Em África a sombra é um bem precioso. Ah, bem sei, aqui também, ou em qualquer outro local onde e quando o sol se faz sentir com mais intensidade. Acreditem que lá, intensidade era coisa que não faltava ao sol, por isso esse bem tinha mais valor. Tinha, por vezes, o valor de vidas e não porque alguém, mais incauto, não se precavera fazendo uso do chapéu amigo ou da sombrinha companheira. Na tropa, contaram-me os veteranos de guerra, que a sombra matava... onde é que o senhor tenente acha que eles colocavam as minas anti-pessoais? debaixo dos imbondeiros (uma árvore enorme, solitária e rude que há quem diga serem precisos dez homens de mãos dadas para a tornear), que era para onde nós corríamos depois de quilómetros a pé e ao sol. Felizmente não conheci essas sombras malditas. Só conheci e só me lembro das sombras amigas, das protectoras. Das sombras que a natureza africana era pródiga em surpreender-nos, em dar-se a nós sem limites, nos locais mais inesperados. Como essa aí ao lado, onde a casourina, ali num lugar inimaginável, parece dizer-nos anda, podes vir aqui para ao pé do mar que a minha sombra te protege. Até dá para imaginar a mãe a dizer ao filho, vai para a beira-mar meu filho, vai para a sombra. Nunca disse isso a um dos meus. E nunca mais vi uma sombra assim.
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4 comentários:
Eu imaginava mesmo a sair da sombra, dar um mergulho nessa àgua temperada e depois ficar a ler um bom livro debaixo dessa sombra.
Ai que saudades da praia !!
Beijinho
:)
fantástica a fotografia Mr. Mike ..
Grato Once... quem a tirou foi o meu irmão há uns meses quando teve o privilégio de voltar às origens... ;)
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