Não esperava que te abandonasses, que tivesses decidido partir. Já te tinha dito isso, mas não vamos voltar a discutir. Acompanhei-te até ao último suspiro e foi a mim que dirigiste as tuas últimas palavras acompanhadas de um abanar de cabeça reprovando a minha saída breve da tua cabeceira para ir comprar cigarros. Diziam-me que talvez me ouvisses depois de teres fechado os olhos, entregue a um repouso que te apaziguava a dor. Fiz como combinámos. A vida não pára para quem não quer que ela pare. Como a minha e como a tua, até teres decidido o contrário. Li-te o jornal diariamente e comentei-o entre risadas, parecendo ver-te sorrir, por querer ver-te sorrir nesse teu repouso antes que o caminho da eternidade resolvesses trilhar. É bom continuarmos a conversar de vez em quando. Como fizemos este fim-de-semana que passou, no sábado, o dia do teu aniversário. Acho que gostaste da prenda que te ofereci. Sei que gostaste, o que me segredaste ao ouvido sempre foi genuíno. As pessoas que nos são queridas não partem, apenas deixamos de as ver, não é, pai?
22.10.08
Feliz aniversário, companheiro.
Não esperava que te abandonasses, que tivesses decidido partir. Já te tinha dito isso, mas não vamos voltar a discutir. Acompanhei-te até ao último suspiro e foi a mim que dirigiste as tuas últimas palavras acompanhadas de um abanar de cabeça reprovando a minha saída breve da tua cabeceira para ir comprar cigarros. Diziam-me que talvez me ouvisses depois de teres fechado os olhos, entregue a um repouso que te apaziguava a dor. Fiz como combinámos. A vida não pára para quem não quer que ela pare. Como a minha e como a tua, até teres decidido o contrário. Li-te o jornal diariamente e comentei-o entre risadas, parecendo ver-te sorrir, por querer ver-te sorrir nesse teu repouso antes que o caminho da eternidade resolvesses trilhar. É bom continuarmos a conversar de vez em quando. Como fizemos este fim-de-semana que passou, no sábado, o dia do teu aniversário. Acho que gostaste da prenda que te ofereci. Sei que gostaste, o que me segredaste ao ouvido sempre foi genuíno. As pessoas que nos são queridas não partem, apenas deixamos de as ver, não é, pai?
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14 comentários:
:-(
sem palavras!...
Um beijo.
Espero que neste aniversário a prenda tenha sido NÃO leres o jornal. Há pessoas, e creio que é o caso, que merecem ser poupadas.
Abraço, Meu Amigo.
Júlia, ponha lá um sorriso no rosto que o pai Mike não gostava de tristezas. :-)
Outro para si, Fugidia. :-)
A prenda foi outra José. E poupei-o, claro. Não houve leituras de jornal em dia de aniversário.
Abraço, caro Amigo.
:-))
Só agora reparei... deu anónimo, caramba. (risos)
Assim está melhor, menina Júlia.
:-)
É, Mike, é isso mesmo que sinto: as pessoas que nos são queridas não partem, apenas deixamos de as ver. Também falo muito com o meu Pai. Talvez até mais agora do que dantes. Um beijinho. :-)
Outro para si, Luísa. :-)
"...gostaria de lhe dizer que apreciei a imagem das jóias (e não apenas pela Angelina). Fez-me lembrar o meu pai que costumava dizer que restaurantes e jóias as senhoras apenas escolhem... ;)
17 de Março de 2008 23:15"
Mike,achei que esta era a melhor forma de lhe dar um abraço.
Aqui fica mais um beijo, Mike.
E olhe, tenho a certeza de que ele gostou da prenda... não foi escolhida com amor? ;-)
Grande Jóia, que "rasteira" essa que a senhora me pregou... ;-)
E não é que o pai Mike me costumava dizer isso mesmo? Eu bem lhe explicava que os tempos eram outros, mas ele convenceu-me que há coisas que não devem mudar.
Um abraço.
Outro para si, Ana. Foi escolhida com amor, sim. :-)
Um beijo, Mike. A falta que eles nos fazem.
Mas continuam a olhar por nós, Leonor. Outro para si. :-)
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