19.9.07
“Ao deixar que os mercados controlem os nossos destinos, perdemos de vista o que significa ser suficientemente rico”. (Howard Gardner)
Volto com a Foreign Policy agora partilhando um artigo de fundo, mais denso que o de Cuba de Fidel e que aborda um tema pertinente através das opiniões de pensadores reputados e credíveis: 21 Soluções para salvar o Mundo. Nesse artigo são colocados 21 problemas para os quais são apresentadas 21 soluções. Problemas relevantes que vão desde a convivência com regimes ditatoriais até à malária, passando pela pobreza, SIDA, segurança na internet, guerra contra o terror, desigualdade, etc. Escolhi a desigualdade onde Howard Gardner, professor de Conhecimento e Educação na Harvard Graduate School of Education aponta o dedo à situação dos “escandalosamente ricos” e expõe a solução por ele preconizada. Porquê? Porque me considero um liberal, por ser um defensor da liberdade dos mercados e porque o artigo teve o condão de me ter posto a pensar sobre estas minhas crenças. “Ao deixar que os mercados controlem os nossos destinos, perdemos de vista o que significa ser suficientemente rico”. É assim, com esta visão, que Howard Gardner abre as hostilidades àcerca do problema da desigualdade, desenvolvendo o tema com a propriedade de um estudioso, acrescentando que a acumulação e transmissão de riqueza entre gerações nos Estados Unidos já foi longe demais. Exemplos dá vários, mas retive aquele em que ele menciona a realidade de um jovem director dum hedge-fund conseguir levar para casa uma soma próxima do PIB de um pequeno país, acrescentando que quando isso acontece alguma coisa está errada. E está, de facto. Ou de um empreendedor que subiu a pulso (como eu aprecio) poder acumular uma fortuna que lhe permita, na realidade, comprar esse país. Por fim o catedrático aponta duas soluções pragmáticas (se bem que os números estejam longe da realidade que se vive por cá). Primeiro, nenhuma pessoa singular devia ser autorizada a levar para casa anualmente mais de 100 vezes o dinheiro que um trabalhador médio leva no mesmo espaço de tempo. Os números são estes: 40.000 dólares Vs 4 milhões de dólares. O rendimento que excedesse esse valor seria devolvido ao estado, revertendo para instituições de carácter social. Em segundo lugar, nenhum indivíduo devia ser autorizado a acumular um património 50 vezes superior ao rendimento anual autorizado, o que equivale a dizer que ninguém poderia transmitir aos seus herdeiros mais de 200 milhões de dólares, sendo que o excedente seguiria o caminho já apontado. Howard Gardner relembra àqueles que gritam “nem pensar” a tais limitações de riqueza pessoal, que há 50 anos atrás, apenas 50, tais propostas teriam parecido razoáveis e até generosas e acredita que seriam aceites rapidamente, com as pessoas a interrogarem-se porque não estavam já em vigor. Como ele e enquanto tecido social, acredito que nenhum indivíduo ou família deveria ter o direito de acumular riqueza sem limites. É que parte desses milhões, ou biliões poderiam ser aproveitados para, por exemplo, começar a resolver problemas e, quiçà, a salvar o mundo. Acho que voltarei aqui, com a Foreign Policy e mais alguns dos 21 problemas e respectivas soluções.
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3 comentários:
gostei de ler a análise Mr. Mike .. principalmente reconhecendo-lhe a confissão de "liberal" ..
Aguardo os próximos 20 pontos ;)
Dia bom *
Não sei se chegarei aos próximos 20 pontos... logo se vê. ;)
Dia bom para si também.
Acredito piamente que devemos "fazer mais" para resolver os problemas que ocorrem em nosso mundo, devemos nos "doar mais", devemos nos "preocupar e planejar mais", em suma, devemos com certeza ser mais altruístas (ter disposição a se dedicar mais ao semelhante), porém esse sentimento pode até ser subsidiado por alguma ação, mas jamais imposto com regras ou leis, pois, nesse caso, estaria fugindo de seu sentido, visto que, como especificado pelo seu próprio criador é a "disposição" que o eleva ou diminui. Acredito em todas as palavra daquele que foi o mais altruísta de todos os homens, e ele afirma que quem mais doou em um instante foi uma viúva que entregou apenas algumas moedas, porém era tudo que ela tinha, e com certeza ela só fez isso porque sentiu que deveria fazer, não porque lhe foi imposto aquele ato.
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