28.11.10

Parabéns filha.



Há mais de um ano que foi para longe e há mais de um ano que não nos abraçamos. Ficámos os dois a saber o significado de antípodas, para além do que nos dizem os livros. Estamos mais longe, mas não estamos menos próximos. Hoje (lá onde ela está é quase amanhã), faz 26 anos. Hoje é o dia de aniversário da minha menina mais velha.
(Um dia destes voltarei aqui para vos falar da experiência dela).

23.11.10

Ainda sobre o dinheiro e a dignidade.

Comecemos por esta definição, antecipando parte da resposta ao comentário da Luísa e que, à falta de melhor evite apreciações subjectivas. É, com base nesta permissa, que elaboro as minhas respostas.

“Dignidade é a palavra que define uma linha de honestidade e acções correctas baseadas na justiça e nos direitos humanos, construída através dos anos e criando uma reputação favorável ao indivíduo. Respeitando todos os códigos de ética e cidadania e nunca transgredindo-os, ferindo a moral e os direitos de outras pessoas”.


Sobre a possibilidade de um comprar a outra, sou levado a concordar, infelizmente, com a Dreamer. E a dizer à Sum que continue a ser menina, esperando que possa e consiga continuar a sê-lo. Quanto ao benefício da dúvida, e como em tudo na vida, claro que só compra a dignidade de alguns. E é preciso que a tenham para poder ser comprada. Que tal assim, Sum? Rita Vasconcelos, se me permite vou discordar: compra ambos, silêncio e dignidade, entre outras coisas. Ah, GJ, o seu comentário daria pano para mangas, Colega. Concordo que não compre savoir-faire, gentileza ou sabedoria. Mas quanto a dignidade, minha cara GJ, estamos em desacordo. Atente na definição. Luísa, não pude deixar de me rir com o seu comentário sobre o monante. Que negociadora, me saiu a senhora!

Perante esta definição, da qual poderão discordar, nos tempos que correm e para quem o verbo e o acto de decidir são exercidos para além do campo teórico, continuo a achar que sim, que um compra a outra. Infelizmente!

22.11.10

Dinheiro compra dignidade?

Claro que compra!
(Infelizmente)

16.11.10

Acerca de comboios.

Também gosto de comboios, apesar de nunca ter chegado a estabelecer uma relação que possa ser apelidada de paixão. Fiquei a pensar, depois de um excelente texto da Luísa, o que nos poderá levar a relacionarmo-nos de uma forma para além da funcional, com alguns meios de transporte. Deve ser, porventura, por causa das sensações que cada meio de transporte nos transmite. E do que nós próprios somos. Os comboios, neste caso, creio serem os responsáveis por um conforto que vai para além do funcional, bem como uma sensação de segurança e de nos manter os pés bem assentes no chão. Ou as rodas nos carris, se bem me entendem. Resumindo, comboios significam conforto, segurança e uma sensação terrena. Tem a ver comigo, sem dúvida. Mas também me ajuda a explicar porque é que gosto mais de motas.

14.11.10

Poder, sexo e dinheiro.

Está a escapar-me alguma coisa ou são estas três, vamos chamar-lhes coisas, que regem na realidade as nossas vidas? Podemos sempre acrescentar “bem exercido” ao poder e “bom” e “muito” ao sexo e ao dinheiro. Respectivamente, claro. Também me lembrei de outras coisas, mas… vá, deixemo-nos de coisas.

O business e a vida.

Entre cenários de crise em que os gestores são postos à prova, num equilíbrio por vezes instável entre convicções, princípios e deveres; entre reuniões com interlocutores a quem os números tornam implacáveis personagens; entre viagens em que mesmo acompanhados, a solidão se mantém como fiel companhia; entre tudo isso, tive o privilégio de conhecer melhor o Otto. Já o conhecia mas mal me lembrava dele. Depois da última reunião e antes de apanhar o voo de regresso a Lisboa, fui até casa do Otto. Um lugar simples mas impressionante. Mas não foi esse lugar, ou mesmo a história da vida dele e da sua família, que me deixaram a pensar. Foi o que ouvi dele, pouco antes de me despedir do lugar, e já na rua enquanto acendia um cigarro e esperava que um táxi passasse e me levasse ao aeroporto. Dizia o Otto, de uma forma serena, que a maior parte dos pais não conhece os seus filhos. Ele, que privou com a filha durante anos, os últimos dos quais muito difíceis, e até que os campos de extermínio de Auschwitz e Bergen-Belsen fizessem, dramaticamente, parte das suas vidas, só soubera quem era a sua filha Anne depois de ler o diário que durante anos, e depois da sua morte, recusara sempre ler. “For me, it was a revelation. There, was revealed a completely different Anne to the child that I had lost. I had no idea of the depths of her thoughts and feelings.” O business levou-me, uma vez mais, a Amsterdão e foi o business que me levou até casa do desconhecido pai da menina eterna que escreveu um famoso diário. O business transportou-me, (ou devolveu-me?), desta vez e sem que ambos tivéssemos previsto, para a vida real. Tão cedo não esquecerei as palavras do Otto. Logo eu, que sou pai de quatro filhos.