6.10.13

Treinar o riso?


Passei os últimos tempos da minha vida de relance. E num relance, como foram os últimos tempos da minha vida. Poucas pessoas, muito poucas, me fazem sorrir ou rir. Penso, preocupado, que nunca precisei de ninguém que me fizesse sorrir. Só precisava de mim. “Tens que treinar, tens começar hoje”, diz-me com um sorriso quem me faz rir. Diz-me quem amo. Dei como adquirido o sorriso e o riso, mas a vida, por vezes, tem outros projectos para nós. Quiçá para nos pôr à prova. Deve ser isso, ela gosta de nos pôr à prova. Mas o riso treina-se? Pergunto, vacilante, aos meus dois neurónios. Claro, responde-me um deles sem hesitar, que o outro continuava de cara fechada. O sorriso e o riso são como os músculos do nosso corpo e o nosso cérebro: têm que ser exercitados. Vou dar início aos treinos, mas primeiro sozinho e isolado, não vá alguém achar que devia ser internado. Devia andar sempre com os livros do Calvin & Hobbes e era remédio santo. E podia sempre dizer que tinha dois personal trainers estrangeiros.  

1.10.13

Cidades


Há pessoas que, logo num primeiro contacto, mostram o que são: desorganizadas e desordenadas, iletradas, incultas, pobres e que emanam uma felicidade e uma descontracção que, inevitavelmente, consideramos irresponsável. Há outras pessoas que são diferentes. E que conseguem fazer com que levemos tempo até percebermos que afinal não são. Excepção feita à felicidade e descontracção. Emanam uma tristeza e um ar sério que, equivocadamente, consideramos responsável. Descobri que com as cidades também é assim. Talvez por serem habitadas por pessoas diferentes.