Cerca de metade dos deputados eleitos pelo povo português já deixou o cargo quando ainda falta um ano para terminar a legislatura, entre renúncias e suspensões? Renunciar é diferente de suspender. É diferente e o grau de gravidade afigura-se maior, na minha humilde opinião. E o campeão das renúncias é o partido da maioria, aquele que governa? E não há nenhum partido com assento parlamentar que seja a excepção exemplar? Quem é eleito não devia cumprir o mandato? Isto não constitui uma subversão da representação popular? Vamos aos mediáticos: Luís Filipe Menezes, Marques Mendes, António Vitorino, João Cravinho, Ferreira do Amaral, Pina Moura, Ascenso Simões, Morais Sarmento e Pires de Lima, figuram na lista dos 117. Os motivos prendem-se sobretudo com razões profissionais ou políticas, contribuindo para isso, a assunção de funções em administrações de empresas privadas ou em autarquias locais. Eu ainda incrédulo, quando li que entre 2002 e 2005, entre renúncias e suspensões, os números atingiram o cardinal 166. Razão tem o professor André Freire, especialista em Ciência Política, que adopta um discurso associado a medidas, sem apelo nem agravo, preconizando a proibição de recandidatura na legislatura seguinte aos deputados que tenham renunciado ou suspendido funções. E daqui a pouco sou forçado a dar razão ao meu pai que se recusara a votar nas eleições dos últimos anos. Como é que é? Isto é uma república das bananas? Pela parte que me toca, se os nomes dos prevericadores não forem tornados públicos e se se mantiver a impunidade, seguirei o exemplo do meu progenitor. Podem esperar pelo meu voto, mas aconselho que o façam sentados.
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