11.9.07

África (X). Às vezes o mar não estava pelos ajustes... havia que enfrentá-lo, sem medos.

Meninos armados em homens, que dos fracos não reza a história. Os rapazes mais cobardolas (conscientes) ficavam-se pelo olhar em terra firme, os mais temerários (inconscientes) avançavam, com um sorriso desafiador e postura de herói, para o mar revolto com as ondas a bater nas rochas ponteagudas do esporão. E não era água mole em pedra dura, era água rija com os salpicos severos e a espuma agreste a voar a muitos metros de distância. Coisa de machos (inconscientes), calções de banho vestidos com cinturão de chumbo à cintura, troncos nus, máscaras de mergulho nas caras (quem precisava de barbatanas e respirador?), um arpão já gasto pela ferrugem numa mão e a outra livre com uma luva calçada, de preferência com marcas de pescarias sub-marinas... quem conseguisse provar que eram mordeduras de moreias avessas a visitas inesperadas aos seus covis, era o mais respeitado. Três ou quatro corajosos (sempre que as palavras corajosos, temerários, intrépidos, etc, aparecerem aqui escritas, deve ler-se inconscientes) aventuravam-se a entrar no mar e os outros, os mais sensatos e os mais novos ficavam no esporão com as redes de recolha da pesca. A aventura começava logo na entrada para o mar, que não dava para mergulhar, sabia-se lá que rochas ele escondia e não fossem despedaçar-se contra uma delas... intrépidos mas não tanto, por isso havia que entrar na água com calma, o que fazia com que incorressem noutros perigos, como por exemplo, serem atirados de volta ao esporão por uma onda que, adivinhando os intentos da rapaziada, revelava uma amizade ancestral pelos pobres lagostins. Como é que é? vamos lá para dentro ou hoje ficas cá fora com a rede na mão? Este era o sinal, a trombeta que soava nos ouvidos e para a qual havia apenas uma resposta: vamos e é já! Duas horas passadas, que as águas tropicais são quentes mas o corpo pede a sua temperatura original depois de algum tempo no mar, e era vê-los, orgulhosos a sair da praia, atravessando a avenida de regresso a casa, já o sol ia alto, com os lagostins pescados (eles diziam caçados... coisa de meninos armados em homens) e que iam oferecendo à vizinhança até chegarem a casa, não fossem os pais saber que eles se tinham aventurado pelo mar dentro nesses dias em que ele não estava pelos ajustes... mar encapelado como se diz por cá.

3 comentários:

CPrice disse...

meninos armados em homens .. crescendo com a sensação que o são ..

(eu .. dando graças a que a princesa lá de casa não seja tão .. inconsciente? .. risos)

Parabéns!

Mike disse...

Com as meninas é diferente, mesmo com as maria-rapazes... fique tranquila. E as meninas (mulheres) não são inconscientes, os rapazes (homens) sim... (risos). ;)

Obrigado.

CPrice disse...

.. eu suspirando de alivio .. ;) grata Mike .. (risos)

Voltando à parte séria da questão: obrigada eu leitora por estes pedaços preciosos *

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