30.1.08
Como é que é?
Cerca de metade dos deputados eleitos pelo povo português já deixou o cargo quando ainda falta um ano para terminar a legislatura, entre renúncias e suspensões? Renunciar é diferente de suspender. É diferente e o grau de gravidade afigura-se maior, na minha humilde opinião. E o campeão das renúncias é o partido da maioria, aquele que governa? E não há nenhum partido com assento parlamentar que seja a excepção exemplar? Quem é eleito não devia cumprir o mandato? Isto não constitui uma subversão da representação popular? Vamos aos mediáticos: Luís Filipe Menezes, Marques Mendes, António Vitorino, João Cravinho, Ferreira do Amaral, Pina Moura, Ascenso Simões, Morais Sarmento e Pires de Lima, figuram na lista dos 117. Os motivos prendem-se sobretudo com razões profissionais ou políticas, contribuindo para isso, a assunção de funções em administrações de empresas privadas ou em autarquias locais. Eu ainda incrédulo, quando li que entre 2002 e 2005, entre renúncias e suspensões, os números atingiram o cardinal 166. Razão tem o professor André Freire, especialista em Ciência Política, que adopta um discurso associado a medidas, sem apelo nem agravo, preconizando a proibição de recandidatura na legislatura seguinte aos deputados que tenham renunciado ou suspendido funções. E daqui a pouco sou forçado a dar razão ao meu pai que se recusara a votar nas eleições dos últimos anos. Como é que é? Isto é uma república das bananas? Pela parte que me toca, se os nomes dos prevericadores não forem tornados públicos e se se mantiver a impunidade, seguirei o exemplo do meu progenitor. Podem esperar pelo meu voto, mas aconselho que o façam sentados.
28.1.08
27.1.08
Beautiful...
Saudades do Rio de Janeiro... Do Leme ao Leblon, passando por Copacabana, prancha na água que as ondas se fizeram para serem enfrentadas, e de Ipanema ao entardecer, no bar eternizado pela “garota” de Vinícius. Da Barra da Tijuca, da Lagoa Rodrigo de Freitas, do Domingo em Botafogo antes do passeio no bondinho às vezes mal frequentado, outras bem. Do ar irrespirável do Canecão e do morro da Rocinha, onde o Rio despe a sua farpela glamorosa e ganha a sua dimensão de favela. A culpa é do Snoop Dogg.
22.1.08
Mãos à obra que se faz tarde.
Voltei às lides depois de quase um ano sabático. Estas lides nada têm a ver com corridas tauromáticas, eu que nem sou apreciador de tão popular e tradicional evento. Pelo caminho deixei uns quantos amigos invejosos, redescobri alguns prazeres da vida outrora esquecidos, descansei (sem ter deixado de fumar), pratiquei desporto, as águas do mar receberam-me, a mim e à minha prancha de bodyboard com alguma assiduidade, rejuvenesci, fui pai a tempo inteiro e dediquei o meu tempo a quem precisava dele e o apreciou e, acima de tudo, fiz as pazes com alguns fantasmas que ultimamente me andavam a rondar a porta. Chegámos até a beber uns copos juntos e a dar umas gargalhadas. Às vezes penso que os fantasmas também estavam a precisar que eu parasse para se descontrairem um pouco, pobres coitados... Nos últimos meses foram amigos, um deles, já com o lençol branco manchado de vinho tinto mas ainda sóbrio, chegou até a segredar-me “Mike, tu já estás com o bichinho a roer-te a alma, meu rapaz... acho que está na hora de voltares às lides”. E tinha razão. Voltei ao trabalho com vontade e paixão redobrada por esta profissão a que me dedico já lá vão vinte anos. Mãos à obra que se faz tarde, mas desta vez farei questão de olhar para trás e não apenas em frente, que há conquistas de que não abdicarei, seja por que razão for. E não vislumbro que razões possam vir a haver. Donos, só de empresas.
Será que terei prestado um bom serviço à Igreja?
A mãe é baptizada, fez as comunhões todas que há para fazer e creio que o crisma é algo que consta do seu currículo religioso. O pai é apenas baptizado, e aqui “apenas” tem o significado que cada um lhe queira dar, tendo-se ficado por aí por opção pessoal apesar da decisão ter sido tomada em tenra idade. Aquilo na catequese não correu bem, e tivera a sorte de ter uma mãe que respeitou a sua vontade. Adiante... Os percursos religiosos dos pais, apesar de diferentes, não consistiram entrave para uma decisão consensual relativamente à educação religiosa da menina, por se tratarem apenas de percursos diferentes e não de diferentes convicções. E foram ambos criteriosos no que diz respeito à decisão tomada, com manifesto desgosto dos avós: a menina nem baptizada é, e a sua educação religiosa poderá ser, no mínimo, considerada deficiente, para não dizer inexistente, aos olhos de algumas pessoas. Hoje, e a caminho dos dez anos de idade, decidiu, como os pais desejavam que o assunto fosse tratado, que queria ir para a catequese e preparar-se para o baptismo. E está convicta da sua vontade. Tenho dúvidas sobre as reais motivações que a levaram a tomar tal decisão, mas quaisquer que sejam as razões, neste caso considero-as válidas e só me resta respeitá-las (às razões e à decisão). Acredito, sem ter certezas, que a Igreja poderá estar em vias de ganhar uma crente tardia, apesar do seu percurso e educação religiosa adivinharem o contrário. Curiosa esta ironia da vida... eu a dar conta que, sem saber e fazendo tudo aparentemente ao contrário, poderei ter prestado um bom serviço à Igreja Católica.
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