Tenho um Tintoretto em casa e não sabia. E nem sei como veio cá parar... espólio do passado, vou admitir... Está pousado no chão, a um canto e escondido da maior parte dos olhares, não porque não o ache belo, mas porque tem um tamanho que não se presta a ser colocado numa das paredes da sala, onde todos os amigos poderiam deliciar-se com a magia da “Adoração dos Magos” do grande pintor do século XVI. A minha filha mais velha, sensata e responsável, e deslumbrada com a descoberta, manifestou o desejo, quase me convencendo, de que uma obra de arte assim deveria ser doada a uma fundação ou a um museu. Ontem disse-lhe que sim, que era assim que devíamos agir e por várias e óbvias razões. Hoje disse-lhe que não. Vou vendê-lo e não me interessa a quem, sendo que a única permissa que entra na minha avaliação do potencial comprador é a sua conta bancária. Como o Tintoretto que foi descoberto num mosteiro beneditino português e que está lá há cerca de quarenta anos. É improvável que o mosteiro o queira vender mas podia, já que não há nenhuma restrição à saída da peça do território nacional. É que a obra não está classificada, nem inventariada. Havia de ser em Espanha, França ou Inglaterra... já não saía do país, nem que para isso tivessem que ser movidas montanhas. Tiveram (quem quer que seja, para não escrever o Estado) sorte com os monges, já comigo... não teriam, se eu descobrisse que tinha um Tintoretto cá em casa.
(Descoberta do Tintoretto é notícia num artigo do jornal Público de hoje)
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3 comentários:
;)
Vá... guarda-o para ti *
...don't know for sure, se o tivesse encontrado, confesso que já o teria vendido, que a minha relação com a pintura não é assim tão apaixonada... ;)
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