A propósito do que escrevi há dias sobre a história da Marilyn Moroe Vs Chanel nº 5, fui indagado via email por alguém que, inadvertidamente, questionou a minha hipotética certeza sobre a eventual probabilidade da encomenda, se a tivesse havido, poder não ser tão eficaz como a frase espontânea da estrela de cinema. Creio ter sido um jovem publicitário, muito cioso do seu mettier. Hipotética, eventual e probabilidade são palavras que não adivinham certezas e levaram-me a considerar inadvertida a forma como a questão me foi colocada, o que tive o cuidado de lhe explicar. Idêntico cuidado tive, em não enveredar por um tom paternalista, já que seria fácil ceder à minha experiência publicitária e pouca vocação para lides docentes. A outra explicação, de teor mais técnico e sustentada na experiência é apenas reveladora de uma visão muito pessoal sobre a questão. Aqui fica o resumo, mesmo considerando-o de intresse reduzido para quem tem outros problemas, e concerteza mais importantes, com que se preocupar. Chanel = a marca de prestígio (naquela altura e ainda hoje). Nº 5 = a produto sofisticado de uma marca de prestígio (hoje e ainda mais naquela altura). Marilyn Moroe = a marca com imagem antagónica a prestígio e sofisticação. O uso de figuras públicas na publicidade prevê a identificação da figura pública com a imagem da marca e com a do produto (atente-se à actual celebridade utilizada publicitariamente - Nicole Kidman). Não seria o caso da diva, por isso, mandam as regras que não se avancesse para essa solução e a Coco Chanel devia sabê-lo. Mas Marilyn Moroe = a sensualidade, desejo, volúpia e até, porque não admitir, o lado terreno e carnal da coisa. E isso, meu caro jovem, ainda hoje não “cola” com a sofisticação do Chanel nº 5. Mas em segredo, aquele segredo vivido por, arrisco-me a dizer, quase todas as mulheres saudáveis, e muitas vezes não publicamente admitido (muito menos na época) elas gostariam de reclamar para si toda a carga de lascívia que a Marilyn representava. E não sou eu que digo, os factos provaram-no, ou melhor, elas, as consumidoras provaram-no. Muitas das senhoras sofisticadas mostraram-nos, se acaso for preciso, que sensualidade, desejo, volúpia, cama e sexo, são fenómenos comuns a todas as mulheres, mesmo que secretamente, ou especiamente secretamente. Por isso continuo a acreditar que se tivesse sido encomendado, provavelmente não teria sido tão eficaz. E já agora, um obrigado teria sido, não eventualmente, mas de certeza, bem-vindo.
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4 comentários:
é no que dá misturar hipóteses com certezas e eventualidades com probabilidades .. (risos)
:)
agora a sério Mr. Mike .. um só pequeno reparo a esta troca de galhardetes à qual sou alheia:
sensualidade, desejo, volúpia, cama e sexo não são "fenómenos" comuns a todas as mulheres.
São factos e desejos de qualquer ser humano.
Bem sei Once, concordo consigo. Só que o caso estava mais voltado para as mulheres, porque o produto em causa lhes é destinado e porque a autora da célebre frase é uma senhora ;)
vixi
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