12.10.07
África (XIII). A aventura inesquecível dos big five.
Alvorada às cinco e meia da manhã, já com o céu iluminado por um sol prestes a dar sinal de vida ao fundo dum horizonte a perder de vista na savana africana, em pleno coração do território Masai. Tempo para um pequeno-almoço furgal e rápido, que o verdadeiro breakfast viria depois, por volta das nove horas. Um Houstous irrepreensível e sorridente esperava-me junto de uma Bedford mal humorada e resingona que não manifestava a mínima vontade de se fazer ao mato, numa manhã em que os objectivos eram ambiciosos. Houstous tinha cismado que não partiríamos de Masai Mara sem me proporcionar o troféu tão desejado que são os big five. Outrora, um caçador que prezasse a sua reputação teria que expor os big five como troféu supremo, nos dias de hoje, o troféu é simbólicamente registado pela máquina fotográfica... e ainda bem que é assim. O troféu é simbólico mas a viagem não se reveste de menor adrenalina que outrora. O meu estimado guia alertou-me para o facto de ser raro conseguir os big five na mesma manhã, principalmente porque os rinocerontes habitam lugares difíceis para automóveis, quanto mais para a preguiçosa Bedford, e os leopardos são animais de uma timidez extrema, ou não fossem eles os príncipes das trevas no reino animal, sempre a coberto de uma vegetação inexpugnável. A teimosia de Houstous foi compensada, para minha felicidade, e nessa manhã, antes de voltar ao lodge, tive o privilégio de ter visto os elefantes, os guardiões da savana, junto ao rio, uma família enorme com os adultos numa atitude protectora em relação às crias, os traiçoeiros búfalos a pastarem serenos mas sempre alerta, leões, a fazerem jus ao título de reis da selva, ainda sonolentos, um rinoceronte solitário (um espécime absolutamente majestoso, com um porte invejável), e um casal de leopardos que, segundo o meu guia, se preparavam para acasalar e, concerteza contrariados pela falta de oportunidade dos humanos que lhes haviam estragado o arranjinho, tornaram-se invisíveis em menos de quinze segundos... o tempo suficiente para a máquina fotográfica registar o momento, alcançando o objectivo dos big five. De volta ao lodge, um guia sorridente e orgulhoso da sua competência e um viajante feliz por ter realizado uma vontade sonhada, desejando que o odor da terra africana se perpertuasse, o pó da savana se acumulasse nas pestanas e o sol, já radioso e impiedoso lhe queimasse a pele, de quem havia vivido uma aventura inesquecível.
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1 comentário:
..e pensar que "tudo" começou com um simples desafio de alguém que tendo uma verdadeira paixão por África, nunca a visitou .. (ainda).
Obrigada por estes momentos Mr. Mike e .. continue :)
dia bom por aí
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