Era mais que improvável que as vidas desta e de uma outra senhora se cruzassem. Uma nasceu no final do século XIX e a outra nos loucos anos 20 do século passado. 43 anos de diferença e uns milhares de quilómetros, com um oceano pelo meio, entre Los Angeles e Paris. Nenhuma delas nasceu em berço de ouro, uma até com identidade paterna desconhecida, e cedo aprenderam que a vida não era um mar de rosas. Uma das senhoras casou bem e mais tarde conheceu o grande amor da sua vida, um milionário inglês que a ajudou a abrir a sua primeira loja de chapéus, o primeiro passo para uma carreira única no sofisticado mundo da moda. A outra senhora não parece ter casado assim tão bem mas tornou-se uma actriz célebre e num ícone da sensualidade feminina. Era improvável que a vida de Gabrielle Bonheur Chanel, ou Coco Chanel, a criadora do celebérrimo nº 5, se cruzasse com a de Norma Jean Baker, ou Marilyn Moroe, a estrela de Gentlemen Prefer Blondes, Niagara ou Bus Stop, essa mesmo que cantou o sensual "Feliz aniversário, senhor presidente", na sede do partido democrático, perante um JFK embevecido (pudera...) trajando, segundo Adlai Stevenson, um vestido de pele e pérolas, só que ele não tinha visto as pérolas (fácil de perceber...). O Chanel nº 5 foi lançado quando Norma Jean era ainda uma menina de 10 anos, mas foi ela, no seu jeito simples e desbocado que, anos mais tarde, o eternizou quando um dia um jornalista lhe perguntou o que vestia para dormir, esperando concerteza ouvir a resposta lasciva, nada, não visto nada. Mas não, com aquele, só dela, sorriso nos lábios, respondeu-lhe "apenas umas gostas de Chanel nº 5". Tivesse tido a criadora do perfume a ideia de contratar a diva Marilyn para uma campanha publicitária para promover o nº 5 e talvez o resultado não tivesse sido tão eficaz...
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