25.10.07

Sou um péssimo cidadão. Sou um hipócrita. E o pior é que, se calhar, não sou único.

Hoje amanheci de consciência pesada. Mas já me passou, não que a sinta mais leve, apenas porque passei o peso para trás das costas, que é como quem diz, não penses mais nisso, o que não abona nada em meu favor. O peso da minha consciência matinal tem um nome: ambiente, ou fenómeno ecologia, como lhe queiremos chamar. Um assunto para o qual as pessoas minimamente informadas prestam parte da sua atenção, manifestando legítimas preocupações e, a par da informação e da teoria, procuram ou deviam procurar seguir as boas prácticas. A culpa do peso é da Visão e da sua “edição verde” de hoje... e minha, claro, que a revista mais não fez que avivá-la. No que diz respeito a este assunto sou um péssimo cidadão. Pior, bem pior que os não informados, exactamente por não informados serem. Senão vejamos: o meu carro é a gasolina e de uma cilindrada nefasta para o ambiente; separo o lixo mas há dias em que nem sempre o faço, quando não estou para aí virado ou a pressa desviou a minha atenção para outras paragens; se construísse uma casa na praia ou no campo, uma das minhas últimas prioridades eram os amigos painéis solares; fumo desalmadamente e, asseguro-vos, depois de fumados, deito cigarros na rua... e por aí adiante. E não há desculpa, senão vejamos (dois): os carros híbridos, que já foram espécimes raros, complicados e caros, já não o são. Um Honda Civic híbrido custa 23.500 €, quase menos 2.000 € que um 1.8 a gasolina da mesma marca e modelo. Mas eu preferi o meu 6 cilindros a gasolina. Tenho em casa aquele caixote para separar o lixo mas na verdade, preocupação mesmo a sério é com o bem estar e futuro dos meus filhos, cumprimento dos horários escolares, idas ao pediatra, etc... irónico não? Em relação à casa de campo ou de praia, as prioridades seriam o conforto, o número de quartos, a orientação solar e, esticando o orçamento, a piscina no jardim. Energia?... o bom e velho esquentador ou caldeiras eléctricas. Os cigarros... não tenho vícios, posso ter um?... e faço o quê aos cigarros fumados? ando de cinzeiro portátil no bolso?... e por aí adiante. Pois é, o ambiente está dependente de estratégias e políticas ambientais... pois está. Mas diz respeito a cada um de nós, que nos dizemos sensíveis ao assunto, preocupados e minimamente informados. Assumindo que não sou o único a agir assim, o futuro não se apresenta muito risonho para o dito ambiente. Sou um hipócrita, é o que eu sou... ou será que devia empregar o termo na primeira pessoa do plural?

2 comentários:

CPrice disse...

boa questão mike .. desejo-lhe um fim de semana sereno para poder aprofundá-la e quiça .. resolvê-la .. :)

Mike disse...

Retribuo os desejos de um óptimo fim-de-semana, que conto aproveitar muito bem aproveitado, mas não me parece que vá aprofundar o assunto ou resolvê-lo. :)

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