, pergunto-me o que significa para uma mulher fingir um orgasmo com o homem que ama, com o homem com quem tem um projecto de vida, com o homem que ela escolheu como sendo o seu homem, o homem na sua vida. Neste contexto, e é neste contexto que interessa situarmo-nos para não tornar o tema denso, a discussão infinita e porque ele é a essência, se algum dia uma mulher que amei e por quem me senti amado, fingiu um orgasmo, não só não me importo, como ainda a admiro. Pelo que ela abdicou de si, pela dádiva, pelo que me deu por amor, pela relação em que acreditava. Se o fez para me enganar, tenho pena, mas dela e não de mim, porque se enganou apenas e só a si própria.
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17 comentários:
Bom, já que foi a minha provocação que levou a este post (belo post, Mike!), sinto-me na obrigação de aprofundar um pouco mais o que disse no meu comentário, a brincar. Agora falo a sério.
Começo por declarar que lastimo profundamente as mulheres que fingem o orgasmo por sistema: ou por serem incapazes de tê-lo, ou porque acham que ele não merece (ou que elas próprias não merecem...) o esforço de querer conhecê-lo. Essas enganam-se de facto a si próprias, muito mais do que enganam os seus homens, ao fingir. E valia mais aplicarem a mesma energia a tentar descobrir o seu próprio prazer, até porque assim não podem culpar os homens pela sua falta (se eles não souberem, como pode alguma coisa mudar?). Tento não ser leviana ao falar disto: sei que há casos em que existem motivos sérios e complicados para a ausência do prazer feminino, sejam eles orgânicos ou de ordem psicológica. Mas muitas dessas razões são ultrapassáveis e o que vejo é que há também muita "preguiça" das mulheres para enfrentar e corrigir esses problemas, até por questões de atavismo cultural.
Mas há também os orgasmos fingidos - esporadicamente! - por muitas outras razões, e se for esse o caso não tenho nada contra. Ou pelos motivos mais nobres, que o Mike aponta e muito bem, ou até por razões egoistas (se é que se pode falar de egoismo na cama...). É que "ter prazer" passa muito por "dar prazer", e muitas vezes uma coisa leva à outra. É só uma questão de ritmos e tempos diferentes, e o "orgasmo simultâneo" é, ao contrário do que a literatura de cordel apregoa, um mito difícil de alcançar (não impossível, mas pouco frequente). O sexo é também um jogo, e há muitas formas de jogá-lo. Todas as fórmulas são boas, se satisfizerem os intervenientes (falo de adultos responsáveis e livres, como é evidente). E se para um homem o orgasmo é o "único momento" que vale a pena, para uma mulher isso está longe de ser pacífico. Por isso colocar pesos e culpas terríveis sobre o acto de fingir um orgasmo (acredito que todas as mulheres o fazem, de vez em quando) parece-me mais uma forma de criar papões numa matéria já tão atreita à existência deles.
Pronto, espero ter-me explicado razoavelmente. E mais uma vez desculpe a verborreia, Mike. :)
Não há lugar a desculpar a verborreia... (descobri que não gosto desta palavra, que soa a venérea... risos). Gostei de a ler a sério, mas já tinha gostado do comentário a brincar. Se soubesse o que eu penei para ser reduzido no post... :)
Toda a razão quanto à palavra verborreia, que é horrorosa mesmo. E neste contexto, então... retiro-a já!
:)
(bem, e eu que não penei nada para ser reduzida no comentário... shame on me?) lol
(risos)
No contexto é perfeita... (mais risos)
Nunca pensei, Ana e Mike, que o tema desse tantas linhas! ;-D
Concordo inteiramente com ambos. E nada tenho a acrescentar... A não ser que, quando se gosta de alguém, a intimidade (no sentido de mera proximidade física) já é, só por si, um imenso prazer.
Bom, se é para falar a sério, cá vai :-)
Gostei de ler o seu post, Mike, e gostei de ler o seu comentário, Ana.
