19.7.07

Porquê pai?

Dei conta que estava a falar comigo, sentado no banco de trás do carro, porque a frase começou com pai, seguindo-se algumas palavras ininteligíveis, a última acabava em “ar”. Mantive-me calado mas atento. De novo, pai, qualquer coisa “ar”. Tira a chucha meu filho senão não te entendo. Tirou e recomeçou a frase. Elas, elas, elas... Espreitei pelo espelho retrovisor e reparei que tinha o olhar fixo no céu. Elas, elas... à procura da palavra certa que, momentaneamente, se tinha evaporado. As nuvens estão a andar, disse ele com um sorriso mais radioso que o dia. E não é que estavam mesmo? Porquê pai? Estão a ser empurradas pelo vento. Porquê pai? Porque são amigos e gostam de brincar os dois. Como eu e a Matilde e o Quico? Sim, como vocês. E porque é que os amigos gostam de brincar? Esta conversa só vai acabar na escola. E assim foi. Começou tão bem o meu dia, nesse dia...

Arquivo do blog