26.11.07
A culpa é da sociedade e dos governos. Nós, coitados, somos apenas um produto da sociedade que nos rodeia... será?
Este american gangster não é siciliano, nem napolitano, é um preto chamado Frank Lucas, nascido e criado no Harlem, o mesmo bairro que ele dominou durante quase uma década traficando heroína e cuja pele Denzel Washignton veste na perfeição, como só ele sabe. Ridley Scott não deixa margem para surpresas e ainda bem. A minha filha mais velha achou que viu um exclente filme, eu achei que vi um bom filme, um filme interessante e que valeu o dinheiro. Ainda por cima no Londres, onde se pode fumar indoor ao intervalo. Mas interessante também foi a conversa de regresso a casa, à volta do detective Richie Roberts (Russell Crowe). Nós somos um produto da sociedade que nos rodeia, somos aquilo que ela nos deixa ser... seremos? Só somos se quisermos, mostra-nos Richie Roberts que tendo encontrado uma pasta com 1 milhão de dólares (em 1968!) no porta-bagagens de um carro a entregou na polícia e, fiel aos seus princípios, aos seus valores, às suas convicções, se manteve incorruptível numa brigada de narcóticos nova-iorquina corrupta nos anos 60-70, enfrentou um divórcio, perdeu a custódia do filho, mas mudou o mundo que o rodeava, para além de ter conseguido pôr o tal Frank Lucas entre as grades – mais de metade dos detectives foram julgados e presos, outros suicidaram-se que o dinheiro sujo não paga, por vezes, o peso da consciência e da vergonha. E isto só tem de ficção aquilo que Ridley Scott quis que tivesse, porque a história é real. Um homem só não pode mudar o mundo que o rodeia? Pode, mas dá cá um trabalhão... e a sociedade tem costas largas.
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