Contudo, creio que discordo num ponto que é, parece-me, o cerne da questão; ou seja, o próprio orgasmo.
Das duas uma: ou achamos que o orgasmo é o "objectivo" prazeiroso de uma relação de intimidade (o "supra-sumo") ou, como diz a Luísa, e bem, a intimidade é, só por si, um imenso prazer (e, acrescento, o "objectivo/supra-sumo").
No primeiro caso, fingir um orgasmo é mau sobretudo para quem o finge (seja homem - que o consegue... - ou mulher) mas continuo abichornada com o facto de ouvir um homem dizer que isso não o incomoda - se houver uma relação de amor, naturalmente...
Não o incomoda porque não sabe? Demasiado fácil... então, porque é que não se esforça em perceber se há fingimento? Não é muito difícil, para quem se entrega e quer dar, não só receber...
No segundo caso, se atingir o orgasmo não é importante, então porque se finge? Na intimidade não apreciamos todos as mesmas coisas; qual é o problema disso?; se a relação nos gratifica, se na procura de dar, damos aquilo que sabemos que o outro gosta e quer?
Creio que é um disparate fingir neste caso e, mais uma vez, não compreendo que isso não seja importante para o outro lado.
Concordo com a Luísa: o fundamental é que a intimidade que partilho com o meu homem seja, em si mesma, um imenso e total prazer.
E isso só é possível se eu não fingir (para que ele saiba exactamente do que é que eu gosto - do cheiro, do toque da pele, do olhar, etc, etc, etc.) e se ELE não fingir...
Mais; só é possível se ambos tivermos o cuidado e a perspicácia de perceber se há finjimento ou não; porque isso é importante para ele.
Como é para mim.
A traição maior não é a que fazemos com terceiros; é a que fazemos na cama, connosco e com que a partilhamos...
Ups... alonguei-me, não foi?
Beijinho :-)
Bem, Fugidia, parece que numa coisa estamos de acordo: que fingir não é saudável. :)
Sim, Mike, não é saudável.
Para o casal (sublinho casal), quando há uma relação de amor.
O que tem como consequência natural que, para os DOIS, deve ser importante (procurar) saber que não há fingimento de parte a parte...
(que é muito diferente de um que seja «não se importar que o outro finja»...)
:-)
P. S.
Creio que se sobrevaloriza o papel do orgasmo.
Se tivesse que escolher, preferia, sem hesitar, uma relação de intimidade de imenso prazer do que atingir o orgasmo e sentir-me vazia antes e depois.
(claro que é muito bom ter as duas coisas...)
:-)
Numa coisa estamos todos de acordo, parece-me: a intimidade saudável e partilhada de um casal vai MUITO além do prazer momentâneo de um orgasmo, fingido ou não. E também acho que se sobrevaloriza o papel daqueles breves segundos (apesar de mágicos, enfim...)
:)
Breves segundos, Ana?
Ora, também não exagere!
;-)
(risos abafados)
Quando não é o "big O", Fugi...
;)
lol, lol, lol
Se bem que quando é "só" o "O" tb não tem que ser em "breves segundos" (risos abafados); digamos que há um espectro (mais risos) e que haverá "Os" de breves segundos, outros médios e outros avassaladores (gargalhada)...
(sim, sim, já sei, para o que me deu...)
:-p
Fingir pode ser um acto de desonestidade, de cobardia, de generosidade, de amor. Como diz o ditado, quem está no convento é que sabe o que vai lá dentro. Gostei muito do post, Mike. E também dos comentários da Ana e da Fugidia. São opiniões que se completam.
Obrigado, Teresa. :)
muito bom,este post e os comentários.
Acrescentaria algo mais, mas ao reler o titulo, vejo que está implicitao que queria dizer. penso que mesmo que seja um fingimento esporádico é inglório, pois só retirará aos visados a oportunidade de entenderem o porquê da ausência do mesmo. Ou seja- quando não há orgasmo, os dois deverão saber a razão, para melhor entendimento.
beijinho, Mike
Obrigado, Júlia. :)
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